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Economia
09/11/2020 19:00:00

Alta do dólar anima produtores de soja e aumenta o faturamento


Alta do dólar anima produtores de soja e aumenta o faturamento

O Centro-Oeste é a principal região produtora de soja do país, e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê um incremento de 4,5% da área de cultivo, em relação ao ano passado, o que deve ultrapassar os 17,3 milhões de hectares. No DF, a cultura ocupou, na safra anterior, uma área de 74,5 mil hectares (ha) e deve chegar aos 78,3 mil ha neste ano. Na colheita de 2019, o saldo foi de 290,6 mil toneladas, o que deve se manter para a safra 2020/2021. Um estímulo é o aumento do valor do dólar, que interfere no preço final do produto.

O engenheiro agrônomo e responsável técnico da Cooperativa Agropecuária do Distrito Federal (Coopa DF), Cláudio Malinsk, explica que, atualmente, o agricultor consegue vender o saco de soja (60kg) por até R$ 130, graças à alta da moeda americana. “Em maio, o contrato era fechado a R$ 83,50 (por saco), mas, hoje, já subiu. Isso porque o dólar está em patamares de até R$ 5,60.” De acordo com ele, ao contrário do que aconteceu nos demais setores da economia, a pandemia provocada pelo novo coronavírus não impactou na agricultura, e a soja desponta como carro-chefe no DF. “No agronegócio, é, hoje, a cultura mais importante, 100% mecanizável, e que não necessita de adubo nitrogenado. Caiu no gosto pela facilidade do cultivo, e por ser um mercado que sempre tem compradores.”


Secretário-executivo da Secretaria de Agricultura do (Seagri), Luciano Mendes frisa que, pela proporção da messe por área cultivada de soja, o DF é recordista nacional de produção. “Na nossa última safra, tivemos 3,7 mil kg por hectare. Isso acontece porque a gente percebe muita tecnologia envolvida no processo, além de cooperativas e órgãos dispostos a prestar assessoria de qualidade”, afirma.


Dono de uma propriedade no PAD-DF, José Guilherme Brenner, presidente da Coopa-DF, colheu 70 sacos de soja/ha em 2019 e espera repetir a produção. Cerca de 40% da cultura dele é destinada a empresas sementeiras. “Existe essa indústria no DF que é vendida para o Brasil inteiro. Nossas características de altitude e clima favorecem a produção. Não é todo lugar que dá para fazer”, afirma. “Neste ano, a chuva chegou com tudo, e isso é um aspecto positivo para um clima muito bom.”

Variação pequena

Com a chegada das chuvas, a agricultura do Distrito Federal inicia um novo ciclo. É o momento de plantar as próximas safras. Em novembro, os produtores rurais dão início aos cultivos de soja e milho verde, que devem ser colhidos entre janeiro e fevereiro. Enquanto isso, eles comemoram a boa messe — feita em julho e agosto —, especialmente feijão (34,8 mil t), sorgo (47,7 mil t), trigo (11 mil t), e milho (484,9 mil t). O primeiro balanço da Conab de 2020 mostra que, no DF, a colheita total de grãos foi de 870,6 mil toneladas, em uma área de 166,2 mil hectares. O número está acima do que havia sido previsto em agosto, 859 mil toneladas.

Ainda assim, é 0,3% menor que em relação ao mesmo período do ano passado, quando os produtores colheram 872,8 mil toneladas, em uma área de 164,4 mil hectares. Luciano Mendes, da Seagri, avalia que a variação é insignificante e ressalta que não houve abertura de novas áreas para agricultura. “O que acontece de um ano para o outro é que produtores que criam animais, às vezes, reduzem esse espaço para destiná-lo ao plantio de grãos. O DF não tem alteração das áreas para culturas”, explica.

Tecnologia e maquinário são ferramentas para otimização da produção
Tecnologia e maquinário são ferramentas para otimização da produção(foto: Carlos Vieira/CB/D.A. Press)

 Para aprimorar a produção agrícola e reduzir custos, principalmente de transporte, o Governo do Distrito Federal (GDF) quer lançar até o início de 2021, o edital que vai tornar as regiões rurais do PAD-DF e Rio Preto, ambas em Planaltina, polos agroindustriais. Juntos, os polos terão uma área de aproximadamente 300 ha, destinados a atrair empresas do agronegócio para investir na região. “Caso venha para cá, por exemplo, uma esmagadora de soja, o produto terá de se deslocar menos, então pagará menos frete. Os impostos também ficariam aqui. Depois de esmagar o grão, sobra o farelo, que pode ser usado como ração animal, incentivando, também, a bovinocultura”, resume Luciano.

Otimistas

Cerca de 200 agricultores se dedicam ao cultivo de grãos em larga escala no DF. Um deles é Leonardo Boareto, 40 anos, que afirma ter conseguido colher a quantidade prevista de feijão. “Foi tudo dentro do planejado: 55 sacos/ha. Agora, vamos plantar soja e estamos com boas expectativas. As chuvas, na nossa região, anteciparam um pouco e, por enquanto, está no início, em desenvolvimento regular”, avalia.


De acordo com ele, é cedo para fazer previsões, mas Leonardo espera colher 80 sacos/ha, se o clima ajudar. “Está chovendo bem, até mais do que era previsto para essa época do ano. Outubro choveu bastante, o que não ocorre normalmente. Em novembro, é um mês naturalmente chuvoso, e começa a regularizar a estação de precipitações”, acrescenta. Produtor há 30 anos no DF, ele afirma que a região é favorável para a agricultura.


Felipe Wagner, dono de uma propriedade no PAD-DF, também está investindo na soja. Neste ano, ele plantou cerca de 200 hectares e espera uma colheita melhor do que a anterior. Ele também cultiva sorgo e milho, mas acabou tendo grande perda nessas lavouras em função do excesso de chuvas. “Algumas áreas ficaram completamente encharcadas, e algumas ‘brejaram’ tanto que qualquer máquina que se aproximasse, atolava. Nisso, perdemos 110 ha. Muito da soja, nós perdemos ainda no pé”, lembra. “Como não parou de chover, a gente não conseguiu colher e uma parte apodreceu na planta mesmo”, lamenta Felipe.

Com isso, ele calcula prejuízo de 12 mil sacos, mas está otimista para as próximas lavouras. “Nesta safra, demos início a uma correção do solo e conseguimos fazer o plantio mais cedo. Assim, colhe-se antes, e a gente consegue adiantar a safrinha”, detalha. Se tudo der certo, ele espera iniciar a colheita da soja no final de janeiro. “Não adianta querer ter 100% de certeza do que vai colher, porque vai depender muito do que acontece com o clima”, considera.

Correio Braziliense



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