23/04/2024 09:57:55

Especial
02/11/2020 08:00:00

Dia de Finados na pandemia: por que mesmo no isolamento é importante homenagear quem se foi

Uma data no mínimo sensível a cada ano trará nesta segunda-feira (2/11) novos desafios após um 2020 marcado pela pandemia de coronavírus.


Dia de Finados na pandemia: por que mesmo no isolamento é importante homenagear quem se foi

O Dia de Finados, de origem católica, deverá ser celebrado com restrições sanitárias por conta da nova doença — diferentes Estados e municípios definiram suas regras. O governo de São Paulo por exemplo, Estado mais populoso do Brasil, anunciou na semana anterior à data que os cemitérios poderão abrir, desde que autorizados também por cada prefeitura. As visitas devem ser feitas de máscara, com acesso a álcool gel e distanciamento social.

A nova doença também tirou a vida de mais de 155 mil pessoas no Brasil, muitas delas com despedidas interrompidas pelas restrições impostas pela pandemia, como no acesso de familiares a Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e em velórios com caixões lacrados.

"Estima-se que para cada pessoa que morreu, há de 4 a 10 pessoas enlutadas. Considerando que o Brasil já teve aproximadamente 160 mil mortes por covid-19, há um número muito grande de pessoas para quem será muito desafiador passar por esse Dia de Finados", aponta Tom Almeida, fundador do movimento inFinito, que trata de assuntos sobra a vida e a morte, organizando eventos e um festival anual.

"Estas pessoas enlutadas não puderam ter os rituais de despedida (por restrições da pandemia) normalmente — participando do enterro com toda a família, vendo o corpo. O processo de luto foi interrompido."

"Rituais assim são importantes porque trazem a concretude da morte. Por mais dificuldade que um evento assim traga, é importante para o processo do luto. E nestes espaços, você está (em condições normais) ao lado de pessoas amadas e onde você pode liberar seus sentimentos", explica.

"Por isso, a possibilidade de ida a cemitérios neste Dia de Finados vai ser bastante importante para muitas pessoas."

 28%, mórbido, Almeida diz ter a impressão de que, pouco a pouco, as pessoas estão se abrindo mais para falar sobre o assunto.

E a pandemia de coronavírus parece, em alguns casos, ter empurrado essa conversa.

"Percebi que existe uma urgência de se falar sobre o viver e o morrer. E não existe barreira para isso acontecer — mesmo com barreiras virtuais, as pessoas estão abertas a falar, desde que tenham um espaço de confiança e se sintam acolhidas."

BBC News Brasil



Enquete
Na Eleição de outubro, você votaria nos candidatos da situação ou da oposição?
Total de votos: 39
Notícias Agora
Google News