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Mundo
31/10/2020 00:00:00

“A máquina da morte deve ser parada no Chile”, diz jornalista sobre nova constituição


“A máquina da morte deve ser parada no Chile”, diz jornalista sobre nova constituição

A cada cinco chilenos que votaram no plebiscito do dia 25 de outubro, cerca de quatro escolheram sim para uma nova constituição. Com esse resultado expressivo, exatamente um ano após o início dos protestos de 2019, as principais demandas dos manifestantes estão sobre a mesa.

O país tem agora a possibilidade de transformar seu sistema de saúde, as aposentadorias, a privatização da água, os direitos de mulheres e indígenas, dentre tantas outras reivindicações que explodiram nas ruas do país. Está em pauta até mesmo a existência dos carabineros, a polícia militar chilena, denunciada pela repressão violenta aos mesmos protestos que tornaram possível a nova constituição.

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“Estamos iniciando uma fase inédita e revolucionária. Um caminho com o qual nunca sonhamos”, afirma a jornalista e escritora Mónica González, em entrevista para a Agência Pública. Ela, que é uma das fundadoras do Ciper — veículo de jornalismo investigativo chileno criado em 2007 — é responsável por uma série de investigações sobre violações de direitos humanos e corrupção no governo de Pinochet, e chegou a ser presa e exilada durante a ditadura. González recebeu o prêmio nacional de jornalismo chileno, em 2019, o mais famoso do país, e o Maria Moors Cabot, em 2002, da Universidade de Columbia, nos EUA, dentre vários outros.

Nesta entrevista, a Pública questiona González sobre as origens do plebiscito, o motivo dos protestos terem se tornado tão massivos e se há semelhanças com as manifestações de junho de 2013 no Brasil. A jornalista também fala sobre as campanhas contra a nova constituição, se há risco que apoiadores da ditadura alcancem o oposto do que os manifestantes reivindicaram e como a pandemia da Covid-19 afeta todo o processo.

“Não sabemos como e quando vamos sair disso. Isso me dá uma mistura de esperança e um pouco de temor. O que temos é de abrir as asas, deixa-las voar”, pondera.

No Brasil, o resultado do plebiscito chileno foi tratado como uma vitória dos protestos de 2019. De fato, uma nova Constituição era uma demanda dos manifestantes? Como surgiu essa proposta e o que ela representa para a democracia chilena?

A origem deste plebiscito foi, evidentemente, a explosão social que se iniciou em 18 de outubro de 2019, a partir dos protestos dos estudantes secundaristas, e levou às maiores manifestações que tivemos no país desde o retorno da democracia, em 1990. Sem elas não teríamos o plebiscito. Obviamente, ele não estava no programa de governo do presidente Sebastián Piñera, mas tampouco estava nos planos da oposição.

O plebiscito foi o resultado de um acordo feito em 15 de novembro de 2019, quando as manifestações estavam em seu ponto mais turbulento. Manifestantes e partidos políticos encontraram no acordo para o futuro plebiscito uma forma de baixar a tensão que escalava descontroladamente, deixando uma trilha de mortos, feridos, torturados, uma violência que estava provocando uma crise política inédita. 

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Sim, já havia uma crise política no Chile, assim como em outros países da América Latina, mas as manifestações foram uma válvula de escape. Agora, temos um caminho institucional com o qual nunca sonhamos. Eu não imaginei que iríamos obtê-lo, e me surpreende a expressividade: quase 80% de votos a favor da nova Constituição para apenas 20% contrários, é muito expressivo.

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O voto de “sim” para a nova Constituição foi generalizado em todo o país?

Agência Pública



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