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Geral
20/10/2020 15:00:00

Terapia online diminui distâncias, quebra tabus mas não substitui consulta presencial

Pacientes e psicólogos relatam vantagens e deficiências desse tipo de atendimento, que cresceu expressivamente nos últimos meses devido à pandemia do coronavírus.


Terapia online diminui distâncias, quebra tabus mas não substitui consulta presencial

Em 2020 tudo mudou com o novo coronavírus. O isolamento social que começou em março no Brasil segue até agora para muita gente, em maior ou menor grau. Tivemos de adaptar as rotinas de trabalho, estudo e convivência com família e amigos.

Ao mesmo tempo, fomos obrigados a repensar nossa relação com a nossa saúde. Não é incomum ouvirmos familiares e amigos dizerem que não foram a médicos este ano para não se contaminar com o vírus. Mas com a saúde mental parece ter sido diferente.

A pandemia trouxe uma série de angústias, medo e tristezas por falta de convivência social e por causa do próprio vírus. A esta altura do campeonato, muita gente teve ajuda de psicólogos e psiquiatras para aprender a lidar com este cenário — de máscara, lavando as mãos e passando muito álcool gel. E muitas pessoas procuraram esse atendimento pela primeira vez na vida — com consultas pela internet, para respeitar os protocolos de isolamento social.

É o caso da doceira autônoma, Raquel Zoehler, de 34 anos, de São Paulo capital, que foi às primeiras sessões de terapia em março ao sentir-se muito ansiosa. Ela chegou a sofrer crises em sua quarentena. “Ser online [a terapia] foi um fator que me ajudou a decidir fazer, porque já tinha vontade antes, mas tinha dificuldade de horário e local.”

Zoehler explica que a ajuda profissional foi importante para lidar com a incerteza deste período, para reconhecer os próprios limites e aprender a se controlar em momentos de ansiedade. “Tenho conseguido me perceber melhor e, com isso, não fico tão ansiosa ou com medo do futuro”, compartilha.

O produtor cultural Giordano Pereira, de 22 anos, de Porto Alegre, também tem passado com psicólogo por videoconferência, mas prefere sessões presenciais. Como vive com os pais, ele enfrenta dificuldade para falar de algumas questões.

“Tem coisas que tenho receio de eles [pais] ouvirem e outras que só de não me sentir em privacidade total, fico mais retraído. Eu costumava pegar coisas no celular para mostrar para minha psicóloga também, exemplificar algumas coisas e explicar outras. Tem sido mais complicada essa comunicação”, conta ao HuffPost.

Pereira tem bastante confiança na psicóloga que o acompanha desde 2017 para as consultas online. Ele percebe quando ela está anotando coisas que trabalha depois nas sessões, por exemplo. Uma vantagem hoje é que não precisa se deslocar para o consultório dela. “A facilidade de acordar um minuto antes da sessão, às vezes acabar de levantar de um sonho e poder compartilhar com a memória total fresca, é bem útil. Mas no geral prefiro o presencial”, afirma Pereira.

Além da tela entre paciente e terapeuta, quais as diferenças entre o atendimento presencial e o virtual?

Para a psicóloga Denise Rodrigues Gomes, a qualidade da terapia online depende de como, quando e para quem são os atendimentos. “Tem pessoas que não conseguem se adaptar em frente a uma câmera. No presencial, tem o olho no olho e um local preparado para receber aquela pessoa. É um ambiente extremamente seguro, privado, silencioso para trazer este acolhimento para o paciente”, explica.

Além disso, há diferenças que envolvem tempo e localização. No online não há necessidade de gastar tempo com transporte e trânsito e, assim, as pessoas conseguem administrar o tempo. Por outro lado, Gomes destaca que quando há deslocamento para o consultório, a pessoa aproveita o tempo de reflexão dos assuntos da terapia, o que nem sempre acontece em casa. “Ela vai pensando o que vai falar e levar e na volta vai digerindo o que foi falado e ouviu.”

Do lado do psicólogo, o atendimento presencial ajuda a ter acesso a informações que o virtual não é capaz de passar.

“A gente consegue perceber coisas através de gestos, da postura durante a sessão, como que a pessoa chegou, como que ela está indo embora, um suspiro. São coisas que ficam mais difíceis captar pelo virtual.”

- DENISE RODRIGUES GOMES, PSICÓLOGA

Quando se trata de casos mais graves de saúde mental, Gomes diz que o ideal é começar presencialmente. É o aconselhável para pessoas que passaram por traumas muito fortes, que correm risco de vida, sofreram acidentes ou que passaram por situação catastrófica de desastre, emergências, violências e abusos.

Para a psicóloga Marcela Zacarin, de Londrina (PR), existem poucas diferenças entre o atendimento em consultório e o virtual. “A relação terapêutica praticamente não muda, e os clientes respeitam muito. A principalmente diferença é não ver a pessoa presencialmente. Mas, em termos de manejo, respeito e postura, é tudo a mesma coisa. O que é legal é que online eu consigo atender demandas como de pessoas que estão em outras cidades e até no exterior”, compara.

Logo que a pandemia foi decretada, havia receio e dúvidas sobre o atendimento pela internet entre os próprios colegas de profissão de Zacarin, principalmente por muitos não terem aprendido na universidade a se portar para esse tipo de sessão. Mas ela diz que nos últimos meses muitos psicólogos perceberam ter os mesmos recursos para conduzir consultas remotamente. E os pacientes ficam até menos intimidados por estarem em casa.

Há quem tenha se adaptado bem ao online, mas também comemore a volta para o presencial. É o caso da designer de ambientes Ayumi Takizawa, de 28 anos, de Belo Horizonte. Depois de um ano e meio de análise, ela teve de mudar para o online para não abrir mão, principalmente por causa do momento conturbado.

“No começo foi bem estranho porque eu deitava no divã de costas, podia chorar, fazer minhas caretas sem o medo de ver alguém me vendo e julgar. O online me fez ter uma ‘reunião-terapia’. Eu sentia que, em decorrência dos dias iguais na quarentena, os assuntos abordados entraram em looping. Foi bom pra acessar mais profundamente as faltas. Porque vivia a maior delas na vida, né?”

Porém, quando as restrições do isolamento social diminuíram um pouco e ela conseguiu voltar ela sentiu como se a vida voltasse um pouco ao normal de uma forma muito positiva.

“Voltei agora este mês e aconteceu uma diferença brutal. Primeiro que senti mais liberdade pra divagar sem me prender a um assunto. Segundo porque senti uma retomada do eixo. Da vida ‘normal’. Recuperei meu espaço, pessoal e físico. Um consultório é mais que uma sala bonita com divã. É o seu lugar seguro pra se ouvir. E isso foi muito presente nessa volta. E, além do físico, estar com ela [psicanalista] presente foi de um acolhimento que uma chamada de vídeo nunca vai transmitir”, revela.

Quando o assunto é a psiquiatria, as primeiras consultas devem ser presenciais por uma questão de segurança do próprio paciente. É o que reforça a psiquiatra Bruna Campos, do Rio de Janeiro. “Na psiquiatria a gente faz uma avaliação física na primeira consulta. Às vezes à distância fica difícil avaliar se o paciente tem alguma lesão e impossível medir a pressão arterial. São parâmetros super-importantes. Na psicologia isso talvez não comprometa tanto.”

Depois desses primeiros encontros, Campos acredita que é possível seguir com o atendimento psiquiátrico pela internet. “No começo da pandemia ficou tudo mundo com o pé atrás, mas a maioria dos meus pacientes tem preferido a teleconsulta, até pela praticidade. Para pacientes idosos e de grupos de risco para a covid-19, também tem sido um ótimo recurso. Se durante a teleconsulta a gente identifica que o paciente precisa de um atendimento presencial, eu tenho orientado a marcar uma consulta presencial comigo”, afirma.

O presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antônio Geraldo da Silva, comemora o uso da tecnologia para manter o atendimento às pessoas com transtorno de humor sem que elas precisem se expor ao coronavírus.

Silva reforça, entretanto, que para a psiquiatria os encontros presenciais são necessários. “O atendimento à distância não substitui a consulta presencial, em que podemos observar todos os aspectos do paciente. É fundamental saber fazer uma boa avaliação dos quadros, que inclui a observação completa do indivíduo, sua postura, sua cognição, entre outros aspectos.”

As principais queixas da quarentena: Pânico, agressão e redes sociais

De acordo com a plataforma Zenklub, que oferece serviços de psicólogos, psicanalistas, coaches e psicoterapeutas, entre o primeiro e o segundo trimestre de 2020 houve um aumento de 166% no número de clientes cadastrados, 201% no número de sessões e 51% no número de profissionais. O alcance da plataforma é de 5 milhões de pacientes no Brasil.

Para Rui Brandão, CEO da plataforma, esse aumento substancial de procura por atendimento terapêutico durante o período de pandemia reflete o fato de que as pessoas passaram a ter mais consciência da importância de cuidar da saúde mental, não só quando não estão bem, e também o interesse delas na busca por autoconhecimento.

“A gente foi forçado a ficar em casa para privilegiar a nossa saúde e para que nosso sistema de saúde não implodisse, mas toda nossa rotina foi quebrada forçadamente. E a gente percebe que a saúde mental não é apenas a ausência de doença, é realmente um estado pleno de bem-estar físico, emocional e social”, diz Brandão.

Um relatório produzido pela plataforma, com base nos atendimentos dos profissionais, mostra quais foram os principais temas abordados nas sessões durante a pandemia.

Os 15 assuntos mais citados foram: pânico, agressão, redes sociais, preconceitos, foco, obesidade, finanças, medos e fobias, paciência, inteligência emocional, morte e luto, educação escolar, felicidade, amizade e sono. Talvez, em maior ou menor grau, você tenha conversado com seus amigos, parentes e colegas de trabalho sobre alguns ou todos esses temas neste ano.

O que mais se destaca é o pânico, citado 846% mais entre os usuários da plataforma desde o início da pandemia. Em segundo lugar está agressão, com aumento de 757%; redes sociais e preconceitos aparecem em terceiro lugar com aumento de 698%.

A psicóloga Marcela Zacarin percebeu que mesmo pacientes com outras queixas passaram a apresentar sinais de pânico. Ela também foi procurada por pessoas com problemas em relacionamentos, questões de autoestima, obesidade e até mesmo ideação suicida. “São as coisas que eu percebo que mais cresceram pra mim. E tudo vira uma bola de neve porque a pessoa está restrita, sem sair, sem ver os amigos direito, sem lazer.”

Rui Brandão explica que o levantamento foi feito a partir de formulário preenchido pelos profissionais de saúde mental com tópicos abordados pelos pacientes, mas assegura que as informações são anônimas. Ele ressalta que todas as sessões da Zenklub são criptografadas para manter o sigilo do conteúdo entre os pacientes e os profissionais.

 
Pânico, agressão e uso das redes sociais foram algumas das principais reclamações dos pacientes de terapia online em 2020.
 
Pânico, agressão e uso das redes sociais foram algumas das principais reclamações dos pacientes de terapia online em 2020.

Os benefícios do atendimento online

Mesmo que no começo tenha sido um estranhamento para algumas pessoas, o atendimento online facilitou a vida de muita gente — ainda mais para quem tem a rotina agitada. É o caso da coordenadora de compras Aline Rodrigues, de 30 anos, de São Paulo.

O estresse no trabalho e a dificuldade para se desligar das obrigações foram as principais motivações para começar com as sessões em abril deste ano. “Gostei muito do formato, pois consigo encaixar com mais facilidade em uma agenda lotada; nem me imagino indo a um consultório. Acho que me ajuda também fazer terapia em um lugar que me sinto totalmente confortável, na minha casa, no meu cantinho”, afirma.

Neste período de pandemia, as preocupações dela foram com família e amigos, além de ter de passar tanto tempo em casa. “Vem o fim da liberdade de poder sair, visitar os amigos, comer e relaxar fora de casa. Eu nunca tinha ficado um dia inteiro em casa e tive dificuldade para me acostumar a ficar no mesmo ambiente”, relata.

Por mais que exista uma distância física entre o profissional e o paciente, há quem se ache até mais próximo e com mais intimidade com as sessões online, mesmo morando em outro país. É o caso de Kitan Montenegro, de 28 anos, brasileiro morador do Texas, nos Estados Unidos. Ele diz que nas consultas presenciais a terapia era muito mais “formal”.

Ele conta que a mudança de país em 2019 o afetou de forma inesperada e, para ajudar a passar por esse processo, buscou atendimento em português. “Fazer terapia com um profissional brasileiro foi fundamental para a minha adaptação, e as sessões têm me ajudado muito. Quando cheguei [aos EUA], não dominava o idioma e tudo era novo e diferente. Pretendo continuar com as sessões online porque moro em outro país, e se expressar em outra língua, que não é a sua materna, é muito difícil”, conta.

A psicóloga Marcela Zacarin diz que atende pessoas que moram em diversos países do mundo, como Canadá, Áustria, Alemanha e França. Há pacientes que moravam no Brasil, começaram o atendimento presencial e mudaram para o online e há aqueles que começaram já fora do País. Para ela, o vínculo terapeuta-paciente pode ser tão forte quanto de um atendimento presencial.

Os problemas de distância também envolvem as cidades brasileiras, ainda mais de municípios bem pequenos com poucos profissionais de saúde mental disponíveis. Foi o que aconteceu com a funcionária pública Nair Gomes, de 55 anos, moradora da cidade de Juara (MT), de 34 mil habitantes, que já fazia terapia bem antes da pandemia, mas que resolveu procurar ajuda online pois conhecia quase todos os psicólogos de sua cidade.

Em 2018, depois de sofrer um AVC, passou a ter fobia social e síndrome do pânico e foi em busca de ajuda profissional. Ela diz que pela internet se sente mais à vontade.

 

“Não tenho receio quando falo de coisas que somente eu sei, até mesmo porque a distância do profissional me traz segurança de falar. Eu, particularmente, entendo que no consultório presencial não teria a coragem de conversar sobre tudo.”

- NAIR GOMES, SERVIDORA PÚBLICA

A estudante Jordana Appel Endl, 20 anos, mora em Ijuí (RS), cidade de 83 mil habitantes. Ela já tinha feito terapia quando criança, parou e voltou agora. “Hoje, sendo uma jovem adulta, me sinto madura o suficiente para saber que tenho o direito de pensar por mim mesma.”

Além de ajudar a preservar o bem-estar em tempos de pandemia, as sessões online ajudaram a diminuir um pouco o tabu envolvendo a terapia. Embora seja cada vez mais comum falar sobre a importância dos cuidados da saúde mental, há ainda quem enxergue o tratamento com preconceito. Jordana Appel Endl conta que alguns amigos e familiares acreditavam que fazer terapia era algo desnecessário até vê-la frequentar as sessões.

“Eu estou conseguindo me acalmar e me enxergar com mais amabilidade, o que está impactando no meu convívio com a família e amigos, me fazendo conseguir lidar melhor com tudo. Os mais próximos a mim também tiveram essa percepção, estão repensando todos os benefícios da terapia pra si e estão demonstrando curiosidade e interesse em como funciona”, conta.

 

Para muita gente pode ser mais fácil ter certeza de que é necessário procurar ajuda de um profissional para uma terapia. Mas se esse não é o seu caso e você está caiu neste artigo porque está em dúvida se precisa fazer terapia ou não, apresentamos alguns sinais de que talvez seria uma boa ideia procurar um profissional. Veja os itens abaixo e depois leia mais neste outro post.

  • Você passou por uma grande mudança ou transformação na vida
  • Você está repetindo padrões de comportamento ou pensamento pouco saudáveis
  • Você sente que sua vida está sendo interrompida por traumas do seu passado
  • Você tem decisões importantes a tomar
  • Seu relacionamento parece doentio ou acaba de terminar
  • Sua saúde física está atrapalhando sua saúde mental
  • Você se preocupa com a possibilidade de ter uma doença mental
  • Você quer ter a certeza de conservar seu bem-estar mental
 
Buscar conservar seu bem-estar mental é um ótimo motivo para buscar terapia.
 
Buscar conservar seu bem-estar mental é um ótimo motivo para buscar terapia.

Como saber se o profissional está apto para o atendimento online?

Ao que tudo indica, o atendimento online de saúde mental parece ser algo que veio para ficar, mas a prática é muito recente.

A telemedicina só foi autorizada no Brasil em abril deste ano por causa da pandemia do novo coronavírus — o que possibilitou aos psiquiatras atender pela internet. Em abril, o presidente Jair Bolsonaro sancionou lei permitindo esse tipo de consulta desde que os profissionais sigam os mesmos padrões éticos das sessões presenciais. A regulamentação definitiva será decidida pelo Conselho Federal de Medicina após o fim da pandemia.

Já a terapia online começou a ser regulada pelo Conselho Federal de Psicologia em 2012. Desde maio de 2018, estão autorizados os atendimentos ilimitados pela internet.

A presidente do Conselho Federal de Psicologia, Ana Sandra Fernandes, acredita que o uso da tecnologia vai continuar depois que a pandemia passar como mais uma alternativa para os pacientes e profissionais, principalmente em casos de brasileiros no exterior e pacientes de cidades pequenas. “O atendimento online depois da pandemia vai voltar a ser o que ele era, uma possibilidade ou não de um profissional usar a ferramenta ou não. É uma modalidade que eu posso utilizar. Não significa que ele vai substituir o atendimento presencial.”

Fernandes acredita que nenhum tipo de contato virtual substitui as consultas presenciais. “Eu lembro muito de um atendimento virtual que a paciente me disse que eu não estava vendo, mas que ela estava com as pernas tremendo o tempo todo. Ou seja, ela trouxe uma informação que eu não teria condição de saber”, explica.

Fernandes alerta para a necessidade de, antes de marcar com um psicólogo, checar se ele é cadastrado e autorizado para o atendimento virtual pelo Conselho Federal de Psicologia. “A gente não interfere na escolha da plataforma, mas a gente exige que sejam respeitados os parâmetros éticos da profissão. E não muda porque o atendimento é virtual, é preciso obedecer os mesmos critérios”. Os psicólogos são obrigados a informar que tipo de ferramentas, plataformas e cuidados está tomando no atendimento para garantir a ética da categoria, a confidencialidade e a qualidade do serviço.

Para saber se quem vai te atender está autorizado a prestar o serviço basta consultar pelo nome na plataforma e-Psi. Entre no site, clique em “Psicólogas(os) Cadastradas(os)” e coloque o nome do profissional. O resultado precisar ser o nome do profissional, seu número no Conselho Federal de Psicologia e com a palavra autorizada escrita em azul. No exemplo abaixo, nós buscamos pelo nome da própria presidente do conselho, a Ana Sandra Fernandes.

https://www.huffpostbrasil.com/ 



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