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Curiosidades
15/10/2020 04:00:00

Por que a margem de erro da pesquisa Ibope é de incríveis 4 pontos – para mais ou para menos


Por que a margem de erro da pesquisa Ibope é de incríveis 4 pontos – para mais ou para menos

A TV Gazeta divulgou nesta sexta-feira (09/10) a primeira pesquisa Ibope sobre a eleição para prefeito de Maceió. Os números mostram um empate entre Alfredo Gaspar (MDB) e João Henrique Caldas (PSB). O primeiro tem 26% das intenções de voto contra 25% do segundo colocado. Um pouco mais distante aparece o ex-prefeito Cícero Almeida, com 10% da preferência do eleitorado. Candidato com maior tempo de propaganda no rádio e na TV, Davi Filho (Progressistas) é apenas o quarto colocado, com 5% das citações. Os demais concorrentes fecham o páreo com índices entre 1% e 3% das escolhas.

Pelos números frios do levantamento, a corrida está embolada até umas horas. Mas além da questão sobre quem lidera ou não a disputa, um detalhe muito específico chama bastante atenção na pesquisa Ibope. É enooooorme a margem de erro de quatro pontos para mais ou para menos. Quatro pontos, nesse caso, se transformam num perigoso intervalo de 8 pontos (lembre-se do “pra mais ou pra menos”). E nesse intervalo de 8 casinhas, nesse vastíssimo latifúndio estatístico, tudo pode acontecer.

Não se trata de levantar qualquer suspeita de manipulação sobre os dados. É uma questão de matemática e lógica. Não é razoável que uma pesquisa diga, por exemplo, que um candidato pode ter entre 6% e 14% das intenções do eleitor. Isso ocorre se o concorrente tem 10% na pesquisa com margem de erro de quatro pontos. Nessa situação, o mais comum é que apareçam muitos “empates técnicos”. Mesmo com uma explicação científica, é claro que não dá pra aceitar na boa aquilo que tem todo o jeito de um disparate.

É a crise. É a falta de dinheiro. No aperto, a Globo mudou e liberou suas afiliadas a mudar também. Explicando: até a eleição passada (com raríssimas exceções) a margem de erro de pesquisas eleitorais em emissoras Globo era de dois pontos, sendo permitido um nível de três pontos em casos muito especiais. Nos últimos anos, porém, a regra global vem sendo cada vez mais relativizada. E chegamos ao quadro atual em que o velho dogma praticamente está sendo demolido. Parecia algo impossível, mas a realidade se impôs.

Uma pesquisa de opinião tem custo alto. Com os grandes institutos então nem se fale. Datafolha e Ibope cobram “pequenas fortunas” para cair em campo. Para se ter uma margem de erro de dois pontos – o que é o ideal –, o número de pessoas ouvidas tem de ser alto. Mas aí isso custa mais dinheiro ainda. Aí fazem pesquisa em Maceió ouvindo 504 pessoas em três dias. Com essa amostra tão reduzida, é claro que o universo de eleitores não está devidamente representado. 

Derrubar a margem de erro significa ter uma fotografia mais clara da disputa em andamento. Na contramão, uma margem de erro a perder de vista enfraquece o levantamento. Nessas condições deixamos o terreno sólido da precisão e passamos a andar sobre a estrada cinzenta da incerteza. Mais um sinal dos tempos dramáticos que a pandemia tratou de agravar, e muito. As pesquisas estão saindo no maior sufoco. Os veículos querem baixar os custos de qualquer jeito. 

Por isso, tão poucos pesquisados e tanta margem para erro.

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