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Especial
13/10/2020 05:00:00

Pesquisa alia jornalismo e tecnologia para divulgar informações reais


Pesquisa alia jornalismo e tecnologia para divulgar informações reais

Numa parceria entre a Escola Politécnica da USP e a Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais, pesquisadores desenvolveram inteligência artificial que coleta e publica dados oficiais no Twitter sobre a covid-19 e o desmatamento na Amazônia. A proposta é aliar tecnologia e jornalismo para disseminar conteúdo verificado. Atualmente, os repórteres robôs possuem três perfis na rede social: o @coronareporter e o @damatareporter, que conta com uma versão em inglês, o @damatanews, para abranger a comunidade internacional.

Em entrevista ao Jornal da USP no Ar (9), João Gabriel Moura Campos, mestrando de Engenharia da Computação da Escola Politécnica da USP e um dos pesquisadores responsáveis, explica que os dados publicados pelos perfis são de fontes oficiais. No caso do repórter robô que atualiza a situação da covid-19 no País, as informações são da plataforma Worldometers, que disponibiliza dados consolidados pelo consórcio de imprensa formado pelo G1, O Globo, Extra, O Estado de S.Paulo, Folha de S.Paulo e UOL. Já os dados do perfil que informa sobre o desmatamento na Amazônia são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) disponibilizados em tempo real. “Nós aproveitamos esses dados abertos e disponibilizados na internet, selecionamos as mensagens mais relevantes, que passam por uma estrutura de ordenação de conteúdo, e então publicamos no Twitter.”

Segundo Moura Campos, os robôs utilizam uma estrutura modular clássica de funcionamento que permite aos pesquisadores terem maior controle sobre as informações publicadas e evitar uma alucinação de conteúdo. O termo é principalmente utilizado quando se trata de inteligência artificial por redes neurais – diferente da aplicada nos repórteres robôs – e se refere a um menor controle dos cientistas da computação sobre o conteúdo, que pode ter algum tipo de deturpação nas respostas da rede neural. E, para evitar qualquer incongruência nos dados, a seleção dos conteúdos obedece métricas estabelecidas pelos cientistas: “No caso do coronavírus, por exemplo, temos uma série de métricas, médias, padrões e selecionamos qual tipo de conteúdo é relevante. Para o jornalismo, essa é uma das maiores questões e com essa estrutura modular conseguirmos ter maior controle sobre isso”.

O pesquisador informa que, em meio a tantos perfis falsos que usam técnicas de automação para disseminar fake news, a tentativa do projeto é mostrar a possibilidade de utilizar as técnicas de geração de conteúdo automatizado para finalidades nobres, como informar sobre a pandemia e o desmatamento: “É muito importante deixar explícito que é um robô programado por humanos, que tem uma série de decisões sendo tomadas, e não justificar que a inteligência artificial deu tal resposta, mas, sim, que foi tudo programado. A gente tem controle sobre essas questões”.

O Twitter tem aplicado políticas de monitoramento da atividade de perfis falsos e o compartilhamento de fake news. Os presidentes Donald Trump, dos Estados Unidos, e Jair Bolsonaro já tiveram publicações excluídas por conterem informações inverídicas e violarem os termos da rede social. O Twitter ainda não possui total controle sobre a atividade de perfis automatizados na plataforma, porém, os próprios usuários desenvolveram um robô sentinela para auxiliar no monitoramento, compartilha o pesquisador Moura Campos: “É um perfil criado pela própria comunidade para monitorar a atividade de contas ou hashtags. Ele analisa as características de interação, as publicações suspeitas e indica no perfil”.

Pensando no futuro, o mestrando visa à criação de um repórter robô que publique informações sobre a Amazônia Azul, o território marítimo brasileiro. “Estamos analisando dados e vendo o que pode ser interessante falar sobre esse domínio. Dentro dessa mesma temática de conservação ambiental, queremos colocar esse novo robô para funcionar e publicar mensagens sobre extensão territorial marítima brasileira.”

https://jornal.usp.br/ 



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