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Economia
27/09/2020 16:00:00

Crise do coronavírus faz até a Duralex quebrar

Empresa francesa de 75 anos, famosa pelas louças resistentes, entra em processo de recuperação judicial. Segundo a direção, pandemia agravou problemas financeiros. Marca no Brasil não é afetada


Crise do coronavírus faz até a Duralex quebrar

A empresa francesa Duralex, cujas louças resistentes são um clássico em muitos lares do mundo, inclusive no Brasil, enfim se quebrou. Segundo a imprensa francesa, a empresa se submete a um procedimento de recuperação judicial desde quarta-feira passada. A companhia arrasta problemas financeiros desde 2017, quando inaugurou um novo forno com o qual pretendia relançar sua produção, para depois se ver obrigada a reduzi-la devido ao mau funcionamento da nova instalação.

Contudo, segundo a direção da Duralex, a causa maior é a crise do coronavírus. “Perdemos cerca de 60% do faturamento como resultado da queda nas exportações, que representam 80% de nossa atividade”, afirmou o presidente da empresa, Antoine Ioannidès, ao jornal Le Monde. O executivo acrescentou que os 248 funcionários continuam recebendo salários, já que a fábrica mantém as atividades.

O problema da empresa francesa não afeta a marca no Brasil, destaca em nota a empresa Nadir Figueiredo. “A marca Duralex, no Brasil e demais países da América do Sul, pertence à Nadir Figueiredo, empresa brasileira consolidada há mais de 108 anos no mercado, e reforça que trata-se de uma marca sólida, tradicional e que continuará a ser comercializada normalmente nestes países”, informou empresa. “Tanto a operação, quanto os produtos – Duralex e Duralex Opaline - não possuem qualquer relação com a Duralex Internacional, que recentemente teve o pedido de falência decretada na França”, completa a nota.

Com sede em La Chapelle-Saint-Mesmin (centro da França), a Duralex francesa não esteve alheia a problemas financeiros em seus mais de 75 anos de história. Embora a fábrica original já existisse, a marca Duralex surgiu em 1945, o ano em que a Segunda Guerra Mundial terminou, pelas mãos do grupo industrial Saint-Gobain. Viveu seu esplendor nas décadas de 1960 e 70 (época que, também no Brasil, foi associada a seus copos e pratos que pareciam inquebráveis) e ficaria nas mãos do mesmo dono até 1997. Então com mais de 1.000 funcionários, foi vendida a um grupo italiano que em 2005 se desfaria do negócio em favor de um empresário turco. Dois anos depois, a segunda fábrica da firma na França, construída na época do apogeu e que dava emprego a mais de 100 pessoas, teve que fechar.

Em 2008, assolada por dívidas, a Duralex trocou o comando, com a ideia de recuperá-la. Tinha na época 260 funcionários. Durante uma década parecia ter entrado nos trilhos, e em 2017 inaugurou um novo forno, que deveria substituir o velho, com um investimento que alcançava oito milhões de euros (51,8 milhões de reais, pelo câmbio atual). Mas o endividamento, os problemas iniciais da nova instalação, que impediram de situar a produção nos níveis previstos durante um ano, e finalmente a queda de vendas provocada pela pandemia puseram de novo a Duralex a sérias dificuldades. Tutelada pelo Tribunal de Comércio de Orleans, a empresa inicia agora um período de seis meses de observação que será fundamental para averiguar se, como a lenda que acompanha seus produtos, ela é capaz de resistir a esta nova queda, ou se o vírus finalmente deixará a Duralex em pedaços.

El País



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