Segundo os dois especialistas que falaram ao Jornal da USP, o que precisamos, de imediato, é a implantação de medidas de contenção dessa e de futuras pandemias. “Os protocolos internacionais, bem como federais, estaduais e municipais precisam falar a mesma língua”, pontua Mello. “Precisamos, também, fortalecer os organismos internacionais, como a Organização Mundial da Saúde, para que haja uma mudança nas práticas econômicas.”
Já Patrícia acredita ser difícil mudar os hábitos da população. “Atividades que consideramos básicas, como lavar as mãos várias vezes ao dia, antes das refeições, depois de ir ao banheiro, depende de educação, e cabe aos mais velhos ensinar as crianças a realizar essas atividades”, explica a virologista. “Mas o mais importante, e que fará a diferença, é o respeito ao meio ambiente”, ressalta a pesquisadora. Respeitar os limites entre a área silvestre e áreas rurais seria uma medida importante.
Os pesquisadores apontam, também, para a necessidade de um controle sanitário mais rígido em portos e aeroportos. “Se o cidadão tiver alguma reunião importante em outro lugar, mas no embarque apresentar sintomas como febre ou algo preocupante, simplesmente não embarca”, enfatiza Mello.
Os mercados de animais vivos precisam ser fechados, segundo os pesquisadores entrevistados pelo Jornal da USP. “No Brasil temos vários deles e é comum vermos animais silvestres sendo comercializados”, relata Mello. “E, em vários países, a existência deles faz parte da cultura local. É uma catástrofe.”
Patrícia e Mello concordam que devemos conviver com o SARS-CoV-2 por dois ou três anos ainda, mas que o cenário mudará quando uma vacina chegar ao mercado. “Esse é o mundo sem uma vacina, especificamente. Imagine se não houvesse as outras? ”, finaliza Patrícia. É para se pensar.
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