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Saúde
14/09/2020 19:00:00

Hospital da Mulher é referência no atendimento a vítimas da Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica


Hospital da Mulher é referência no atendimento a vítimas da Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica

Conforme dados do Ministério da Saúde (MS) Alagoas registrou nove pacientes com a Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P), uma reação inflamatória que acomete crianças e adolescentes e está associada ao novo coronavírus. Os dados atualizados registram que o Hospital da Mulher Dr.ª Nise da Silveira (HM), localizado no bairro Poço, em Maceió, atendeu quatro pacientes que apresentaram a SIM-P, onde testaram positivo para o novo coronavírus. Todos foram tratados, evoluíram para a cura e já tiveram alta hospitalar

Dos quatro casos registrados no HM, três pacientes eram do sexo masculino e um do sexo feminino, com idades entre 3 e 9 anos. Os pacientes residem em Maceió, União dos Palmares e Santana do Ipanema. De acordo com Ana Carolina Ruela, pediatra da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica do HM, a SIM-P pode ou não estar relacionada à Covid-19, mas, geralmente, a doença está associada à infecção prévia pelo novo coronavírus, sendo resultado de uma reação exagerada do sistema imunológico.

Os sintomas são semelhantes aos da doença de Kawasaki, condição que causa inflamação nos vasos sanguíneos e tem sintomas como febre alta e lesões na pele. “Em abril deste ano, pesquisadores de vários países europeus anunciaram a identificação de uma nova síndrome inflamatória em crianças com Covid-19. Segundo os primeiros estudos, a condição teria sintomas parecidos com os da doença de Kawasaki, o que levou os especialistas a acreditarem que o novo coronavírus levasse ao desenvolvimento desse problema pediátrico raro. Contudo, uma pesquisa liderada na Inglaterra mostrou que a condição observada nas crianças com Covid-19 não era a mesma da doença de Kawasaki. Algumas características eram diferentes, logo a síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica passou a ser associada ao novo coronavírus”, explicou a pediatra do HM.

Pediatra Ana Carolina Ruela, destaca que Alagoas teve nove casos confirmados da SIM-P

Ao contrário da doença de Kawasaki, que costuma aparecer antes dos cinco anos de idade, a SIM-P afeta crianças mais velhas, chegando a atingir, inclusive, os adolescentes. “A principal característica da SIM-P é uma febre alta persistente, que chega a durar mais de três dias, associada aos sintomas gastrointestinais, como dor abdominal intensa, diarreia, náuseas e vômitos. Além disso, o paciente pode apresentar manchas vermelhas no rosto e no corpo, conjuntivite, descamação da pele, linfonodos cervicais e alterações na coagulação sanguínea, favorecendo a formação de trombos e de sangramentos e problemas cardiovasculares”, destacou Ana Carolina Ruela.

Ela acrescentou que, além da febre prolongada, as crianças e os adolescentes podem apresentar o desconforto respiratório, que não é causado por alguma doença pulmonar. “Outra característica da SIM-P é que ela acomete o sistema cardiovascular. A criança ou o adolescente pode desenvolver a miocardite, que é quando o músculo cardíaco inflamado não consegue enviar, satisfatoriamente, o sangue para as partes às quais se destina, decorrente de uma falência transitória do ventrículo esquerdo, resultando no desconforto respiratório”, explicou a pediatra do HM.

Segundo Ana Carolina Ruela, o quadro clínico da doença na fase aguda é, na maior parte dos casos, assintomático. “A maioria das crianças e dos adolescentes não apresenta nenhum sintoma e, caso manifeste, é uma gripe muito leve que os especialistas não conseguem caracterizar. É o padrão que temos observado durante os atendimentos. Entre um a dois meses, após a infecção pelo novo coronavírus, que, às vezes, nem foi percebida, em virtude de estarem assintomáticos, eles podem desenvolver essa síndrome”, salientou.

Gerente médica do Hospital da Mulher, Sarah Dominique, ressalta que todos os pacientes diagnosticados com a doença em Alagoas foram curados

Resposta do Sistema Imunológico – A infectologista e gerente médica do HM, Sarah Dominique, reforça que a SIM-P é somente uma resposta do sistema imunológico frente ao estímulo que o vírus da Covid-19 proporciona. “Não é uma nova doença. Não é apenas o novo coronavírus que proporciona esse tipo de resposta inflamatória. Outros vírus bem conhecidos na literatura médica também promovem esse tipo de manifestação clínica. Na verdade, o que temos observado na faixa etária pediátrica é que esse tipo de manifestação pode acontecer tanto na Covid-19 quanto em outras doenças infecciosas virais. Pode ser uma manifestação grave, inclusive com desfecho fatal. Portanto, a equipe de saúde precisa ter muita atenção quando for identificar as alterações laboratoriais e o exame físico durante o atendimento clínico dessa criança ou adolescente”, ressaltou.

Como a SIM-P pode ocorrer quando a criança ou o adolescente está com a Covid-19 ou depois que ela já se recuperou, Sarah Dominique frisa que esse público precisa ser monitorado. “Assim como para os adultos, sempre enfatizo que o tratamento da Covid-19 é a monitorização médica. A alta do paciente com Covid-19, independente se o quadro foi leve, moderado ou grave, vai ser sempre baseado nas reavaliações médicas, tanto do ponto de vista do exame físico, que é fundamental para identificar alguns sintomas, quanto da parte laboratorial. Como a Covid-19 é muito recente, não sabemos se esse padrão da SIM-P vai sempre ocorrer de forma tardia ou precoce. Desse modo, o ideal continua sendo a avaliação médica periódica. Percebo que algumas crianças apresentam as manifestações logo nas primeiras semanas, enquanto outras, de maneira mais tardia. Isso ainda não tem um padrão exatamente definido, pois estamos convivendo com uma doença que está na sociedade a menos de um ano”, disse, ao acrescentar que não há mortes relacionadas à SIM-P em Alagoas.

Hospital da Mulher atendeu quatro pessoas acometidas pela SIM-P

Tratamento – Ana Carolina Ruela disse que o quadro clínico da doença na fase aguda é, na maior parte dos casos, assintomático. “A maioria das crianças e dos adolescentes não apresenta nenhum sintoma e, caso manifeste, é uma gripe muito leve que os especialistas não conseguem caracterizar. É o padrão que temos observado durante os atendimentos. Entre um a dois meses, após a infecção pelo novo coronavírus, que, às vezes, nem foi percebida, em virtude de estarem assintomáticos, eles podem desenvolver essa síndrome”, salientou

O manejo adequado deve ser realizado numa UTI ou enfermaria de complexidade maior, locais estes que devem possuir uma infraestrutura e equipe pediátrica multiprofissional. Atualmente, as referências estaduais são o HM e o Hospital Geral do Estado (HGE), localizado no bairro Trapiche da Barra, em Maceió. “Os pacientes ficam internados a depender da gravidade do quadro de saúde. Geralmente, é em torno de 10 a 15 dias. Quando a criança ou o adolescente são admitidos, fazemos a avaliação inicial e conseguimos estabilizá-los do ponto de vista respiratório e hemodinâmico. Posteriormente, a equipe colhe as provas inflamatórias e realizamos o ecocardiograma para confirmarmos o diagnóstico da SIM-P. O tratamento basicamente é feito com a imunoglobulina, associada à medicações de suporte. Os casos que temos acompanhado, mesmos os mais graves, tiveram uma evolução muito positiva”, afirmou, ao destacar que, após a alta hospitalar, os pacientes estão sendo sistematicamente acompanhados no HGE.

*Redação Alagoas Alerta com Assessoria



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