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Coronavirus
03/09/2020 18:00:00

Média diária de mortes cai para 887, de acordo com Ministério da Saúde

Taxa de transmissão medida por Imperial College é a menor desde fim de abril, mas há subnotificação de dados.


Média diária de mortes cai para 887, de acordo com Ministério da Saúde

O total de mortes causadas pelo novo coronavírus no Brasil chegou a 123.780 nesta quarta-feira (2), de acordo com levantamento do Conass (Conselho Nacional dos Secretários de Saúde), com registros compilados até 18h. São 1.184 registros a mais em 24 horas.

Em números absolutos, o estado de São Paulo lidera o ranking de vítimas fatais com 30.673 notificações, seguido pelo Rio de Janeiro, com 16.315, Ceará (8.480), Pernambuco (7.656) e Pará (6.201).

Quanto aos diagnósticos, são 3.997.865 casos confirmados, 46.934 a mais em relação ao balanço de terça.

De acordo com boletim do Ministério da Saúde divulgado nesta quarta, que compara dados semanais, a média diária de óbitos na última semana analisada - encerrada em 29 de agosto - foi de 887, abaixo das semanas anteriores. A média de casos diários ficou em 37.684, também menor em comparação aos semanas pregressas.

A taxa de transmissão calculada pelo Imperial College London também voltou a melhorar. De acordo com o relatório mais recente, com dados até o último domingo (30), o País voltou ao patamar abaixo de 1 na taxa de transmissão (Rt), nível necessário para frear a epidemia.

O indicador está em 0,94. Isso significa que 100 pessoas contaminadas contagiam outras 94 que, por sua vez, passam a doença para outras 88. É a menor taxa desde o final de abril.

O indicador é nacional e devido à dimensão continental do Brasil, muitos estados e municípios ainda registro crescimento mais acelerado da transmissão.

O Imperial College calcula a taxa com base no número de mortes reportadas, mas há um intervalo entre o momento do óbito e o registro oficial que pode chegar a até 30 dias. Estados populosos como Paraná, Minas Gerais e Rio Grande do Sul também têm indícios de subnotificação. 

Tanto a subnotificação quanto o atraso passam a impressão de que a crise sanitária está numa situação melhor do que a realidade, ainda que se use indicadores como médias móveis.

Ranking mundial

Na comparação internacional, o Brasil fica atrás apenas dos Estados Unidos no ranking mundial e é o segundo país com mais mortes causadas pela covid-19, de acordo com o mapeamento do Centro de Recursos de Coronavírus da Universidade Johns Hopkins. 

Os dois países repetem as posições também em relação ao número de diagnósticos. No território norte-americano, foram registrados mais de 6 milhões de casos. A diferença entre as taxas de testagem entre os dois países é uma evidência da subnotificação da crise sanitária no cenário brasileiro. A média de testes diários é de 37 por 100 mil habitantes no Brasil e de 141 mil por 100 mil habitantes nos Estados Unidos.

Ao considerar a população de cada nação, o Brasil ocupa a 10ª posição no ranking de diagnósticos, com 18.386,73 por milhão de habitantes, de acordo com dados da OMS (Organização Mundial da Saúde). O país também é o 10º na comparação em relação aos óbitos, com 571,05 por milhão de habitantes. 

O novo coronavírus já causou mais de 858 mil mortes no mundo. São cerca de 25,8 milhões de casos confirmados, de acordo com dados da Universidade de Hopkins, atualizados nesta quarta.  

O ritmo da epidemia no Brasil

Desde meados de maio, quando olhamos os dados acumulados nacionais, os gráficos epidemiológicos assumiram a forma de platô, em vez de um pico de casos e mortes acumulados. A primeira vez que o Brasil registrou mais de mil mortes por dia foi em 19 de maio. Desde então, o marco tem sido alcançado com frequência. 

O boletim desta quarta aponta diferenças na transmissão do vírus nas 5 regiões do País. Na comparação entre as duas últimas semanas epidemiológicas analisadas, na região Norte, houve queda de casos (-5%) e de mortes (-11%). No Sudeste, ambos indicadores reduziram 8%.

No Nordeste, os casos aumentaram 1% e os óbitos recuaram 12%. No Centro Oeste, os diagnósticos subiram 5% e as mortes caíram 18%. No Sul, os casos cresceram 15% e os óbitos reduziram em 16%. O cenário, contudo, também é muito diverso de um estado para o outro. 

Quem morre por covid-19 no Brasil

Segundo o boletim, em 2020 foram notificadas 643.090 hospitalizações por SRAG, sendo 335.748 (52,2%) identificadas como covid-19, 215.117 (33,5%) causadas por agente não especificado, 85.460 (13,3%) em investigação e o restante provocada por outros agentes patológicos.

Quanto aos óbitos por SRAG, são 170.336 contabilizados no ano, sendo 117.841 (69,2%) por covid-19, 48.845 (28,7% causados por agente não especificado, 2.691 (1,6%) em investigação e o restante provocada por outros agentes patológicos.

O perfil das vítimas de covid-19 é 72,9% acima de 60 anos, 58% do sexo masculino e 63,3% com menos um fator de risco, como cardiopatia ou diabetes.

Quanto à raça/cor, 36,6% das mortes foram de pessoas identificadas como pardas, seguidas por brancas (30,8%), pretas (5,4%), amarelas (1,2%) e indígenas (0,4%). Segundo o boletim, 25,6% dos registros não tinham essa informação.

Subnotificação da pandemia

Em junho, houve uma série de idas e vindas na forma de divulgação dos boletins epidemiológicos do Ministério da Saúde. Após atrasar o horário de envio dos dados, a pasta deixou de informar o acumulado de mortes e diagnósticos em 5 de junho. A divulgação regular só foi retomada em 9 de junho, após decisão do STF (Supremo Tribunal Federal).

A pasta também chegou a anunciar que adotaria uma nova metodologia, com boletins diários de óbitos ocorridos nas últimas 24 horas e não confirmados. A mudança, contudo, não foi colocada em prática até agora.

Na prática, ela inviabilizava uma comparação com os dados anteriores, dificultando a compreensão da evolução da pandemia no Brasil. Ela também atrapalharia a comparação dos números com outros países, por adotar critérios distintos do resto do mundo. 

Com a mudança, as “novas mortes” seriam menores. A medida também evita notícias negativas sobre recordes de óbitos diários. Integrantes do governo de Jair Bolsonaro, especialmente a ala militar, têm criticado esse tipo de cobertura jornalística.

Há uma atraso entre o dia em que a morte ocorreu e o dia em que essa informação foi confirmada em laboratório que pode ser superior a um mês. Por esse motivo, para fins de entender a curva epidemiológica e viabilizar comparações, os países têm disponibilizado os dados dos óbitos por data de confirmação.

No final de junho, o ministério anunciou que a notificação de casos do novo coronavírus poderia ser feita pelo médico apenas por critérios clínicos, sem esperar o resultado laboratorial. Na prática, a mudança pode ser um incentivo a menos para aplicação de testes RT-PCR (moleculares), forma mais precisa de diagnóstico.

De acordo com boletim do Ministério da Saúde, foram distribuídos 6.366.884 testes RT-PCR. Após essa etapa, também há entraves até o resultado do exame. Como o HuffPost vem noticiando, a lentidão no processamento de testes laboratoriais, que detectam tanto a causa da morte quanto se a pessoa foi contaminada, leva a um atraso nos dados oficiais.

Há uma subnotificação de casos confirmados ainda maior devido à limitação de testes de diagnóstico. Na prática, o exame tem sido direcionado apenas aos casos graves. A baixa testagem é um dos entraves apontados por sanitaristas para a flexibilização do isolamento social. 

Segundo o Ministério da Saúde,4.797.948 exames moleculares haviam sido processados até 29 de agosto. A taxa de positividade era de 34,4% nos laboratórios públicos e de 38,6% nos particulares.

De acordo com painel da pasta, 8.004.800 testes rápidos sorológicos foram entregues. Segundo o boletim, 7.128.192 testes sorológicos (rápidos e laboratoriais) foram feitos. Os testes moleculares informam se a pessoa está infectada naquele momento. Os sorológicos, se há anticorpos no organismo. 

]https://www.huffpostbrasil.com/ 



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