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Comportamento
01/08/2020 21:00:00

Homem diz que foi alvo de ataque homofóbico por duas advogadas em Maceió


Homem diz que foi alvo de ataque homofóbico por duas advogadas em Maceió

Um homem que pediu para não ser identificado denunciou ao Cada Minuto, que foi vítima de um ataque homofóbico por parte de duas advogadas dentro de um escritório de advocacia em Maceió. O caso aconteceu em julho do ano passado e mesmo tendo prestado queixa, a situação ainda não foi resolvida. Uma das advogadas disse à reportagem que o caso não aconteceu dessa maneira e que o homem está respondendo processo por denunciação caluniosa, ameaça, injúria e difamação.

O homem contou que foi ao escritório de advocacia para tratar sobre assuntos trabalhistas e conversou com a primeira advogada. Ela teria manuseado os laudos e receitas médicas e visto que ele era portador de HIV, e viu que a tendinopatia de fíbula era causa perdida.

“Foi aí que pedi um carro por aplicativo para ir embora e ouvi a primeira advogada comentar com a sócia, em tom alto, sobre meu caso e me chamar de viado de forma preconceituosa”, comentou.

Foi então que ele ligou o celular e começou a filmar a situação. “Uma advogada saiu do local e a outra ficou. Falei que não gostei do que elas estavam falando da minha sorologia e da minha condição sexual. Ela disse que o termo viado é algo comum”.

Ele chegou a fazer um boletim de ocorrência e disse que após o acontecimento desenvolveu um quadro depressivo. “Cheguei a ser internado. O que elas fizeram contra mim foi horrível, não por causa da minha orientação sexual em si, mas por causa do HIV”. De lá pra cá, segundo ele, nada foi resolvido. “Pelo contrário, ainda recebi processos por injúria e ameaças que elas fizeram contra mim”.

Carlos Almeida, advogado, disse que está pleiteando para o cliente uma indenização por todos os danos que ele sofreu. “Além dele procurar um escritório de advocacia e ter toda sua patologia exposta para as pessoas que estavam ali, a orientação sexual dele, e o termo que foi utilizado. Não existiu respeito”.

Para o advogado, o cliente sofreu danos irreparáveis, já que ele chegou a ser internado em um hospital psiquiátrico e entrou em depressão. “A ação que entramos é para a reparação de todo dano moral que ele sofreu devido ao preconceito relacionado à orientação sexual e sobre a questão de ser portador do vírus HIV. Além disso, houve o rompimento do sigilo profissional”.

O advogado também pediu que a OAB se posicione com relação à conduta da advogada. “A lei é para todos”.

Versão da advogada

Em contato com o Cada Minuto, uma das advogadas apontadas na acusação disse que atendeu ele no escritório na recepção já que o secretário não tinha comparecido naquele dia. 

“Ele fez um relato dos fatos e disse que caiu pegando um paciente sozinho onde ele trabalhava. Não vi culpa da empresa no acidente. Ele assumiu o risco. E aí rejeitei a possibilidade de cobrar indenização. Em seguida ele me falou que foi assediado pela supervisora e que não sabia porque, mas, provavelmente, ele disse, que por ser gay”, contou.

Ele disse que ele que era homossexual na frente de todos que estavam na recepção. “Sem cerimônia e constrangimento nenhum. E aí a outra advogada chegou, e eu encaminhei para finalizar o atendimento”.

“Ele voltou à recepção com ela. Eu conversei em tom sutil com a mesma perguntando se ficaríamos com a causa. Ela disse que não porque a doença não tinha nada a ver com o trabalho, se referindo a retinopatia tendinopatia no calcanhar, devido a queda que ele havia falado, e varizes”, reforçou.

A advogada disse que perguntou sobre o assédio e ele começou a gravar, foi na direção delas e conversou com elas tranquilamente.

“Ele mesmo usou o termo viado. Pareceu mesmo estar provocando uma situação em benefício próprio. Eu vi que ele estava gravando, mas, disse ter transtornos psiquiátricos, então fiquei calma, com medo de uma ação pior dele. Estava com sacola na mão, não sabia o que ele tinha em mente e na sacola”, explicou.

Por fim, a advogada disse que tem 10 testemunhas e que ele está respondendo processo por injúria racial, ameaça, denunciação caluniosa, injúria e difamação. Ela também enfatizou que usou o mesmo termo que ele.

“Mentiu feio e tem uma intenção real. Queria o processo trabalhista para angariar, por certo, injustamente,  algum lucro. Não pactuamos com isso e ele enfureceu. Nem todo mundo sabe lidar com uma resposta negativa. No manual LGBTQI+ o G é  gay. Etimologicamente gay é sinônimo de homossexual, eu usei o mesmo termo que ele. Não compreendo...”, finalizou.

Cada Minuto



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