Senador espera que Deltan seja punido pelo CNMP

Ontem, o senador Renan Calheiros (MDB) depôs ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) contra o procurador da República Deltan Dallagnol – da operação Lava Jato de Curitiba – em processo administrativo disciplinar aberto pelo parlamentar por atuação político-partidária. Na avaliação do parlamentar, esta é a primeira vez que ficou provado o uso da instituição para fins pessoais e políticos.

À Tribuna, o senador relata ter reafirmado toda a peça inicial do processo aos membros do CNMP que vieram a Maceió e aos que participaram do encontro por videoconferência.

“É a primeira vez que alguém comprova a utilização política-eleitoral do Ministério Público Federal [MPF]. Então, eu respondi sobre a representação e seus aspectos; sobre as provas que estão acostadas. Foi um depoimento presencial porque procuradores vieram me ouvir em Alagoas, mas também coletivo, por rede. Reafirmei tudo aquilo que a peça inicial contém. E relatei aspectos dessa perseguição que sofri”, relata Renan Calheiros.

O ex-presidente do Congresso Nacional aponta a operação Lava Jato como autora de ações relevantes para o país, mas que pondera que seus agentes se perderam durante o processo e foram tomados por algum grau de autoritarismo.

“A história da humanidade se depara, em muitos momentos, com rompantes autoritários contra a política, contra a representação política. O lavajatismo é isso. Tinha projeto político. O [Deltan] Dallagnol era candidato, o próprio juiz [Sergio Moro] da operação era candidato. Inicialmente, isso foi obscurecido e hoje essas coisas estão comprovadas”, afirma. “Acho que a operação Lava Jato produziu fatos relevantes, mas errou quando se excedeu para o lavajatismo, que é um horror com interesses pessoais, políticos, contra as instituições, que queria acabar com o habeas corpus, transformar provas ilícitas em licitas e outros absurdos mais contra os quais o Congresso se opôs. Como eu estava à frente do Congresso, acabei pagando essa conta. Eu sempre defendi investigações, inclusive a Lava Jato, e sempre fui contra os excessos e generalizações”, completa Renan Calheiros.

Questionado se espera alguma punição a Deltan Dallagnol, o senador diz que sim. “Eu torço para que o CNMP aplique uma punição no Deltan, o afaste do cargo porque o que ele fez, inclusive com benefício pessoal, com aqueles R$ 2 bilhões e 200 milhões surrupiados da Lava Jato para sua fundação, que foi desfeito pelo Supremo Tribunal Federal. Tudo isso merece uma punição. No meu caso, pela odiosa perseguição que ele fez. Ele abriu mais de 20 investigações, desdobrou processos porque não havia fatos contra mim. Ele queria me colocar como multi-investigado e como símbolo da velha política. Isso não pode acontecer impunemente”, afirma Renan Calheiros.