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Especial
18/07/2020 12:00:00

Nova gasolina deve chegar a Alagoas em agosto

Combustível será mais caro, com promessa de mais eficiência e pode pesar no bolso


Nova gasolina deve chegar a Alagoas em agosto

Mais cara e com a promessa de ser mais eficiente, a nova gasolina anunciada pela Petrobrás deve chegar a Alagoas a partir de agosto. Para especialistas consultados pela Tribuna Independente a novidade pode pesar no bolso das famílias, porque a depender do preço final do produto, a economia pode não acontecer.
Na avaliação do economista Rômulo Sales o ganho proposto pela nova composição do combustível vai ser determinado pelo preço por litro. Num exemplo citado, caso o litro da nova gasolina aumente R$ 1,00 – atualmente custa R$ 4,30 – o consumidor já não terá benefícios.
“A economia prevista é que os motores fiquem entre 4% e 6% mais econômicos. Isso significa que, a cada 1.000 ml de gasolina, sobrariam entre 40 ml e 60 ml no tanque para rodar mais com o carro. Se o motor do carro consome 1.000 ml para rodar, em média 10 km, com a mesma quantidade ele rodaria entre 10,4 km e 10,6 km. Contudo, se em função da melhoria da qualidade do combustível o preço da gasolina aumentar mais do que sua economicidade, o consumidor pode perder sua vantagem. Em números, supondo que o combustível seja R$ 5,00/litro, cada km rodado custa R$ 0,50, considerando que o carro faça 10 km/l. Com a melhora no consumo entre 4% e 6%, e mantendo-se o preço do litro inalterado, o km rodado custaria entre R$ 0,48077 e 0,47170, uma economia entre 3,85% e 5,66% por km. Para anular o ganho do consumidor, o combustível, que nesse nosso exemplo custa R$ 5,00/l, bastaria aumentar para algo entre R$ 5,20 e R$ 5,30”, aponta.

Melhor desempenho seria em motores importados

 

Outro fator importante, é que a melhoria de desempenho deve ocorrer de forma mais acentuada em motores importados. O que excluiria boa parte dos veículos que rodam no país atualmente.
“O nosso combustível já é de octanagem mínima de 92 RON. A principal mudança diz respeito a densidade do combustível, que deverá ser de 715 g/m3, o que significa mais energia e menos consumo. Os carros com motores importados serão mais beneficiados com a possível melhora no rendimento do consumo utilizando essa gasolina”, avalia Rômulo.


Aprovada em janeiro deste ano, a resolução Nº 807/2020 da Agência Nacional do Petróleo (ANP) estabelece mudanças nas especificações da gasolina comum. Na prática, a informação é de que a gasolina será mais eficiente e os motores tenham um melhor desempenho com o combustível.
“Essas novas especificações aprimoram a qualidade da gasolina brasileira, proporcionam maior eficiência energética, melhorando a autonomia dos veículos pela diminuição de consumo, e viabilizam a introdução de tecnologias de motores mais eficientes, com menores níveis de consumo e emissões atmosféricas”, diz a ANP.


Para o também economista Lucas de Barros, uma das principais mudanças da nova gasolina é o preço, o que deve pressionar o custo dos produtos e principalmente o orçamento das famílias.


“A nova gasolina não chegou e já promete ser mais cara que a atual. Apesar da promessa de ser energicamente mais eficiente, o que ocasiona um menor consumo, já possuímos uma gasolina com alto preço devido a política da Petrobrás de paridade do valor do combustível em relação a exportação, o que torna ainda mais elevado devido a desvalorização do real frente ao dólar. E pelo que aponta a Petrobrás, o valor do novo combustível ficará um pouco acima dessa paridade. Do ponto de vista do consumidor, a tendência é este ter que migrar para outros combustíveis, caso compense, como o álcool, ou adotar meios de transporte coletivos ou mais econômicos como moto ou bicicletas. Está última que tem sido adotada como meio de transporte em diversos países também por causa do Covid19. Sabemos ainda que o preço do combustível influencia diretamente outros bens de consumo, especialmente alimentos devido a necessidade de transporte. Restringindo ainda mais o orçamento das famílias”, avalia o especialista.


Barros afirma que ainda não é possível determinar se a eficiência energética prometida pela nova composição do combustível vai gerar economia na prática.
“Resta saber se a promessa da diretoria da Petrobrás se aplicará na prática, do combustível ser tão mais econômico que compense o aumento do preço. O que parece mais um plano de marketing do que uma política pública em benefício da população”, pontua.

Tribuna Hoje

 



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