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Alagoas
04/06/2020 22:00:00

Sérgio Camargo, presidente da Fundação Palmares, chama movimento negro de 'escória maldita' em reunião


Sérgio Camargo, presidente da Fundação Palmares, chama movimento negro de 'escória maldita' em reunião

O presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, chamou o movimento negro de "escória maldita" em uma reunião gravada sem que ele tivesse conhecimento. Na ocasião, Camargo também disse que Zumbi era "filho da puta que escravizava pretos", criticou o Dia da Consciência Negra, falou em demitir "esquerdista" e usou o termo "macumbeira" para se referir a uma mãe de santo.

Os trechos foram divulgados nesta terça-feira (2) pelo jornal "O Estado de S. Paulo". De acordo com a publicação, o encontro, ocorrido em 30 de abril, teve participação de outros dois servidores da fundação e serviu para tratar do desaparecimento de um celular corporativo de Camargo.

Questionado na reunião a respeito de quem poderia ter pego o aparelho, respondeu: "Qualquer um. Eu exonerei três diretores nossos assim que voltei. Qualquer um deles pode ter feito isso. Quem poderia? Alguém que quer me prejudicar, invadindo esse prédio aqui pra me espancar. Quem poderia ter feito isso? Invadindo com a ajuda de funcionários daqui. O movimento negro, os vagabundos do movimento negro, essa escória maldita".

Sobre Zumbi dos Palmares – que dá nome ao órgão de promoção da cultura afro-brasileira –, Camargo comentou:

"Não tenho que admirar Zumbi dos Palmares, que pra mim era um filho da puta que escravizava pretos. Não tenho que apoiar Dia da Consciência Negra. Aqui não vai ter, zero – aqui vai ser zero pra [Dia da] Consciência Negra. Quando eu cheguei aqui, tinha eventos até no Amapá, tinha show de pagode com dinheiro da Consciência Negra. Aí, tem que mandar um cara lá, pra viajar, se hospedar, pra fiscalizar... Que palhaçada é essa?".

Procurada pelo G1, a assessoria de imprensa da Fundação Palmares enviou nota na qual Camargo "lamenta a gravação ilegal de uma reunião interna e privada".

"Assim, reitera que a Fundação, em sintonia com o Governo Federal, está sob um novo modelo de comando, este mais eficiente, transparente, voltado para a população e não apenas para determinados grupos que, ao se autointitularem representantes de toda a população negra, histórica e deliberadamente se beneficiaram do dinheiro público", continua a comunicado (leia a íntegra ao final da reportagem).

A nomeação de Camargo para a presidência da Fundação Palmares ocorreu no fim de novembro de 2019 e causou uma onda de reações. O motivo foi uma série de publicações, nas redes sociais, em que o jornalista relativizou temas como a escravidão e o racismo no Brasil.

Finalmente, em fevereiro deste ano, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) reverteu a decisão da Justiça Federal do Ceará, atendendo a um pedido feito pela Advocacia-Geral da União (AGU).

Nos áudios da reunião divulgados nesta terça pelo jornal "O Estado de S.Paulo", Camargo lembrou o período em que ficou afastado.

"Não recebi [salário], janeiro nem fevereiro. Agora vou ter que devolver celular. Por uma liminar que me censurou, por causa das minhas opiniões em redes sociais. Porque a esquerda acha que é propriedade, negro é uma propriedade dela. Não tem direito a livre opinião, só pode expressar a opinião da cartilha. Vocês vão se foder... Se tiver um esquerdista aqui, vocês me digam, onde está esse filho da puta, que eu quero exonerar. Ou demitir. Ou mandar pra outro órgão, se for efetivo", afirmou.

Em outro trecho, usou o termo "macumbeira" para se referir a uma mãe de santo que, segundo ele, repassava informações à imprensa.

"Tem gente vazando informação aqui pra mídia. Vazando pra uma mãe de santo, uma filha da puta de uma macumbeira. Uma tal de Mãe Baiana, aquela que infernizava a vida de todo mundo. É. Além de fazer macumba pra mim, essa miserável tá querendo agitar invasão aqui de novo. Eu sei, tem gente no grupo dela de WhatsApp. Tinha esquema. Não vai ter nada, nada pra terreiro, da Palmares, enquanto eu estiver aqui dentro. Nada, sério. Macumbeiro não vai ter nenhum centavo."

O que diz a Fundação Palmares

Veja, abaixo, nota enviada pela Fundação Cultural Palmares:

O presidente da Fundação Cultural Palmares (FCP), Sérgio Camargo, lamenta a gravação ilegal de uma reunião interna e privada. Assim, reitera que a Fundação, em sintonia com o Governo Federal, está sob um novo modelo de comando, este mais eficiente, transparente, voltado para a população e não apenas para determinados grupos que, ao se autointitularem representantes de toda a população negra, histórica e deliberadamente se beneficiaram do dinheiro público.

Infelizmente ainda existem, na gestão pública, pessoas que não assimilaram esta mudança e tentam desconstruir o trabalho sério que está sendo desenvolvido. Seguimos firmes em prol do Brasil e dos brasileiros! (Sérgio Camargo).

Fundação Cultural Palmares

G1



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