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Saúde
09/05/2020 20:00:00

Por que é essencial que gestantes e puérperas tomem a vacina da gripe diante do coronavírus


Por que é essencial que gestantes e puérperas tomem a vacina da gripe diante do coronavírus

Diante da pandemia de coronavírus pelo mundo e o recorde de casos no Brasil, o governo federal antecipou a campanha de vacinação contra a gripe no País. Após idosos e profissionais de saúde e salvamento, grávidas e puérperas estão no próximo grupo de imunização, que será iniciado neste sábado (9). 

Público prioritário de campanhas de imunização ao longo dos anos, as gestantes devem tomar a vacina não só para se proteger da gripe comum, mas também para auxiliar profissionais na triagem de pacientes e acelerar o eventual diagnóstico da covid-19. A mesma regra vale para puérperas, ou seja, mulheres que estão no chamado “puerpério”, período de 45 dias após o trabalho de parto.

Em abril, boletim epidemiológico do Ministério da Saúde incluiu gestantes de alto risco ou seja, aquelas com doenças como obesidade, hipertensão, diabetes gestacional, asma e quadro cardiológico, no grupo com mais vulnerabilidade à doença. As puérperas também pertencem ao grupo de risco. 

″É extremamente recomendável que elas tomem a vacina”, diz a infectologista Rosana Richtmann, do Instituto Emilio Ribas em São Paulo. “Para a gestante, independentemente do quadro de risco ou não, é uma proteção contra a influenza, pensando também em proteger o bebê”, explica a média que atende ainda nas maternidades Santa Joana e Pró-Matre, na capital paulista. “O fato de ela ser gestante por si só não a coloca no grupo de risco. Mas isso não quer dizer que não estamos atentos. A gravidez traz um quadro imunológico diferenciado e merece cuidado.”

Nós falamos que elas têm ‘baixa imunidade’ porque o organismo ainda está se adaptando à presença do bebê no útero.Silvana Maria Quintana, professora da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP)

Esse cuidado, segundo a especialista, se deve à flutuação da imunidade que é apresentada durante a gravidez — e pode colocar as gestantes em um grupo vulnerável à doença, em especial, se ela adquirir ou já apresentar uma doença pré-existente. Durante a gestação, o corpo se adapta à presença do bebê no útero, causando uma modulação hormonal, que pode piorar a resposta imunológica da paciente a vírus e bactérias.

“Nós falamos que elas têm ‘baixa imunidade’ porque o organismo ainda está se adaptando à presença do bebê no útero. Digamos que ele é um ‘corpo estranho’ se desenvolvendo dentro do corpo da mulher. E isso provoca uma modulação hormonal contra a rejeição, o que afeta a imunidade e a deixa mais propícia a infecções”, explica a ginecologista Silvana Maria Quintana, professora da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP).

A médica ressalta que a vacina contra a gripe - que contempla os tipos de influenza, família à qual pertence o H1N1 - não ajuda no combate ao coronavírus, já que ainda não há a cura para ele. Mas que, se a gestante está imunizada contra a gripe, é possível que isso auxilie no chamado “diagnóstico diferencial” de infecções respiratórias.

“Nós não temos os testes disponíveis para todas as pessoas no sistema de saúde. Então, se a gestante já estiver vacinada contra o H1N1 e apresentar os sintomas, isso auxilia no momento do diagnóstico. Cogita-se, então, a possibilidade do coronavírus”, aponta. 

Caso haja a necessidade de um atendimento especializado, as doenças contempladas pela vacina contra a gripe já serão descartadas na triagem das pacientes que chegarem às unidades básicas de saúde com sintomas e apresentarem a imunização. Ou seja, o atendimento é facilitado.

Quintana chama atenção para o fato de que, independentemente do coronavírus, infecções respiratórias tendem a ser mais severas entre gestantes. “Ele [vírus da gripe] tende a se manifestar de forma mais intensa durante a gestação. É preciso que a vacina seja aplicada em qualquer trimestre da gravidez.”

Além dos sintomas já conhecidos como febre, coriza e indisposição, a gripe pode causar complicações e outras infecções respiratórias mais graves, como pneumonia.

Com a vacina, um efeito “protetor” é causado tanto na gestante, quanto no feto. “A gestante, ao receber a vacina, de duas a quatro semanas antes de o bebê nascer, forma anticorpos que atravessam a placenta. Então, esse bebê estará protegido do H1N1 no primeiro ano de vida”, diz.

A especialista ainda faz uma recomendação: “gestantes devem seguir a mesma recomendação de todos: lavar as mãos, fazer uso do álcool em gel e, principalmente, evitar qualquer tipo de aglomerações, incluindo visitas de parentes em casa”. O ideal é que pessoas do convívio da grávida também se vacinem.

Ao todo, cerca de 67 milhões de mulheres devem ser vacinadas. A meta, segundo o Ministério da Saúde é vacinar, pelo menos, 90% de cada um dos grupos, até o dia 22 de maio. Para isso, a pasta informa que investiu R$ 1 bilhão em 75 milhões de doses da vacina que foram enviadas aos estados.

A vacina, composta por vírus inativado, é trivalente e protege contra os três vírus que mais circularam no Hemisfério Sul em 2019: Influenza A (H1N1), Influenza B e Influenza A (H3N2).

O dia “D” de mobilização nacional para a vacinação acontece neste sábado (9). Nesse dia, os 41 mil postos de saúde espalhados pelo País ficarão abertos para atender todos os grupos prioritários. 

A campanha seguirá até o próximo dia 23 de maio.

Especialistas ouvidos pelo HuffPost pontuam que as consequências da infecção do novo coronavírus na gestação ainda são incertas e sem evidências, em especial, no que diz respeito à gravidade para mães e bebês. Contudo, eles estão em alerta. Isso porque a família de vírus “SARS”, à qual pertence a covid-19, pode eventualmente causar aborto, ruptura, parto prematuro, restrição de crescimento intrauterino e morte materna.

“As gestantes de alto risco são aquelas que têm diabetes, pressão alta, obesidade. Elas entraram no grupo de risco justamente por apresentarem um quadro que pode exigir cuidados redobrados durante a gravidez e, por isso, uma vulnerabilidade maior ao vírus. É algo semelhante ao que acontece com outros pacientes que já apresentam doenças pré-existentes”, explica a infectologista Rosana Richtmann.

Segundo Richtmann, os cuidados devem ser redobrados no momento do puerpério. “Esse é um momento em que você tem uma alteração hormonal e imunológica no corpo da mulher. Então, de novo: é um momento de atenção para você estar ‘em cima’ dessas pacientes. A gente sugere que elas fiquem em casa, evitem o máximo de visitas - sabemos que é difícil, mas elas terão muito tempo para apresentar o bebê às pessoas. O momento pode esperar”, aconselha.

A infectologista lembra que pessoas assintomáticas podem carregar o vírus e que visitas até na maternidade estão suspensas. “É um direito da mulher ter um acompanhante no momento do parto; o que não pode acontecer são aglomerações e visitas. Independentemente de a pessoas estar ou não saudável, a gente sugere que as visitas estejam suspensas neste momento.”

https://www.huffpostbrasil.com/



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