Nas redes sociais, Alcalá se identifica como um “militar venezuelano aposentado desde 2013” e “membro da Plataforma em Defesa da Constituição”. “Sou um soldado. (…) Em meus 58 anos, sempre me comportei em função do bem coletivo”, escreveu, em 26 de março passado. “Aqui vemos as assinaturas (...) do cidadão Juan Guaidó” e “do próprio Jordan Goudreau”, disse o procurador, fazendo referência a uma foto do suposto contrato, divulgada por uma jornalista venezuelana que mora em Miami, Patricia Poleo.
“O objetivo era matar o presidente da Venezuela”, declarou Maduro, ontem, ao citar “evidências, depoimentos e vídeos” obtidos pelos investigadores. “A República Bolivariana da Venezuela denuncia à comunidade internacional uma nova agressão terrorista e mercenária organizada do território da República da Colômbia e planejada por agentes dos EUA contra a paz, a democracia e a soberania da Venezuela”, afirma comunicado do Ministério das Relações Exteriores venezuelano.
Negativa
O Correio entrou em contato com Guaidó. O porta-voz dele enviou um comunicado segundo o qual “o governo encarregado da Venezuela rejeita qualquer relação com ‘nenhuma empresa do ramo de segurança e de defesa’, tal como assinalou, no fim de semana passado, um representante de uma empresa estrangeira de nome Silvercorp”. “Não temos nenhum relacionamento ou responsabilidade pelas ações da empresa Silvercorp”, reforçou. Um dos mercenários capturados seria o capitão dissidente Antonio Sequea, que participou de um levante contra Maduro, junto a 30 militares, em 30 de abril de 2019, com o aval de Guaidó. Outro é Josnars Adolfo Baduel, filho do general Raúl Baduel, aliado do ex-presidente Hugo Chávez.
Prefeito de Caracas e preso político foragido e exilado em Madri, António Ledezma desqualificou as acusações do regime de Maduro. “Desde a época de Chávez, são quase 30 supostas tentativas de magnicídio denunciadas pelo regime. Muitos militares foram executados, torturados e presos. Policiais também foram afetados, como Óscar Pérez, morto pelas forças do governo”, explicou.
Por sua vez, Diego Enrique Arría — ex-governador de Caracas e ex-candidato à Presidência da Venezuela — ironizou as denúncias. “Maduro se sente tão importante que afirma constantemente que desejam matá-lo. Em nenhum lugar do mundo um complô de assassinato incluiria a invasão ao território pelo seu porto ou sua praia principal. É como se uma invasão ao Brasil fosse feita pela Praia de Ipanema”, comentou. Segundo Arría, o procurador-geral Tarek William Saab é “uma figura desacreditada, imoral e corrupta”. “Tentar envolver o presidente interino Juan Guaidó é algo ridículo. Essa pantomina é algo absolutamente absurdo e falso. Isso indica o desespero de um regime qualificado de narcoterrorista e criminoso por meio mundo.”
Eu acho
“Há uma maioria imensa de venezuelanos que clamam para que Nicolás Maduro abandone o poder usurpado. As denúncias contra Juan Guaidó não são novas. Esses sinais têm sido dados há muito tempo. O cerco a Guaidó faz parte da intolerância e da conduta repressiva do regime de Maduro.” António Ledezma, prefeito de Caracas e preso político foragido e exilado em Madri.
Correio Braziliense