Um levantamento feito pela ONG Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) mostrou que 42% dos casos de violência doméstica contra a mulher acontecem dentro de casa. Se essa situação já era grave antes da pandemia, imagine agora. A Associação Para Mulheres (AME) em Alagoas dobrou o número de atendimentos para essas vítimas. Antes da pandemia, a AME atendia em média 200 mulheres. Agora, já são 402 - desde o início do isolamento social no estado -.
Segundo a presidente da Ame, Júlia Nunes, a associação recebeu de 20 de março a 22 de abril, 402 vítimas. Do total, a advogada entrou com 11 pedidos de medidas protetivas e 56 denúncias foram formalizadas.
“Elas procuram porque sofreram violência, contam o que ocorreu, nós explicamos os direitos e incentivamos a formalização da denúncia. Elas dizem que vão pensar, outras dizem que não têm coragem. Nós encaminhamos essa pessoa para o psicólogo. Apenas quatro formalizaram, duas entramos com medida protetiva e as outras duas não precisaram”, explicou.
Com a situação da pandemia, novos problemas surgiram e agravaram mais ainda a vida dessas mulheres. De acordo com Júlia, a dificuldade financeira, o convívio familiar e o uso de entorpecentes e álcool contribuem para o aumento dos casos.
“Para a vítima é difícil acabar o relacionamento e recomeçar, com o fechamento do mercado as possibilidades de emprego e de empreender são ainda mais reduzidas. Voltar para casa dos pais no interior é quase impossível sem dinheiro e transporte. Estamos bem assustadas com a elevação do índice e, principalmente, com a falta de condições básicas para quebra do ciclo da violência”, enfatizou Nunes.
A presidente da AME também reforçou os tipos de violência: psicológica, física, sexual, patrimonial e obstétrica. “É importante que as mulheres saibam esses tipos de violência e que denunciem”.
Na semana passada, o Cada Minuto fez uma live com a advogada falando sobre os casos de violência.
Para quem deseja denunciar, Nunes disse que basta entrar em contato pelas redes sociais da AME ou pelo número (82)99630-1008.
Formas de denunciar
A presidente da Comissão Especial da Mulher da OAB, Caroline Leahy, afirmou que se alguém presenciar algum tipo de violência doméstica ligue para o 190 para que uma guarnição da Polícia Militar vai até o local.
Outra maneira é a denúncia feita pela delegacia interativa, totalmente online pelo site http://www.delegaciainterativa.al.gov.br/
CNJ cria grupo para frear aumento dos casos na quarentena
Devido ao aumento de casos, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) criou um grupo de trabalho para elaborar sugestões de medidas emergenciais para prevenir ou frear a violência em situação doméstica.
O grupo vai realizar estudos e apresentar diagnósticos sobre dados que conduzam ao aperfeiçoamento dos marcos legais e institucionais sobre o tema e sugerir medidas que garantam maior celeridade, efetividade e prioridade no atendimento das vítimas de violência doméstica e familiar no Poder Judiciário.