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Coronavirus
27/03/2020 18:00:00

Coronavírus: risco de morte aumenta 60% em pacientes cardíacos internados


Coronavírus: risco de morte aumenta 60% em pacientes cardíacos internados

Covid-19 ainda é um desafio para especialistas da área médica, que tentam entender melhor os efeitos da doença sobre o organismo humano. Um grupo internacional de cientistas analisou pacientes infectados na cidade de Wuhan, na China, para tentar decifrar como a doença se comportou no local em que surgiram os primeiros casos. Eles observaram que muitos infectados sofreram lesão cardíaca, e que os riscos de óbito amentaram 60% naqueles que apresentaram esse dano enquanto estavam internados. Os pesquisadores acreditam que os dados, publicados na última edição da revista internacional Jama, poderão ajudar no combate à enfermidade.

“Desde dezembro de 2019, a Covid-19 resultou em considerável mortalidade em mais de 30 países e, recentemente, evidências crescentes substanciam a presença de lesão cardíaca em pacientes com essa enfermidade. Por isso, resolvemos analisar esse grupo e nos aprofundar nesse tema”, escreveram os autores do trabalho, liderados por Bo Yang, pesquisador do Renmin Hospital, na China.
 
Foram analisados 416 pacientes hospitalizados em decorrência da Covid-19 e com idade média de 64 anos. Os pesquisadores observaram que 82 pessoas (19,7%) tiveram lesão cardíaca durante o tratamento. Além disso elas eram mais velhas que os indivíduos sob tratamento, mas que não tinham o dano no coração. Esse primeiro grupo também necessitou mais de ventilação mecânica não invasiva ou ventilação mecânica invasiva durante a internação e apresentou outras complicações. “Registramos mais problemas (...), como  síndrome do desconforto respiratório agudo, lesão renal aguda e distúrbios da coagulação”, listaram os autores.
 
Os pacientes com lesão cardíaca apresentaram ainda maior mortalidade — risco 60% maior de óbito —, quando comparados ao outro grupo estudado. Para os cientistas, os dados precisam ser aprofundados — não se sabe, por exemplo como a lesão cardíaca é provocada pela Covid-19. Mas eles acreditam que os dados já obtidos podem ser valiosos para a área terapêutica. “Embora o mecanismo exato da lesão cardíaca deva ser mais explorado, as descobertas destacam a necessidade de considerar essa complicação no manejo da Covid-19”, justificaram.
 
Novos cuidados
 
Para Ludhmila Hajjar, professora de cardiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), o estudo internacional traz dados que caminham com descobertas recentes sobre a nova enfermidade. “A família desse vírus, que já causou doenças como a Sars e a Mers é conhecida pelos danos que causa ao sistema cardiovascular. Mas, agora, temos um vírus novo para ser avaliado. Já sabemos que 33% das mortes provocadas por essa enfermidade na China têm causa direta com um problema cardiovascular.”
 
A especialista brasileira acredita que a investigação internacional ajuda a compreender melhor os efeitos causados pelo novo coronavírus ao sistema cardíaco, o que pode contribuir para o atendimento médico. “Esse estudo faz uma análise interessante, uma retrospectiva, que mostra uma mortalidade alta, de até 60%, nos pacientes que sofreram com essa injúria. Hoje, já tomamos cuidados voltados para essas características, assim que o paciente chega à UTI, avaliamos o coração dele, tentando entender caso a caso e identificar o melhor tratamento”, detalhou.
 
Segundo a médica, os dados também reforçam a necessidade de maior cuidado com aqueles que sofrem com problemas cardíacos, o que os coloca na condição de grupo de risco.  “Temos de ficar mais atentos a essas pessoas, dizemos que elas têm uma reserva cardíaca menor, ou seja, vão responder de forma ainda mais frágil a essa doença. Por isso, é importante que a população reconheça que hipertensos, pessoas com angina, que sofreram AVC (acidente vascular cerebral) e infarto, entre outros problemas cardíacos, precisam respeitar ainda mais a recomendações relacionadas à prevenção”, completou.
 
Lágrimas não transmitem
 
Embora os pesquisadores tenham certeza de que o coronavírus se espalha pelo muco e por gotículas expelidas por tosse ou espirro, não está claro se isso acontece com outros fluidos corporais, como as lágrimas. Segundo cientistas do Hospital Universitário Nacional de Cingapura, essa transmissão é improvável. Para chegar à conclusão, eles analisaram lágrimas de 17 infectados desde o momento em que apresentaram sintomas da doença até 20 dias depois da recuperação. O micro-organismo não foi detectado nas amostras. Ainda assim, a equipe reforça que proteger os olhos — evitando coçá-los, por exemplo — ajuda a evitar a infecção. A pesquisa foi divulgada na versão on-line da revista Ophthalmology.
 
Correio Braziliense


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