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Polícia
10/02/2020 23:59:00

Clonagem, calúnia, ‘espiões’: AL registrou mais de mil crimes cibernéticos em 2019


Clonagem, calúnia, ‘espiões’: AL registrou mais de mil crimes cibernéticos em 2019

A dependência dos seres humanos em relação a seus aparelhos celulares é tanta que o objeto não raras vezes é descrito como uma extensão do corpo de seu usuário, assim como as redes sociais são classificadas, por muitos, como essenciais. Isso explica a sensação de impotência e desorientação quando alguém tem sua identidade virtual “roubada”, por meio de uma clonagem do Whatsapp ou da instalação de um aplicativo de monitoramento em tempo real, por exemplo.

Somente em 2019, a Polícia Civil de Alagoas registrou mais de mil crimes cibernéticos no estado. Segundo o delegado Thiago Prado, titular da Divisão Especial de Investigação e Capturas (DEIC), 1/3 deste total é relacionado a fraudes que deram algum prejuízo financeiro às vítimas. Outro terço são crimes contra a honra, como ameaça, injúria, calúnia e difamação.

Conforme o delegado, nessa segunda categoria as mulheres são as principais vítimas e os algozes costumam ser os próprios companheiros ou ex-companheiros das vítimas. O restante são crimes cibernéticos variados.

Prevenção

Enquadrado geralmente na categoria de fraude, a clonagem do Whatsapp é um dos crimes cibernéticos mais comuns hoje. Frisando sempre que a prevenção é o melhor caminho para não cair nos golpes, Thiago Prado disse que a clonagem preocupa, porque além de causar grandes transtornos a quem tem o aparelho invadido, causa prejuízos financeiros a pessoas que caem nele.

“Estamos investindo na parte de prevenção, orientando a população para não efetuar qualquer tipo de pagamento que tenha como base pedidos feitos pelo Whatsaap e orientando os usuários que ativem a verificação em duas etapas pelo aplicativo, medida necessária e eficaz para impedir por completo a clonagem”, explicou.

Segundo ele, a medida preventiva assume grande importância também devido ao fato de serem de fora as quadrilhas que praticam os crimes de clonagem de whatsapp: “No caso dos registros de Alagoas em 2019, identificamos que todas as quadrilhas são de são Paulo, logo esse grupo só pode ser investigado pela Polícia Civil de lá e a daqui fica limitada. Emitimos um pedido de investigação, de colaboração para a polícia de lá, só que não temos o controle, já que é uma instituição diversa da nossa”.

O que fazer

Se apesar de todos os cuidados, a pessoa for vítima do golpe do Whatsapp, a primeira medida quando identificar que teve o aplicativo clonado é avisar todas as pessoas do seu ciclo, por meio de redes sociais, impedindo que outros venham a efetuar pagamentos, depósitos e transferências a pedido dos criminosos.

Registrar qual a conta bancária indicada pelo golpista para receber as vantagens indevidas é o segundo passo e o terceiro, procurar qualquer delegacia e fazer o registro da ocorrência para que o caso possa ser investigado e contabilizado nas estatísticas.

Roubo de senhas e aplicativos espiões

Em relação a outros crimes cibernéticos, o delegado disse que se enquadram neles o roubo de senhas. “Trata-se de invasão de dispositivo informático, está previsto no Código Penal e o infrator pode estar sujeito à privação de liberdade e pagamento de multa”.

Thiago Prado acrescentou que também é importante formalizar a denúncia, para que pessoa responsável pela invasão da rede social de outra, por exemplo, assuma as consequências do ato. Paralelamente, deve-se procurar os canais de comunicação disponibilizados pelas próprias redes para recuperar a senha.

Ainda pouco conhecido, a utilização de aplicativos espiões também é crime de invasão de dispositivo informático. A exibição de uma reportagem sobre o assunto, no programa Fantástico, da Rede Globo, gerou curiosidade e também preocupação em muita gente, já que o programa é utilizado principalmente por parceiros amorosos em busca de flagrar possíveis traições.

“Quem invade celular, notebook, tablet, pode responder na Justiça, tanto o autor como quem participa, a exemplo de detetives privados e pessoas responsáveis pela instalação do aplicativo espião. Quem colabora com o crime responde”, frisou o delegado.

Ele explicou que o aparelho pode apresentar indícios de que foi invadido - como maior lentidão - mas não é fácil detectar os programas, que ficam alojados no sistema operacional. “Quem sabe manusear bem o smarthphone, um especialista no ramo pode descobrir se tem um espião instalado. Caso confirmada a suspeita, a vítima deve fazer o BO e o aparelho será levado à perícia para documentar a existência do dispositivo”, concluiu.

Convite falso

O odontólogo Bruno Omena - autor também do Blog Resenha 100 Nota, aqui no CadaMinuto – teve o Whatsapp clonado este ano. “Obviamente tem o transtorno imediato, que é o de ficar sem comunicação, já que essa é uma ferramenta que gente, nestes tempos modernos, usa muito. Então tive que passar sete dias para poder habilitar novamente o aplicativo, mas o maior transtorno que poderia me trazer seria se algum contato meu fosse lesado, sofresse algum tipo de prejuízo”, contou.

Ele explicou que o golpe aconteceu quando recebeu uma ligação do suposto assessor de uma loja na qual ele já havia comprado mercadorias relacionadas a cinema: “Ele disse que estava organizando uma festa e que eu estava na lista de convidados. Contei que não poderia comparecer e ele solicitou que enviasse um código de confirmação para constar no registro que o convite havia sido feito... Diante dos detalhes, achei plausível a conversa e caí no golpe da clonagem”.

Logo depois de passar o código para o falso assessor, Bruno Omena desligou o celular e já  percebeu que seu Whatsapp estava inacessível e o golpista já tinha acessado e assumido o controle de sua conta. “Em seguida comecei a receber ligações de amigos e contatos pedindo para que confirmasse se era eu mesmo que estava pedindo empréstimos e depósitos... Pelo meu conhecimento ninguém teve nenhum tipo de prejuízo”, prosseguiu.

O odontólogo procurou então a operadora de seu telefone, que o ajudou a encontrar o e-mail da central do Whatsapp, por meio da qual ele comunicou a clonagem e pediu a desativação da conta, que só pôde ser retomada sete dias depois.

“Depois disso fiquei mais atento às medidas de segurança e prevenção online, entre elas a segurança em duas etapas... O que mudou indiretamente e se fortaleceu em mim foi a descrença em conversas de pessoas que não conhecemos muitos bem, pois, infelizmente existem muitos golpistas por aí tentando se aproveitar da boa fé alheia...  Prejuízo financeiro não tive, pelo que apurei nenhum dos meus contatos foi lesado, no entanto, soube que um dos meus amigos teve o Whatsapp clonado também, pois o golpista, se passando por mim, para umas pessoas pedia dinheiro e para outras solicitava esse código de verificação”, desabafou Omena.

Cada Minuto

 



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