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Especial
26/01/2020 20:00:00

Brasileiros deportados dos EUA chegam ao Brasil em voo fretado e citam algemas nas mãos e pés


Brasileiros deportados dos EUA chegam ao Brasil em voo fretado e citam algemas nas mãos e pés

Desembarcou na noite dessa sexta (24), no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, um grupo de brasileiros deportados dos Estados Unidos que chegou em um voo fretado pelo governo americano. A aeronave havia partido de El Paso, no Texas, e aterrissou no Brasil por volta das 23h55.

Segundo informações do portal UOL e da agência Estadão Conteúdo, o governo americano comunicou o Ministério das Relações Exteriores que eram cerca de 70 pessoas deportadas, embora o número exato ainda seja desconhecido pelas autoridades brasileiras. A checagem final ainda não foi divulgada.

"Nunca mais. Não tenho inimigos, mas se tivesse, não desejaria isso pra eles", disse Renê Lima, de Parauapebas no Pará, ao desembarcar em Confins. Segundo o paraense, muitos passageiros viajaram algemados, nas mãos e pés.

Famílias inteiras estavam no voo --pais, mães e filhos. A maioria era de Minas Gerais. Em alguns casos, mães e filhos; vários, escondendo os rostos. Todos com uma pequena sacola nas mãos, ou com um plástico em que o governo dos Estados Unidos colocou objetos pessoais, como telefones. Parte estava apenas com a roupa do corpo.

"Voltei só com a Bíblia", disse Renê, que na chegada ainda teve o plástico utilizado para os objetos trocado. Acabou tendo às mãos o telefone de um outro passageiro, e não sabia o que faria para devolver. Segundo ele, que é soldador, sua detenção nos Estados Unidos aconteceu há quatro meses. "Fui para a Cidade do México e, de lá, peguei outro avião para Juarez", conta.

Segundo o soldador, ele pulou o muro que está sendo construído pelo governo dos Estados Unidos na fronteira com o México. "Fica um coiote embaixo, que te ajuda, e outro em cima do muro que te puxa".

A "estratégia" foi confirmada por outros passageiros. "O muro só é alto próximo das cidades. Na parte mais afastada, é baixo", afirmou outro passageiro, que não quis se identificar.

Renê diz que foi preso no dia em que chegou a Juarez e tentou atravessar a fronteira. Conta ter ficado cinco dias em uma prisão federal. "Você vai para a Corte. O juiz te dá sentença. Peguei cinco dias. Fiquei em cela com outras quatro pessoas".

O paraense relata que, em seguida, foi enviado para a imigração onde, contou, ficava em celas com 50 pessoas até ontem. Famílias com crianças ficavam em tendas. "Somos muito mal tratados nos Estados Unidos. Vou para Portugal", afirmou. Ele disse que, com a ajuda de amigos, pegaria um ônibus para o Pará, onde vai organizar sua ida para a Europa.

No voo, conforme o soldador, todos os homens ou mulheres solteiras estavam com algemas nas mãos e pés. Mães com filhos, não. Isso também foi confirmado por outros passageiros. Renê contou que, durante toda a viagem, os passageiros comeram um sanduíche de mortadela e tomaram uma garrafa pequena de água.

A tripulação do avião era de 25 pessoas. O número maior do que o habitual para viagens internacionais é por conta de seguranças colocados no aparelho para acompanhar os deportados.

Segundo a agência Reuters, o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem facilitado a deportação de cidadãos que vivem ilegalmente nos Estados Unidos. Em outubro do ano passado, 70 pessoas foram deportadas num avião fretado. Os voos são os primeiros autorizados pelo Brasil desde 2006.

Ainda conforme a Reuters, o número de brasileiros presos pela ICE (Agência de Imigração e Alfândega dos EUA) na fronteira com o México subiu para 17.900 no ano fiscal de 2019, um aumento de mais de dez vezes em relação ao ano anterior, segundo dados do governo americano.

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