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09/01/2020 12:00:00

EUA estão 'prontos para tudo', mas Irã está 'se acalmando', diz Trump


EUA estão 'prontos para tudo', mas Irã está 'se acalmando', diz Trump

Em pronunciamento que reduziu a escalada de tensão com o Irã, o presidente americano, Donald Trump, afirmou nesta quarta-feira (8/1) que os mísseis balísticos iranianos disparados contra bases abrigando tropas dos EUA no Iraque não feriram soldados americanos ou iraquianos, causaram "danos mínimos" e que a resposta, por enquanto, será o aumento de sanções econômicas contra Teerã.

"Vamos continuar a avaliar nossas opções e aplicaremos sanções adicionais até que o Irã mude seu comportamento", afirmou Trump, chamando o país de "maior patrocinador do terrorismo" no mundo.

Ao mesmo tempo em que criticou o regime iraniano e afirmou que o general Qasem Soleimani — morto na semana passada por um ataque a drone americano, gatilho para as tensões atuais — era o "maior terrorista do mundo" e tinha "sangue americano e iraniano nas mãos", Trump declarou que não quer usar seu poderio militar contra o Irã, que os EUA estão "prontos para abraçar a paz com os que a buscarem" e que EUA e Irã precisam trabalhar juntos em interesses "compartilhados", como o combate ao grupo autodenominado Estado Islâmico.

Trump pediu que outros países da aliança militar Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) se envolvam mais no Oriente Médio e que potências internacionais envolvidas no acordo nuclear com o Irã (assinado em 2015, no governo de Barack Obama) abandonem a iniciativa e renegociem um novo acordo capaz de deter as ambições nucleares iranianas.

O presidente americano afirmou que as tropas dos EUA estão preparadas "para tudo", mas que, por enquanto, "o Irã parece estar se acalmando, o que é bom para todas as partes envolvidas e muito bom para o mundo".

Ataques mútuos

O discurso se segue ao ataque de mísseis balísticos iranianos, na véspera, contra duas bases aéreas que abrigam tropas americanas no Iraque, em retaliação à morte do general Soleimani. Não está claro, ainda, se haverá mais ações militares iranianas contra os EUA.

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, afirmou que o ataque foi um "tapa na cara" dos americanos e pediu o fim da presença dos Estados Unidos no Oriente Médio.

Na mesma linha, o presidente iraniano, Hassan Rouhani, disse que a "resposta final" do Irã à morte de Soleimani seria a "expulsão de todas as tropas americanas da região".

A morte de Soleimani em um ataque a drone ordenado por Trump em solo iraquiano elevou as tensões entre EUA e Irã para o nível mais alto das últimas décadas.

O regime iraniano prometera vingança pelo assassinato do segundo homem mais poderoso do país. Trump, por sua vez, afirmara que ações iranianas seriam respondidas militarmente — o presidente americano chegou a ameaçar atacar alvos culturais iranianos, o que mais tarde foi negado pelo secretário de Defesa, Mark Esper.

'Medidas proporcionais'

Os bombardeios da madrugada desta terça representam o ataque mais direto do Irã aos Estados Unidos desde a invasão da Embaixada americana em Teerã em 1979.

O ministro da Defesa do Irã afirmou que a resposta do país a qualquer retaliação americana será proporcional à ação dos EUA.

Mas Javad Zarif, ministro das Relações Exteriores do Irã, escreveu no Twitter que trata-se de uma autodefesa e que o país não está buscando uma escalada de tensões ou guerra.

"O Irã adotou e concluiu medidas proporcionais de legítima defesa, de acordo com o artigo 51 da Carta das Nações Unidas, em direção a bases a partir das quais saíram ataques armados covardes contra nossos cidadãos e funcionários de alto escalão. Não buscamos uma escalada (dos conflitos) ou guerra, mas nos defenderemos de qualquer agressão", diz o tuíte.

Bolsonaro

Em transmissão ao vivo feita pelo Facebook, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro assistiu à transmissão do discurso de Trump e, ao final, afirmou que o Brasil "quer a paz no mundo".

Ele afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando no poder, "esteve no Irã e defendeu que (o país) enriquecesse urânio (substância usada em atividades nucleares) acima de 20% para fins pacíficos. (...) Nossa Constituição diz que o Brasil rege-se nas relações internacionais pelos princípios da defesa da paz e repúdio ao terrorismo."

Em 2010, porém, Lula, na época envolvido em negociações sobre o programa nuclear iraniano, afirmou que "não concordaria" caso o Irã enriquecesse urânio acima de 20% (ponto a partir do qual a criação de uma arma nuclear torna-se mais próxima).

"O Irã estará rompendo com o tratado que é feito por todos nós, nas Nações Unidas. E eu não poderia concordar", disse Lula em fevereiro de 2010.

Naquele ano, acordo costurado entre Brasil, Irã e Turquia previa enriquecimento de urânio a até 20% fora do território iraniano — mas os termos do acordo e a própria adesão do Irã eram vistos com ceticismo pela comunidade internacional, e a negociação naufragou. Na época, a então secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, afirmou que o acordo fazia o Irã "ganhar tempo" e evadir a supervisão internacional, tornando "o mundo mais perigoso, e não menos".

Bbc News Brasil




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