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Especial
16/11/2019 15:00:00

Universidade faz curso de canabidiol para médicos


Universidade faz curso de canabidiol para médicos

O uso de canabinoides será tema de curso de aperfeiçoamento de medicina. Cinco anos depois de a Anvisa liberar a importação da substância - um componente da maconha - para uso em pacientes com doenças específicas e de mais de 800 profissionais passarem a prescrever o tratamento no País, a Universidade Estácio promoverá um curso voltado para profissionais interessados em saber mais sobre o componente, quando e como prescrevê-lo. As poucas vagas para a edição do curso foram esgotadas rapidamente e uma fila de espera já se formou, para novos módulos.

“O curso trará uma reflexão sobre algo que é novo, mas que já vem mostrando benefícios”, afirma o gestor nacional de Medicina da universidade, Sílvio Pessanha Neto.

As aulas serão dadas por profissionais que, além do conhecimento teórico, têm experiência de prescrição. Embora pesquisas científicas sobre o uso de canabinoides não sejam fartas, e haja ainda resistência de muitos profissionais no uso, Pessanha Neto avalia que o curso vem em boa hora.

“A gente não pode deixar como antigamente. Primeiro ir para o livro para depois chegar às mãos dos alunos”, defende.

Entre os que avaliam que o produto deva ter o uso limitado está o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Durante a discussão na Anvisa para facilitar o registro de novas drogas no País que levam em sua composição a substância e para liberar o plantio da maconha para fins de pesquisa e fabricação de medicamentos, o ministro afirmou que canabidiol não era uma “panaceia” e que o uso era ainda muito restrito.

O rumo das discussões, no entanto, não afeta a atividade dos profissionais de saúde. O curso terá como ponto de partida a discussão de casos de pacientes tratados com o canabidiol para controle de problemas ligados a ortopedia, oncologia, neurologia.

“Há uma carência de informações sobre o assunto”, avalia Pessanha Neto. “O objetivo do curso não é prescrever ou não prescrever. A ideia é trazer para universidade discussões para que colegas possam interagir e, a partir daí, avaliar sua prática clínica.”

A neurologista de São Paulo Christina Funatsu foi uma das que se inscreveram no curso, que tem carga horária de oito horas. Com 25 anos de experiência profissional, Funatsu passou a indicar o uso de canabidiol há pouco mais de um ano, para um pequeno número de pacientes que não apresentavam respostas com o tratamento tradicional. No início, as tentativas eram tímidas. Dosagens muito baixas, com avaliação constante da resposta de cada paciente.

“Sempre fui e continuo sendo muito cautelosa. Os pacientes já usam uma série de medicamentos, daí o cuidado maior”, completa.

A neurologista diz indicar o canabidiol para pessoas que já não respondem à medicação para dores crônicas ou para pacientes com crises convulsivas de difícil controle. Ao longo de um ano, ela calcula ter prescrito canabidiol para quase uma centena de pessoas.

“Pela experiência que tive, o canabidiol é um divisor de águas. É uma esperança para quem já tinha esgotado todos os tratamentos convencionais.”

Christina conta que, em termos gerais, assistiu a uma melhora importante nos seus pacientes. Em alguns casos, a evolução foi prejudicada pela falta de acesso ao extrato. “Não são todos que conseguem arcar com os custos por um longo período.”

Embora a prática tenha trazido bons resultados, a médica afirma ter interesse em conhecer mais sobre o tema.

“Canabinoides sempre são citados em simpósios, congressos. Mas nunca assisti um painel voltado apenas para o assunto”, completa.

Muitos de seus colegas são céticos em relação ao uso. Outros, assim como a neurologista, têm muita curiosidade em expandir o conhecimento nesta área.

A expectativa é de que o curso seja dado também para profissionais do Rio. O aperfeiçoamento foi feito com a consultoria da GreenCare, especializada em medicamentos a base de canabinoides. Martim Mattos, presidente da empresa, avalia que um eventual aumento de profissionais prescrevendo o canabidiol em nada interferiria na discussão que ocorre na Anvisa.

“Esse é um aprofundamento científico, não tem nada de político”, diz.

Estadão

Msn



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