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Congresso Nacional
30/10/2019 10:00:00

Economia decadente na origem da revolta no Líbano


Economia decadente na origem da revolta no Líbano

 ira dos libaneses, nas ruas desde 17 outubro contra a classe política e cujo primeiro-ministro, Saad Hariri, renunciou nesta terça-feira (29), se alimentou dos ressentimentos frente a anos de empobrecimento de seu país, à beira da quebra econômica.

- Serviços públicos deficientes -

Além de uma rede de estradas deterioradas e de transportes públicos insuficientes, o país sofre uma escassez recorrente de água e, sobretudo, de eletricidade, que pode chegar a 12 horas diárias em algumas regiões.

Os habitantes se veem obrigados a recorrer a provedores privados de seu bairro, que lhes cobram um preço alto pela eletricidade fornecida por geradores.

Segundo relatório da McKinsey, o país tem a quarta pior rede elétrica no mundo. Muitos planos de reforma do setor adotados desde o fim da guerra civil (1975-1990) ficaram parados.

Para a água, os libaneses têm que pagar várias contas: a água corrente paga ao Estado, a potável comprada dos provedores privados e a que chega Às cisternas - também privadas - no período de escassez principalmente no verão.

- Pobreza e desigualdade -

Mais de um quarto da população vivia abaixo da faixa de pobreza em 2012, segundo Banco Mundial (BM).

Estima-se que 200 mil libaneses entraram na pobreza devido às repercussões do conflito na vizinha Síria, desatado em 2011, que resultou na migração de 1,5 milhão de refugiados em um país pequeno com recursos limitados.

Segundo a ONU, em Trípoli (norte), um dos centros neurálgicos de protesto, 57% dos domicílios vive abaixo da linha de pobreza.

O BM estima em 6,2% a taxa de desemprego em 2018, frequentemente minimizada pelas autoridades. Segundo outras estimativas, a taxa global atual é de 20%, que chega a mais de 30% entre os jovens.

De acordo com o BM, entre 250.000 e 300.000 libaneses perderam seu emprego como consequência do conflito sírio, que desorganizou as estruturas de regiões inteiras do Líbano.

- Crescimento estagnado e dívida colossal -

O crescimento econômico diminuiu a 0,2% em 2018, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). Em 2019, deve permanecer 0,2%.

No período 2011-2018, a média de crescimento foi de 1,4%, em comparação com 8% em 2010 e mais de 10% em 2009.

A dívida pública do país chega a 86 bilhões de dólares - ou seja, 150% do PIB, uma das taxas mais altas do mundo.

Após ter funcionado sem orçamento de 2006 a 2007, o país adotou um em 2018, sem alcançar a meta: o déficit publico chegou a um recorde de 6,2 bilhões de dólares, 11,2% do PIB.

O orçamento de 2019, aprovado com sete meses de atraso, prevê um déficit de 7,6%.

- Temores monetários -

A economia está dolarizada, a libra libanesa é indexada ao dólar desde 1997.

Desde o começo de agosto, os temores de uma desvalorização frente ao dólar - e portanto de um risco de empobrecimento adicional - se retomaram pelas restrições bancárias aos saques em dólares, fazendo aumentar a taxa de câmbio no mercado negro.

- Corrupção e ajuda internacional bloqueada -

O Líbano ocupa o 42º lugar na lista de países mais corruptos do mundo da ONG Transparência Internacional, que analisa quase 200 nações.

Em abril de 2018, durante uma conferência internacional, o Líbano se comprometeu a adotar reformas estruturais, entre elas a redução do déficit, em troca de promessas de empréstimos e doações de 11,6 bilhões de dólares. Na falta de progressos, os montantes não foram desbloqueados.

O Líbano já tinha se beneficiado de três conferências de apoio, as outras duas em 2002 e 2007, após a que obteve uma parte dos fundos, até agora sem honrar seus compromissos.

Afp



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