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Polícia
24/10/2019 20:00:00

De veleiro em alto mar: polícia combate novo estilo de tráfico de droga da América do Sul à Europa


De veleiro em alto mar: polícia combate novo estilo de tráfico de droga da América do Sul à Europa

Nada de aeroportos, fundos falsos em malas ou pacotes escondidos pelo corpo. Atualmente, as quadrilhas têm deixado os aviões de lado e investido no tráfico de drogas por embarcações pelo mar.

Os números confirmam a alteração no perfil. Em 2019, até setembro, a Polícia Federal apreendeu 1.500 quilos de cocaína em aeroportos do Brasil. Já nos portos marítimos o número é recorde: saiu de pouco mais de 15 mil quilos em 2016 para 48.846 quilos este ano até agora.

De acordo com Sandro Caron, adido da Polícia Federal em Lisboa, a nova modalidade é uma tentativa das quadrilhas de transportar mais droga de uma vez só da América do Sul.

"As organizações criminosas dedicadas ao tráfico internacional estão sempre diversificando, usam mais de uma forma de atuação. Quando uma operação dessas envolve embarcações de esporte e recreio, ou grandes contêineres, ela coloca uma quantidade de drogas muito grande aqui na Europa, daí a nossa preocupação. É por isso que a Polícia Federal vem priorizando essas investigações", afirma o policial à Sputnik Brasil.

Rota pelo mar

O percurso das embarcações da América do Sul para a Europa encontra pontos estratégicos para pausas de descanso e abastecimento em algumas ilhas no oceano Atlântico. É nesses momentos que as autoridades aproveitam para agir.

No mês de agosto, cinco brasileiros foram presos com mais de duas toneladas de cocaína em um barco, quando se aproximaram da Costa de Cabo Verde.

A apreensão mais relevante dos últimos meses em termos de resultado operacional ocorreu um mês antes, em julho, como parte de uma investigação que envolve as polícias de Portugal, Espanha, Holanda, Estônia e Brasil, além de agentes de inteligência da União Europeia. Um veleiro esportivo foi interceptado quando chegou ao porto da praia da Vitória, nos Açores, arquipélago português. A embarcação levava meia tonelada de cocaína disfarçada em compartimentos falsos.

Os detalhes da operação só foram revelados agora, durante uma coletiva de imprensa que reuniu em Lisboa os representantes de todos os órgãos envolvidos.

Veleiro Imagine
© FOTO / POLÍCIA JUDICIÁRIA DE PORTUGAL
Veleiro Imagine

Os trabalhos começaram em 2017, quando as autoridades espanholas identificaram membros da quadrilha e o veleiro, batizado de "Imagine", na época atracado no porto de Valência. A partir daí, o percurso da embarcação foi sendo monitorado. Em 2018, a Polícia Federal foi acionada e começou a investigação no Brasil, de onde veio a cocaína. O veleiro passou por portos de várias cidades, como Natal e Fortaleza. "A quadrilha tinha uma operação muito estruturada, é um grupo bastante organizado", diz o adido em Lisboa, Sandro Caron.

"O veleiro saiu da Espanha, foi para a América do Sul, fez o abastecimento da cocaína, depois ia regressando à origem, fazendo uma escala nos Açores. Um holandês de 53 anos e um cidadão da Estônia de 41 foram presos. Logo depois da intervenção nos Açores foram desenvolvidas diligências na Holanda, a pedido das autoridades espanholas, e dessas diligências resultaram a detenção de duas pessoas e uma terceira detenção em outro país europeu", diz à Sputnik Brasil o coordenador da Polícia Judiciária portuguesa nos Açores, Renato Furtado.

Cocaína apreendida no veleiro Imagine
© FOTO / POLÍCIA JUDICIÁRIA DE PORTUGAL
Cocaína apreendida no veleiro Imagine

Os investigadores não adiantam mais características do grupo, nem dão detalhes sobre a função que cada um dos detidos desempenhava, tudo para não atrapalhar o futuro da operação, mas reforçam o grau de articulação da quadrilha e a importância da cooperação internacional no combate ao tráfico. Caso tivesse chegado ao mercado, a cocaína renderia 15 milhões de euros aos bandidos (mais de 68 milhões de reais).

"Esta investigação ainda não está concluída. Estamos a falar de um grupo organizado que continua a operar. As investigações continuam neste momento em mais do que um país europeu", afirma o policial português.

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