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13/10/2019 07:00:00

Parasita da toxoplasmose causa lesão típica e se espalha pela retina


Parasita da toxoplasmose causa lesão típica e se espalha pela retina

Causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, a toxoplasmose é uma infecção que afeta vários órgãos, além de provocar problemas oculares graves, como a uveíte – inflamação intraocular. Essa inflamação pode levar à formação de cicatrizes e comprometer a visão de forma permanente.

A forma como os parasitas da toxoplasmose se espalham pela retina e causam essa lesão ocular era pouco conhecida pela comunidade científica. Mas após observar 263 pacientes brasileiros, pesquisadores da USP identificaram que a maioria das pessoas apresentava lesões consideradas “típicas”, com a hiperpigmentação causada pelo parasita. Já nas análises laboratoriais, feitas pelos pesquisadores da Universidade Flinders, na Austrália, foram esclarecidos alguns aspectos da resposta das células retinianas infectadas pelo toxoplasma.

Professora Justine Smith, da Flinders University College of Medicine and Public Health, de Adelaide, Austrália – Foto: Reprodução via TV USP

Segundo a professora Justine Smith, da Universidade Flinders, a pesquisa demonstra como as células da retina respondem a uma infecção por toxoplasma e ajudam a espalhar parasitas pela retina. “Em um dos maiores grupos de pessoas com toxoplasmose ocular estudados até o momento, vemos que a infecção causa uma lesão típica em mais de 90% dos olhos infectados”, diz Justine.

“As células retinianas infectadas pressionam as células retinianas vizinhas e não infectadas a crescerem demais e esse processo cria uma lesão distinta que, inclusive, contribui para o diagnóstico”, explica o professor João Marcello Furtado, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP.

Células mais suscetíveis à infecção 

Professor João Marcello Furtado, da FMRP-USP/arquivo pessoal

A pesquisa mostra que as células do epitélio pigmentado da retina (que atuam como barreira a infecções do olho), quando infectadas com T. gondii secretam as proteínas VEGF e IGF1 e reduzem a produção da glicoproteína TSP1; isso promove a proliferação de células não infectadas e, como resultado, torna essas células mais suscetíveis à infecção.

O professor Furtado diz que a manipulação de proteínas no olho pode ter aplicações terapêuticas para limitar a gravidade da doença. “Não há cura para a toxoplasmose, que geralmente é transmitida pela ingestão de alimentos contaminados. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda medidas de segurança alimentar que incluem lavagem das mãos, uso de água limpa na preparação de alimentos e cozimento adequado”, aconselha Furtado.

O estudo Base Molecular das Alterações Epiteliais dos Pigmentos Retinianos que Caracterizam a Lesão Ocular na Toxoplasmose foi publicado no último dia 29 de setembro, na Revista Microorganisms. Também participaram do estudo Shervi Lie e Liam M. Ashander, da Universidade de Flinders, e Bárbara R. Vieira, Sigrid Arruda e Milena Simões, da FMRP. 

Rosemeire Talamone (com informações de Yaz Dedovic, do Escritório de Comunicação e Engajamento da Universidade de Flinders)

https://jornal.usp.br



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