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com gazetaweb // janaina ribeiro e adelaide nogueira

Dezenas de famílias que moram na cidade da Barra de São Miguel, litoral Sul de Alagoas, ainda estão desalojadas e desabrigadas e muitas ruas e loteamentos permanecem cobertos por lama. A Prefeitura já decretou estado de calamidade pública e aguarda recursos do Governo Federal para construir novas casas para os ‘sem-teto’. Enquanto isso, 56 famílias ocupam as salas de três escolas públicas municipais, onde recebem cestas básicas para se alimentar.

Segundo o secretário de Desenvolvimento Urbano da Barra de São Miguel, José Márcio Júnior, as famílias desabrigadas e desalojadas estão recebendo atenção especial do Poder Público. “Antecipamos o recesso escolar de junho para este período, até que consigamos resolver o problema. Já preenchemos o Formulário de Avaliação de Danos (Avadan), enviamo-lo para a Secretaria Nacional de Defesa Civil e decretamos situação de emergência na cidade. Agora é esperar que a ajuda chegue no menor espaço de tempo possível”, explicou ele.

De acordo com José Márcio, a Prefeitura já trabalha na escolha de um terreno onde possam ser construídas as novas casas. ‘Nós cedemos o espaço e mão de obra e o Governo Federal entrará com a verba para podermos fazer as construções”, informou.

Famílias estão recebendo cestas básicas

Centenas de cestas básicas estão sendo financiadas pela Prefeitura da Barra, por empresários locais e por uma construtora que mantém uma grande obra na cidade. “Precisávamos dessa parceria e conseguimos a sensibilidade da iniciativa privada. Não está faltando comida para as famílias que estão nas escolas”, garantiu o secretário.

Na Escola Municipal José Vieira de Andrade estão alojadas 19 famílias. Dona Maria Gilza dos Santos Souza, 46 anos, é faxineira e, há uma semana, dorme dentro de uma sala de aula. “Eu sou vizinha do Daniel e da Aparecida, os pais das três crianças que morreram vítimas do soterramento do dia 13. Nossas casas ficaram completamente destruídas e não tínhamos para onde ir, o jeito é ficar aqui mesmo. Eu só consegui recuperar o guarda-roupas. Perdi tudo o que consegui ao longo de uma vida”, lamentava.

Obras embargadas

Para evitar novas tragédias, a Prefeitura da Barra resolveu embargar duas obras que estão em andamento na cidade. Uma fica no Loteamento Timbiras e a outra, no Alta Vista. As construtoras vão fazer as adequações exigidas pela Defesa Civil e só depois, vamos liberá-las novamente. É uma questão de segurança”, argumentou o secretário de Desenvolvimento Urbano.

José Márcio Júnior informou que, aqueles interessados em colaborar com as 59 famílias que estão sem casas, podem fazer doações na sede da própria Prefeitura da Barra de São Miguel. "Todos estão necessitando de ajuda", frisou.

Caçambas tiram lama da cidade

Ainda segundo o secretário municipal, 50 homens da Prefeitura estão trabalhando para retirar a grande quantidade de lama que ainda invade a cidade. “Já foram mais de 100 caçambas e a lama continua dentro de todo o município. Os lugares mais atingidos são o Loteamento José Nunes e o Alto de São Marcos”, afirmou ele.

Como ainda chove muito na Barra de São Miguel, a principal entrada da cidade foi modificada com a escavação de várias valas para contar a vazão da água.

Tragédia na semana passada

No último dia 13, o grande temporal que atingiu a Barra de Sçao Miguel soterrou os irmãos Francisco Ribeiro Junior, de três anos, e Daniela da Silva, de um ano e cinco meses. Eles eram filhos do casal Daniel da Silva e Maria Aparecida.

No momento da tragédia a família dormia e foi acordada pelo barulho do deslizamento da barreira que caiu sobre a casa. Os pais não conseguiram localizar as crianças sob os escombros.

A pequena Adrieli, de 21 dias, conseguiu ser salva pela mãe, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu, na madrugada do dia 14, vítima de complicações pulmonares decorrentes da queda dos muros em seu corpo. Eles residiam no Loteamento José Nunes.