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Famílias desesperadas, crianças chorando, comerciantes aflitos vendo suas mercadorias sendo perdidas por conta da água das chuvas que inundou seus estabelecimentos comerciais. Esse era o cenário na madrugada deste sábado no Loteamento Hélio Jatobá, no bairro de Fátima em São Miguel dos Campos.

O Loteamento Hélio Jatobá, criado há apenas nove anos, faz parte do conglomerado de loteamentos do Bairro de Fátima, parte alta da cidade. A parte de saneamento básico do referido loteamento foi concluído em meados do mês de maio de 2008, com uma infra estrutura frágil e fora da realidade do loteamento, mais uma vez os moradores foram os mais prejudicados com as chuvas na região.

Cerca de 300 casas ficaram totalmente inundadas. Muitas famílias perderam seus móveis e eletrodomésticos, e até mesmo mantimentos que tinham em casa. Cenas que chocaram a população miguelense, principalmente pelo fato desse loteamento estar localizado na parte alta da cidade. “Isso parece impossível acontecer, é inacreditável que um loteamento numa parte alta como é isso aqui, venha ter uma enchente dessas proporções”, relata um dos moradores.

O saneamento do local só foi feito nas avenidas principais, com isso as águas oriundas das ruas que não possui saneamento e calçamento levam muita terra e lixo causando o entupimento das bueiras. Outro fator que contribui para as inundações são as bueiras usadas em partes das ruas. “São bueiras de pequeno porte e não corresponde à realidade do local e ao escoamento que é necessário para que não haja inundações”, esclarece outro morador que perdeu tudo que tinha inclusive alimentos.

Após 9 horas de desespero da população, a prefeitura enviou uma equipe da secretaria de viação e obras para analisar o caos que se instalou no loteamento. Além do enorme problema, técnicos e funcionários da secretaria tiveram que enfrentar a revolta dos moradores. “O problema poderia ter sido evitado se a prefeitura tivesse enviado um motor-bomba para bombear a água”, esclarece um morador. O secretário de viação e obras, engenheiro Edvaldo foi agredido verbalmente por moradores que perderam tudo em suas casas e pediam providências. O secretário deixou o local sem se pronunciar.

A população encontra-se totalmente revoltada com a prefeita do município que até o final da manhã deste domingo não teria ido ao local para prestar alguma ajuda ou mesmo se solidarizar com os moradores.

Dezenas de pessoas não têm sequer o que comer, como mostram as fotos.
“Eu não posso comer essa comida meu filho, meu feijão, arroz, até a farinha ficou molhada, tudo isso molhou com a água da enchente, eu tenho medo de pegar uma doença, o povo aqui ta falando que a gente pode pegar doença da urina do rato”, reclama dona Marluce, uma mãe de família que perdeu tudo.

Crianças moradoras do loteamento, que não tem noção da gravidade dos problemas causados por essas águas, transformaram as ruas em rios e nadavam livremente. “Tememos por doenças que essas águas podem causar, como a leptospirose, nosso bairro já é desprovido de tudo e de saúde nem se fala”, completa outro morador.

Os moradores atingidos estarão se organizando para no início desta semana em reunião cobrar do poder público providências, já que está é a segunda vez que o loteamento vive momentos de caos total.

“A população vai exigir o ressarcimento dos bens perdidos, queremos apenas que a prefeitura cancele o contrato de uma das inúmeras bandas que são pagas para tocar no São João de São Miguel e converta esse valor em colchões e móveis para a população atingida, já que nada foi feito. Existem bandas que eles chegam a pagar R$ 100 mil para tocar uma única noite na festa, então podem muito bem usar esse dinheiro para ajudar esse povo que perdeu tudo”, esclarece o líder comunitário Ivanildo Marques.

Além dos transtornos causados pela enchente, o fornecimento de água potável no loteamento foi suspenso e a população ficou mais de 4 horas sem água, o que só piorou a situação. “Só nos resta agora esperar e pedir a Deus que não chova mais, porque aí não sabemos o que poderá acontecer”, finalizar o Ivanildo.