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Leitura de Domingo
15/09/2019 08:00:00

Tabagismo causa de câncer de pulmão, o que mais mata no Brasil


Tabagismo causa de câncer de pulmão, o que mais mata no Brasil

Um estudo recém-lançado pelo Instituto Oncoguia traçou o panorama do câncer de pulmão no Brasil. Os dados apresentados mostram evolução principalmente na luta contra o tabagismo, responsável por cerca de 85% dos casos deste tipo de tumor, mas também desafios importantes para o futuro, principalmente em relação ao diagnóstico precoce, notificação dos casos da doença e investimento em pesquisas. 

O tumor de pulmão é o tipo de câncer que mais mata no país. Dois dos fatores que contribuem para esse cenário, segundo a oncologista do Grupo Oncoclínicas, Clarissa Mathias, são a subnotificação dos casos e o diagnóstico tardio da doença, o que resulta no alarmante dado de que 92% dos casos decorrem em morte, conforme apontou o levantamento.  

“Os dados trazidos pelo Panorama do Câncer de Pulmão mostram que há um grande déficit em relação a notificação de casos no país, o que nos impede de ter uma visão mais clara e ampla do problema para combatê-lo. E, quando identificados, chegam nos hospitais em estágio onde já não é possível de ser tratado”, diz a especialista, que é também presidente do Comitê Internacional da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO). 

Os números comprovam a fala da médica. Em 2016, 86,2% desses pacientes já apresentavam estágios avançados da doença, o que diminui as chances de cura consideravelmente. No Nordeste, a situação é ainda pior, como aponta Clarissa. Em Sergipe, por exemplo, 100% deles estavam nessa situação.  

Para ela, apesar de ter incidência menor do que em outros países, como os Estados Unidos, no Brasil, o câncer de pulmão é responsável por muito mais mortes. 

“É essencial ampliar as ações de conscientização da população em geral por meio de campanhas informativas sobre as causas da doença, hábitos nocivos à saúde e estimular o entendimento da importância do diagnóstico precoce. Além disso, precisamos incentivar pesquisas clínicas no país, que podem ajudar a ampliar o acesso ao tratamento”, ressalta a oncologista. 

Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), apenas 24,6% dos casos são notificados no país. Estimativas apontam a ocorrência de 28.220 novos casos atualmente, porém o Registro Hospitalar do Câncer (RHC) tem oficialmente listados apenas 6.915. 

Tabagismo ainda é a principal causa de câncer:

O tabagismo continua sendo o maior responsável pelo câncer de pulmão no Brasil e no mundo. Aliás, não apenas deste tipo de tumor: em 2017, segundo o INCA, 73.500 pessoas foram diagnosticadas com algum tipo de câncer provocado pelo tabagismo no país e 428 pessoas morrem diariamente no país por conta dele. O instituto aponta ainda que mais de 156 mil mortes poderiam ser evitadas anualmente se o tabaco fosse evitado.  

Em 79% dos casos de câncer de pulmão, por exemplo, os pacientes eram fumantes, ou ex-fumantes. Apenas 21% nunca tiveram contato com o tabaco.  

O Brasil foi recentemente reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um exemplo no combate ao cigarro. O país tem um dos menores índices de fumantes do mundo, cerca de 10% da população acima de 18 anos, segundo o próprio INCA. Mesmo com os avanços, os desafios não param de chegar.  

Levantamento da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde, revela que 9,3% dos brasileiros admitiram ser fumantes em 2018, representando uma queda de 40% nos últimos 12 anos. E essa redução, que, na prática, mostra vitória das políticas antitabagistas pode ser explicada pelos efeitos negativos do hábito nas finanças, no meio ambiente e na saúde para homens e mulheres de diferentes idades. O estudo mostra ainda que a cidade do Rio de Janeiro segue o mesmo percentual nacional: 10% de fumantes, índice menor do que a capital de maior prevalência, Porto Alegre, com 14,4%.  

Para o médico oncologista do Centro de Excelência Oncológica dr.  Cristiano Guedes Duque, o hábito de fumar pode induzir não fumantes ao consumo, o que implica na geração de futuros tabagistas, preocupando especialistas: “As pessoas que fumam são, inevitavelmente, influenciadores. A indústria do cigarro já utilizou bastante essa ferramenta, associando seu produto, mediante patrocínio e propaganda, a esportes, música e cinema, entre outros. Essa influência vale inclusive para crianças: estima-se que, no Brasil, 80% dos tabagistas iniciam o hábito antes dos 18 anos e que 20% já fizeram isso antes mesmo dos 15 anos. Por isso, pode-se dizer que é uma doença também pediátrica. Crianças, em geral, aprendem com os chamados influenciadores, que podem ser quaisquer tabagistas, seja do convívio social ou digital”, explica Cristiano.  

Os especialistas ressaltam ainda que a chegada do cigarro eletrônico, que tem conquistado principalmente os jovens, deve ser um ponto de alerta para a sociedade.  “Nós vemos novas formas de tabagismo chegando, como esse dispositivo tecnológico, por exemplo, que tem atraído principalmente os adolescentes, pelo formato, pela novidade e pela falta de informação também sobre o impacto nocivo deles. Então, estamos vendo uma geração que tinha largado o cigarro, voltar para versões digamos, mais modernas, do mesmo mal”, afirma Clarissa. Parar de fumar, alertam os médicos do Grupo Oncoclínicas, é a forma mais eficaz de se prevenir contra o câncer de pulmão, além de diversas outras doenças e tumores.  

Oncoclínicas na luta contra o fumo :

Anualmente, o Instituto Oncoclínicas – iniciativa do corpo clínico do Grupo Oncoclínicas para promoção à saúde, educação médica continuada e pesquisa - desenvolve uma série de ações para alertar sobre a importância de combater o tabagismo como forma efetiva de prevenção contra o câncer. Em 2019 a iniciativa terá a parceria da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT),  Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica (SBCT) e Grupo Brasileiro de Oncologia Torácica (GBOT), com o objetivo de trazer uma abordagem positiva nas redes sociais mostrando os benefícios sentidos pela pessoa que para de fumar.  

Voltada à conscientização sobre o abandono do cigarro para uma retomada da saúde e da qualidade de vida, a campanha, direcionada à sociedade em geral, ressalta uma importante informação: nunca é tarde demais para abandonar o cigarro. Apenas 20 minutos após interromper o vício, a pressão arterial volta ao normal e a frequência do pulso cai aos níveis adequados. Em 8 horas, os níveis de monóxido de carbono no sangue ficam regulados e o de oxigênio aumenta. Passadas 24 horas, o risco de se ter um acidente cardíaco diminui. E após 48 horas, as terminações nervosas começam a se recuperar e os sentidos de olfato e paladar melhoram.  

Em até três meses, a circulação sanguínea melhora e caminhar torna-se mais fácil com a função pulmonar se recupera em até 30%. A partir de um a nove meses, os sintomas como tosse, rouquidão e falta de ar ficam mais tênues. Em cinco anos, a taxa de mortalidade por câncer de pulmão de uma pessoa que fumou um maço de cigarros por dia diminui em pelo menos 50%. Quinze anos após parar de fumar, torna-se possível assegurar que os riscos de desenvolver câncer de pulmão se tornam praticamente iguais aos de uma pessoa que nunca fumou. 

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