Em entrevista exclusiva ao G1, o médico, que é gastroenterologista e especialista em cirurgia robótica, oncológica e laparoscópica de altas complexidades, afirmou que a nova operação irá durar cerca de 2 horas e que, apesar de ser 'de nível simples a moderado', não apresenta riscos.
Bolsonaro deverá ficar cinco dias internado e mais cinco em recuperação. O vice-presidente Hamilton Mourão vai assumir o cargo neste domingo (8) e ficar até quinta-feira (12).
"O presidente já passou por três cirurgias grandes, inclusive a última, para reconstrução abdominal, e o local ficou bastante debilitado pelas ações invasivas. Esta cirurgia será para a correção de uma hérnia que surgiu no local dos cortes, bem no meio da barriga. Será uma cirurgia de nível simples a moderado, mas com perfil delicado. Não é esperada nenhuma intercorrência", disse Macedo.
Veja como será a nova cirurgia de Bolsonaro — Foto: Roberta Jaworski/Editoria de Arte/G1
Segundo ele, a hérnia que apareceu no abdome de Bolsonaro "é uma solução de continuidade da parede muscular", uma elevação com conteúdo líquido, mas que não causava dores e nem incomodava o presidente.
"A hérnia é um defeito na parede interna do abdome, bem no centro, na altura onde ficou a colostomia e foi percebida recentemente por ele. O general Ramos (Luiz Ramos Pereira, titular da Secretaria de Governo da Presidência) me mandou uma foto pelo celular para analisar e, pelo aspecto, disse que seria melhor trazê-lo para examinarmos em São Paulo", relembra o médico.
A avaliação foi realizada no Aeroporto de Congonhas, quando o presidente esteve na capital paulista em 1º de setembro para a visita a uma igreja evangélica na Zona Leste da capita paulista.
Bolsonaro divulga foto com o médico Antônio Macedo (à esquerda) durante visita a São Paulo — Foto: Reprodução/Facebook
Segundo o médico, apesar da hérnia, Bolsonaro não ficou com sequelas das cirurgias anteriores. O médico elogiou a conduta do paciente no pós-operatório, salientando que ele sempre seguiu suas recomendações de cuidados.
"Ele não ficou com absolutamente nada de sequela, de efeito colateral. É uma pessoa muito determinada, com quem me dei muito bem. Assim como eu, não é ansioso, é muito tranquilo. Trabalha o dia inteiro. Não é uma pessoa muito preocupada com doenças", afirmou Macedo.
O cirurgião, que na época do atentado a Bolsonaro trabalhava no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, passou a ter o passe disputado após tratar o paciente famoso. Há dois meses, Macedo deixou o Einstein e passou a atender na Rede D'Or.
"Graças a Deus, eu nunca passei por algo assim como ele, tive alguns acidentes [como a queda de um cavalo aos 13 anos, que causou paralisia parcial na face], mas que marcaram a minha vida. É minha característica pessoal ser uma pessoa determinada. Para mim, não existe não. Estou sempre disponível. E, assim como ele [Bolsonaro], não ligo para doença também, não", diz o cirurgião.
Após quatro décadas de carreira e cerca de 40 cirurgias mensais, Macedo diz que não teme mais realizar nenhum procedimento.
"Na realidade, você perde a ansiedade. Quando era mais novo, até tinha. Agora, você faz sempre o melhor possível. Eu sempre respeito os princípios que aprendi sobre a cirurgia. Nunca fazer cortes muito grandes, você faz cortes curtos, e toma todo o cuidado. Cirurgião não pode tremer, tem que ser preciso, para não prejudicar o paciente", diz o doutor.
"É como você pilotar um avião: você vai fazer manobras mais perigosas, e tem que fazer o seu melhor possível, e não pode ter medo. Se tiver medo, melhor nem ir, melhor não fazer", defende o cirurgião do presidente.
Cirurgião Antônio Macedo será responsável pela 4ª cirurgia de Bolsonaro, agora, para retirar hérnia — Foto: Rede D ´Or São Luiz/divulgação
A primeira cirurgia após a facada aconteceu no mesmo dia do atentado, em um hospital de Juiz de Fora. Cinco cirurgiões e dois anestesistas participaram da intervenção. Durante o procedimento, Bolsonaro precisou receber quatro bolsas de sangue, e teve implantada uma bolsa de colostomia.
Dias depois, em São Paulo, Bolsonaro passou por uma segunda cirurgia, onde os médicos reabriram o corte da primeira cirurgia e encontraram a obstrução em uma alça do intestino delgado, que fica na parte esquerda do abdômen.