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Política
06/09/2019 17:30:00

Collor ainda tem capital político para uma disputa eleitoral?


Collor ainda tem capital político para uma disputa eleitoral?

Após oito anos inelegível, em virtude do impeachment sofrido em 1992, Fernando Collor volta ao cenário político nas eleições de 2006. Em apenas 28 dias de campanha e em uma eleição atípica, Collor foi eleito senador da República vencendo Ronaldo Lessa por uma diferença de apenas 49.486 votos (3,96%). Os votos de protesto, sua vitimização pelo impeachment e principalmente pela derrota que Ronaldo Lessa sofreu no TSE, foram fatores determinantes para a sua vitória.

Na eleição de 2010 Collor foi pela segunda vez candidato ao governo do Estado. Foi o terceiro colocado com uma votação de 389.337 votos (28,81%) e foi o último a se lançar candidato entre os três principais postulantes. Sua decisão só aconteceu em maio, enquanto que Teotônio e Ronaldo já tinham definido as suas candidaturas muito antes. Collor fez uma coligação com pequenos partidos e seus dois candidatos ao Senado eram inexpressíveis eleitoralmente. Mesmo diante das dificuldades que enfrentou no pleito, ele não foi para o segundo turno, perdendo o segundo lugar para Ronaldo Lessa por uma diferença de 0,35%.

Fernando Collor nas eleições de 2014 foi reeleito senador com uma votação de 689.266 votos (55,69%). Foi apoiado por quase todas as forças políticas do Estado, com tempo considerável no guia eleitoral e com uma campanha milionária, enquanto que Heloísa Helena, sua principal adversária, teve uma campanha sem nenhuma estrutura, praticamente sem tempo no horário  eleitoral e isolada dos outros partidos; fatos estes que foram determinantes para a reeleição dele.

Nas eleições de 2018 Fernando Collor foi lançado candidato pela terceira vez ao governo do Estado pelo grupo de oposição ao governador Renan Filho, onde dividiu o grupo, vindo a ocorrer logo em seguida sua desistência àquela candidatura. Collor após a saída da disputa eleitoral apostou todas as suas fichas na candidatura de seu filho Fernando James para deputado federal. James teve um desempenho pífio, ficando na terceira suplência de sua coligação, com uma votação de 16.250 votos.

A volta de Fernando Collor à cena política de 2006 era aguardada com grande expectativa. O meio político apostava que ele fosse um opositor implacável ao PT, o algoz do seu impeachment, porém Fernando quis afagar aquele que sempre o apedrejou. A tentativa de Collor de se aproximar do PT foi um dos grandes equívocos da sua trajetória política, pois se fizesse oposição contundente ao Partido dos Trabalhadores, talvez sua história teria sido escrita de outra forma. Collor se apequenou e o que restou a ele foi a política local.

Fernando Collor foi um fenômeno político. Saindo de um Estado sem força política e econômica, criou o PRN (Partido da Reconstrução Nacional), conquistou o Brasil sagrando-se Presidente da República. Collor ainda tem capital político para uma disputa eleitoral, porém tem que reavaliar muitas das suas atitudes e ações. Quando todos apostavam que o impeachment seria seu fim político, foi o seu recomeço. Vale ressaltar que se ele continuar apostando que a receita para o seu sucesso político está na campanha de rua (corpo a corpo com o eleitor) e continuar se utilizando apenas das mídias tradicionais não terá os mesmos efeitos que teve no passado. Collor terá que fazer a leitura de que as novas ferramentas tecnológicas, pouco utilizadas por ele; são imprescindíveis na atual conjuntura. Fernando Collor não é político de grupo, é candidato dele mesmo, um cavaleiro solitário, como no passado, um “caçador de marajás”. Um fenômeno raramente se repete, um raio não cai no mesmo lugar duas vezes; portanto, continuar apostando nas mesmas práticas e receitas, talvez, seja apostar no fim e não em um novo começo.

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