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Alagoas
19/08/2019 18:30:00

Entusiastas da educação e do esporte em Alagoas criticam devolução de R$ 2,5 mi

Recursos deveriam ter sido utilizado pela gestão Renan Filho para programas sociais no estado


Entusiastas da educação e do esporte em Alagoas criticam devolução de R$ 2,5 mi

No Estado em que mais se mata jovens, com idades entre 15 e 29 anos,a informação de que, desde o início da gestão de Renan Filho, o governo do Estado devolveu mais de R$ 2,5 milhões a Brasília destinados para serem utilizados em programas voltados ao esporte, não foi digerida pela sociedade alagoana. Os recursos eram destinados para a Secretaria do Esporte, Lazer e Juventude (Selaj). Nessa semana, a devolução dos recursos pela pasta foi alvo de críticas por parte dos deputados estaduais, que cobraram respostas do governador e da secretaria.

O presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esporte da Câmara de Vereadores de Maceió, Francisco Sales, disse que se Alagoas, principalmente a capital alagoana, Maceió, recebesse esse montante do governo para o fortalecimento do esporte, a situação da educação, por exemplo, seria bem melhor.

 

"Sem dúvida nenhuma esse investimento iria promover uma diferença muito grande no incentivo ao esporte nas escolas públicas, onde os alunos necessitam de um atrativo maior para frequentar a escola. Com a oferta de esporte nos horários alternados, podemos trazer nossos alunos mais para as salas de aulas e aumentar assim o aprendizado, pois entendo que esporte e educação andam juntos", defendeu Sales.

O vereador diz ainda que seria um ótimo investimento, principalmente nas escolas localizadas na periferia, onde a oferta de esporte é quase escassa. "Mas precisamos de uma resposta da secretária sobre o que ocorreu", cobrou, acrescentando que "O incentivo do esporte nas escolas públicas em Maceió é muito tímido, sem grandes ações ou investimentos, para incentivar a participação dos alunos. Infelizmente, o município não promove investimentos dignos para que possamos ter futuros atletas frutos das escolas públicas". 

Sobre a Câmara, por meio da Comissão, ele conta que não tentou firmar convênio/parceria por meio de projetos enviados ao governo Renan Filho. "Assumi a presidência da Comissão de Educação e Esporte no começo do ano e iniciei focando na fiscalização em todas as unidades, para conhecer melhor a realidade de cada uma delas. Neste segundo semestre, vamos desenvolver algumas ações voltadas para o que conseguimos detectar", concluiu.

Já o coordenador de Esportes da Associação dos Deficientes Físicos de Alagoas (Adefal), Diego Calado, disse que, caso o recurso tivesse sido empenhado de maneira correta, não existiriam problemas para os atletas no estado.

"Se esse recurso devolvido tivesse sido revertido para o esporte, para a pessoa com  deficiência, nossos problemas teriam acabado. Hoje, não conseguimos participar de competições, não conseguimos concluir um calendário inteiro. Hoje a gente não consegue que o atleta tenha uma vida de atleta, com toda suplementação necessária e material para os treinamentos. Então, o que a gente tem feito na Adefal é juntar todas as forças de vontade e tocar o esporte. Hoje a gente consegue fazer e que o esporte apenas sobreviva. A gente vai correndo atrás de parcerias", disse Diego.

Conforme Calado, a situação do esporte para a pessoa com deficiência no estado inteiro não é legal. "Na Adefal mesmo, tivemos que dar uma baixa em dois profissionais por falta de recursos. A verba que chega é para o setor de reabilitação, mas não envolve o esporte, é algo do Governo Federal. Hoje, trabalhamos com três modalidades, mas apenas dois profissionais de educação física". 

 

Recursos retornaram de Alagoas para os cofres de Brasília

FOTO: DIVULGAÇÃO

 

 

Ele conta ainda que, apesar de ter uma boa estrutura e uma equipe multidisciplinar, a estrutura não comporta todas as práticas esportivas.  "Estruturalmente, não temos uma quadra para praticar basquete e precisamos terceirizar isso aí. A nossa piscina é muito boa, mas, hoje em dia, já precisa de uma reforma e não temos verba para isso. E o nosso atletismo conta com o apoio da Federação de Atletismo, já que usamos a estrutura do Estádio Rei Pelé, em espaço aberto pela Secretaria de Esporte. Mas, com certeza, se existissem locais nossos e mais próximos da Adefal, a procura seria bem maior", concluiu Diego Calado.

Treinador de para vôlei e um entusiasta do esporte em Alagoas, Marcelo Gualdaberto conta que, com esse e outros recursos, os atletas alagoanos poderiam ansiar grandes conquistas e estruturas sem ter que sair do Estado para ir em busca do sonho de viver do esporte. "Esse recurso devolvido poderia ter ajudado na criação de um Centro de Treinamento porque aqui, em Alagoas, não tem estrutura nenhuma. A gente faz o esporte no sufoco. É por isso que os atletas, que não estão mais aqui, não pretendem voltar. Eles [atletas] estão numa boa fora do país", desabafou Marcelo Gualdaberto. 

Ele conta ainda que está desenvolvendo duas novas modalidades voltadas para a pessoa e deficiência.  "Estou desenvolvendo o para vôlei e o biribol adaptado para a pessoa com deficiência e implantando o floorball sem apoio nenhum do Estado. Recentemente, solicitamos passagens para o brasileiro feminino, mas, até o momento, não tivemos retorno da Secretaria de Estado do Esporte, porque é um dos poucos apoios que recebemos. Agora, quem mais ajuda é a Secretaria da Mulher e dos Direitos Humanos do Estado de Alagoas, e a de esporte somente em competição", concluiu Marcelo Gualdaberto. 

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Alagoas (Sinteal), Consuelo Correia, criticou a falta de investimentos no setor esportivo para a redução da evasão escolar e a violência, e disse que o recurso devolvido poderia ter sido revertido para projetos já existentes, como o programa 'Segundo Tempo'..

"É um programa fantástico, que propicia, por meio da prática esportiva, a garantia de direitos e a formação cidadã de crianças e adolescentes, e não se trata apenas de rendimento esportivo, mas da própria melhoria das condições de acesso e permanência na escola. Por meio desses programas, é possível ofertar reforço escolar e nutricional, além de ampliar horizontes para as crianças e adolescentes", disse Consuelo Correia.

Ela se disse estar chocada com o fato de os recursos terem sido devolvidos, porque poderiam ser investidos em projetos "fundamentais, que seriam utilizados, inclusive, para fomentar o acesso à educação pela prática esportiva". Para ela, "devolver o dinheiro pela ausência de projetos, demonstra que o governo não tem a seriedade necessária para que todos os recursos públicos sejam aplicados na melhoria da vida das pessoas".

Reprodução Gazetaweb



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