Os crimes cibernéticos estão cada vez mais comuns no mundo inteiro. Ultimamente vemos notícias sobre hackers e contas de autoridades que foram hackeadas ou clonadas. Em um cenário onde o mundo virtual “domina” o real fica o questionamento: é possível estar seguro?
Em Alagoas, a situação não é diferente. Somente em 2019 (até julho) a Seção de Combate aos Crimes Cibernéticos da Deic recebeu 450 crimes praticados pela internet. O Cada Minuto conversou com o delegado Thiago Prado que falou sobre esses casos e sobre como as pessoas devem fazer para se proteger desses hackers.
Confira a entrevista abaixo:
1) Quantos casos de crimes cibernéticos a Seção de Combate aos Crimes recebeu em 2019, até o mês de julho? Quais os crimes mais praticados em Alagoas?
Somente a partir de 2019 que temos esses dados já que o nosso sistema começou a filtrar. Registramos em 2019 mais de 450 crimes praticados pela internet. Alguns deles são chamados de crimes cibernéticos próprios, pois somente podem ser praticados pela internet e existem aqueles chamados impróprios que já existiam no Código Penal, por exemplo: crime contra a honra ou estelionato que passaram a ser praticados pela internet. Sem dúvidas, as fraudes, como estelionato são os mais praticados pelo site de internet. As pessoas por vezes acabam sendo enganadas e recebem um comprovante falso de pagamento, ou compram em sites falsos e são enganados já que há uma semelhança do site falso para o verdadeira. Quem não sabe reconhecer acaba sendo lesado e oferecendo os dados bancários aos golpistas. Hoje a internet está sendo responsável por 90% das fraudes que têm ocorrido no ambiente bancário nacional.
2) Com esses ataques de hackers a contas de autoridades e empresas, como é possível se proteger?
A melhor forma de proteção é filtrar aquilo que a gente se comunica através das redes sociais ou telefones. Assuntos importantes não devem ser conversados por smartphones. Apesar de existir uma conversa sigilosa que é criptografada de ponta a ponta, como por exemplo o whatsapp, entretanto, os hackers criam mecanismo para clonar o whatsapp. E aí quando eles conseguem êxito eles obtém tudo que foi conversado naquele período. Por essa razão se faz necessário não conversar assuntos sigilosos. Se preciso for marca um encontro e conversa. Com relação às empresas, muitas delas, estão salvando os arquivos no próprio computador sem fazer backup que é uma forma de segurança. O ideal que o backup seja feito na nuvem que é seguro ou em um HD externo. Caso essa empresa venha a ser vítima de um ataque hacker ela não perde o arquivo.
3) Com relação à divulgação de fotos íntimas. Quantos casos vocês receberam esse ano e como a vítima deve fazer para denunciar?
Já tivemos aproximadamente 30 casos denunciados. Todos estão sendo investigados e os sujeitos foram responsabilizados. Divulgar foto íntima na internet é crime que está previsto no Código Penal e prevê pena em superior de 5 anos. É possível identificar a autoria desses criminosos. Tudo que se faz no ambiente virtual deixa rastros. Em primeiro lugar, não enviar nudes mostrando características pessoais e em segundo lugar, tenha cuidado ao enviar porque se vaza na internet fica difícil de impedir a viralização da imagem e aí só resta ir até a Delegacia e registrar um Boletim de Ocorrência para que a gente possa investigar e responsabilizar.
4) Se uma pessoa for vítima de um hacker, o que ela deve fazer?
O BO é importante tanto para as estatísticas que orienta a polícia sobre o que está acontecendo e também é o pontapé inicial para a investigação criminal. Sem BO não há a deflagração do processo. Então é importante o boletim.
5) Neste tempo de redes sociais, é possível estar seguro? Como o senhor avalia esse crescimento de crimes cibernéticos?
É uma consequência natural o que está acontecendo com a sociedade. Se a gente observar há 10 ou 20 anos atrás, ninguém tinha smartphone. De lá pra cá houve um aumento. Todos estão conectados na internet. Se o crime é um fenômeno social, evidentemente, o crime vai constar no ambiente virtual. Da mesma forma que devemos ter cuidado de andar numa rua escura a noite precisamos ter cuidado na internet. Quais são esses cuidados? Os criminosos estão sempre lançando links e ao clicar em links que instalam vírus, eles podem captar nossos dados bancários. E aí os criminosos passam a agir que podem hackear o nosso Instagram, Whatsapp, pedem dinheiro às pessoas e ocorre o prejuízo financeiro. Em segundo lugar é preciso ter senhas fortes, senhas dificeis. Muitas pessoas dizem que foram hackeadas e constatamos que a senha da pessoa é o primeiro nome e o ano de nascimento. E na rede social está uma foto publicada com a data do aniversário. Para o criminoso isso é muito fácil. É importante embaralhar a senha. E em último ter cuidado com a exposição de informações pessoais. Desconfie sempre se algum site ou e-mail está cobrando informações pessoais. Em dúvidas entre diretamente no site bancário, do cartão ou da empresa, e não efetue a devolução. Inclusive é um golpe que está ocorrendo.
Reproduzido Cada Minuto