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Especial
31/07/2019 12:30:00

Centenas de pessoas se reúnem em memória dos 81 anos da morte de Lampião

Solenidade está na 22ª edição e acontece anualmente, em 28 de julho, no Monumento Natural Grota do Angico, em Sergipe


Centenas de pessoas se reúnem em memória dos 81 anos da morte de Lampião
Texto de Renata Bertolino

Em 28 de julho de 1938, Virgulino Ferreira da Silva, o cangaceiro mais famoso do Brasil, sua companheira, Maria Gomes de Oliveira, conhecida como Maria Déa ou Maria Bonita, e mais nove integrantes do bando, foram mortos em uma emboscada, na Grota de Angicos, em Poço Redondo, Sergipe. No último domingo (28),  81 anos após o massacre, os descendentes diretos de Lampião e Maria Bonita celebraram a 22ª edição da Missa do Cangaço, com apresentações artísticas e culturais.

22ª Missa do Cangaço (Foto André Palmeira)

Todos os anos, nesta data, o local reúne centenas de pessoas, que buscam conhecer um pouco mais sobre as tradições de um momento histórico, que está enraizado na cultura popular do sertanejo nordestino. De acordo com uma das organizadoras do evento, Vera Ferreira, neta de Lampião e Maria Bonita, os visitantes mais frequentes são professores, estudantes, pesquisadores e turistas de dentro e fora do país.

Aos 86 anos, sua mãe, Expedita Ferreira Nunes, única filha do casal, também comparecia rigorosamente à solenidade em homenagem aos pais, mas a saúde frágil impossibilitou sua presença no evento deste ano, que aconteceu no Monumento Natural Grota do Angico.

Vera Ferreira, neta de Lampião e Maria Bonita (foto André Palmeira)

“Esse evento é a confirmação de um trabalho feito com seriedade e comprometimento, que lança uma semente que vem germinando. São sementes culturais que a gente vai plantando e faz com que as pessoas procurem conhecer mais essa história que poucos sabem até hoje. Infelizmente”, afirmou Vera.

Vera Ferreira, neta de Lampião e Maria Bonita (foto André Palmeira)

Pesquisadora do tema há 51 anos, a neta de Lampião produziu três livros, dois deles escritos em parceria com um dos maiores pesquisadores em Cangaço, Antonio Amaury. São eles: O Espinho do Quipá - Lampião, a História (1997); e De Virgulino a Lampião (1999). Já o livro Maria Bonita do Capitão, publicado em 2011, foi organizado com a designer gráfica e professora da Universidade Federal de Sergipe, Germana Gonçalves.

Vera também participa de feiras de livros, palestras e seminários nas escolas para fomentar a cultura cangaceira e a memória de Lampião na região. “Eu faço a minha parte, que é essa missão que eu tenho com relação aos meus avós e a história do Cangaço”, observa.

Luciana Guerise, veio de Brasília e confessou que pretende sempre voltar (Foto André Palmeira)

A paulista Luciana Guerise veio de Brasília e diz que pretende sempre voltar. “Eu queria conhecer um pouco mais do cangaço, de como eles viviam, onde foi a emboscada, como o bando se comportava, ver a trilha. A história é muito famosa e esse culto da memória de Virgulino Ferreira que a família não deixa morrer é maravilhoso”. 

Para 2020, a data já tem programação agendada, com extensão de visita a outros pontos marcados pelo movimento cangaceiro no entorno da região. “As pessoas precisam conhecer esse legado cultural e histórico de Sergipe, Alagoas e Bahia, que respira a história do cangaço”, convida Vera.

22ª Missa do Cangaço (Foto André Palmeira)

No fim da Missa, grupos teatrais, tradicionalmente vestidos com cartucheiras e acessórios de couro, além de réplicas das armas, interpretaram a emboscada e recitaram poemas em cordel.

Tradição da Missa do Cangaço impulsiona turismo regional

Segundo a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e do Turismo (Sedetur), nos últimos quatro anos, Piranhas se tornou um dos cinco destinos mais procurados de Alagoas e um dos que mais impulsionam o turismo regional.   

Jairo Oliveira, superintendente de Turismo de Piranhas (Foto André Palmeira)

Jairo Oliveira, superintendente de Turismo do município e curador do Seminário Sertão Cangaço, explica que a missa incrementou o fluxo na região. “Em 1997, 820 pessoas fizeram a rota, hoje, nós temos quase 35 mil”, destacou.  

Prefeita Maristela Sena (foto André palmeira)

A prefeita Maristela Sena comemora a evidência turística que os eventos com temática histórica trazem para cidade. Segundo a gestora, o evento deste ano reuniu cerca de 700 pessoas e a rede hoteleira alcançou 95% da taxa de ocupação. “Já se tornou tradição esse incremento no nosso turismo durante os eventos. Só neste ano, já tivemos a visita de mais de 250 mil pessoas”, comemorou.  

Agência Alagoas



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