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Especial
21/07/2019 08:00:00

Pressão e atos: centrais sindicais revelam estratégia para derrubar Reforma da Previdência


Pressão e atos: centrais sindicais revelam estratégia para derrubar Reforma da Previdência

Uma reunião na última quinta-feira entre 10 das 11 principais centrais sindicais do Brasil traçou uma série de medidas estratégicas para derrotar a Reforma da Previdência, aprovada em primeiro turno na Câmara dos Deputados. Para os sindicalistas, ainda é possível reverter o quadro atual.

Quem acredita nisso é o sociólogo Júlio Turra, diretor-executivo da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Em entrevista à Sputnik Brasil, ele destacou que o movimento sindical alinhou várias ações antes da retomada do debate a respeito da reforma, que deve acontecer no início de agosto.

"Então é um período em que nós enviaremos de todas as centrais sindicalistas até Brasília para visitar parlamentares em seus gabinetes, para ocupar o Salão Verde com a nossa presença. Se formos impedidos, como ocorreu em 10 de julho vamos fazer manifestações do lado de fora da Câmara dos Deputados", acrescentou.

O dirigente relembrou que a luta sindical contra a Reforma da Previdência, a qual ele chama de "cruel" com a classe trabalhadores, teve início tão logo o presidente Jair Bolsonaro (PSL) tomou posse, em janeiro. As centrais sindicais realizaram vários atos pelo país desde então, sendo o maior deles a Greve Geral de 14 de junho.

Manifestação contra a reforma da previdência em Brasília
Manifestação contra a reforma da previdência em Brasília

Entretanto, Turra reconheceu que nada disso foi suficiente para barrar a reforma previdenciária como um todo, embora algumas vitórias ele credite ao movimento de resistência por parte dos sindicatos, como a retirada do sistema de capitalização, um dos pontos nevrálgicos defendidos pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

"Foi destacado que essa pressão social que a CUT fez ao lado das demais centrais, junto com os movimentos populares, as duas frentes – o Povo Sem Medo e Brasil Popular –, a UNE, uma ampla frente de organizações e entidades não só sindicais, ela incidiu no debate congressual, minorou alguns danos da reforma, que acabou sendo reivindicada pelo Rodrigo Maia como a reforma do Centrão, e de fato se você comparar com a reforma que o Bolsonaro entregou junto com o Guedes, que tinha capitalização individual, saíram alguns itens da reforma, mas ela continua inaceitável", ponderou.

Pressão patronal de um lado, sobre os senadores de outro

O diretor-executivo da CUT não quis antecipar o quão expressivos poderão ser os atos convocados para o dia 13 de agosto em todo o país. Segundo ele, muitos sindicatos ainda enfrentam dificuldades pelo que chamou de "atitudes anti-sindicais", protagonizadas por patrões ou por medidas judiciais, impondo multas para alguns setores nas manifestações anteriores.

"Houve muita judicialização [no dia 14 de junho], houve muita pressão patronal, então os sindicatos estão se virando para cobrir os prejuízos impostos por uma atitude anti-sindical, seja da Justiça ou da patronal, então o consenso foi de chamar um dia nacional de mobilizações, com paralisações, assembleias e greves, o que abre espaço para cada um entrar com o seu grão de areia nessa grande mobilização. Os que tiverem condições de fazer greve irão fazer, os que tiverem paralisações sociais serão bem-vindos, e faremos paralisações e atos nas principais capitais e cidades do país ao final do dia", comentou.

Com uma lista dos deputados que votaram a favor da Reforma da Previdência em primeiro turno na Câmara – foram 379 votos a favor –, os sindicalistas prometem fazer pressão junto às bases de cada um deles, a fim de tentar reverter votos antes do segundo turno. Outra meta é buscar as chamadas emendas supressivas, a fim de retirar alguma proposição do texto já aprovado.

"O segundo turno não pode alterar o escopo geral da proposta, mas pode fazer destaques que suprimam algumas questões mais escandalosas, digamos assim, como pensões inferiores a um salário mínimo. Mas, evidentemente, não vai alterar o caráter geral da reforma", ponderou Turra, que também já volta os seus olhares para o Senado, para onde a proposta seguirá assim que concluída a votação na Câmara.

Estudantes participam da manifestação contra a reforma da Previdência no Rio de Janeiro
© SPUTNIK / SERGEI MONIN
Estudantes participam da manifestação contra a reforma da Previdência no Rio de Janeiro

"Em seguida, [a reforma] vai ao Senado, lá há uma Comissão de Constituição e Justiça, tem um prazo para analisar a proposta e as próprias lideranças do Senado tem dito que a tramitação será de 60 dias. Portanto, se ela entrar por volta do dia 13 de agosto, ela iria até o início de setembro, então nós ainda temos um período para fazer pressão e mobilizações, a primeira será no dia 13 de agosto, e em função do balanço que faremos dela não estão descartadas novas mobilizações, paralisações, greves para exercer pressão sobre a votação no Senado", complementou.

As centrais sindicais dizem estar em contato com os 81 senadores em suas bases, a fim de expor o ponto de vista da classe trabalhadora. A antecipação, observou Turra, também aborda algumas manobras que estão sendo gestadas no Senado, como a de reincluir estados e municípios na reforma por meio e uma PEC paralela. E não é só: o dirigente da CUT disse que também espera uma "ajudinha" de Bolsonaro.

"Nós vamos acompanhar, dia a dia, porque contamos também com as recorrentes trapalhadas do governo Bolsonaro, que cria crises quase cotidianas", ironizou, relembrando a ideia do presidente em indicar o seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), para o posto de embaixador do Brasil nos EUA – os senadores precisam aprovar tal indicação.

"O presidente está insistindo nisso e isso pode provocar ruídos, atrasos, situações que favoreçam a nossa pressão para derrotar essa reforma", completou o sindicalista.

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