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Saúde
09/07/2019 08:00:00

Escoliose pode levar a problemas respiratórios e cardíacos


Escoliose pode levar a problemas respiratórios e cardíacos

Quando estava no início da adolescência, a coordenadora de recursos humanos Genyffer Queiroz, 28, começou a sentir dores nas costas. Ao procurar ajuda profissional, ouviu que eram dores típicas da fase de crescimento, da mudança no corpo. A resposta recebida por ela é comum aos pacientes com escoliose e dificulta o diagnóstico precoce. Caracterizada por uma deformidade vertebral acima de 10 graus na coluna, a escoliose atinge de 2% a 4% da população mundial, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Estima-se que no Brasil sejam 7 milhões de pessoas convivendo com a escoliose. Se não tratada a tempo, ela pode evoluir para formas graves em alguns pacientes e gerar problemas respiratórios e cardíacos.

Existem mais de 50 tipos de escoliose, mas ela costuma ser dividida em dois grandes grupos: aquelas que são secundárias a outras condições, como a paralisia cerebral, e a escoliose idiopática, que não é decorrente de outras enfermidades. Esse segundo tipo responde por cerca de 90% dos casos. “Há um componente genético. Parentes de primeiro grau de pessoas com escoliose têm de sete a oito vezes mais chances de desenvolver a escoliose. É também uma questão ligada ao sexo, a cada sete mulheres, ela é diagnosticada em um homem”, explica o ortopedista da Sociedade Brasileira de Coluna, Carlos Romeiro.

A escoliose idiopática pode ser classificada de acordo com a deformidade da coluna vertebral. Quando a inclinação é de 10 a 20 graus, ela é considerada leve e pode ser apenas acompanhada. Se for de 20 a 40 graus, pode ser que o paciente necessite de um colete para orientar o crescimento. Se for acima de 45 graus, é caso de indicação cirúrgica. De maneira geral, ela pode aparecer antes dos 3 anos, entre os 3 os 10 anos e dos 10 aos 18 anos. Na maioria dos casos, a proeminência na coluna (denominada giba) começa a ficar evidente justamente no período chamado de “estirão” entre a infância e a adolescência.

Junho é o mês de conscientização para mostrar a importância de buscar tratamento precoce. “A fase crítica é entre os 10 e os 13 anos, quando pode ocorrer alguma falha na orientação espacial do crescimento da coluna vertebral. Quando ela é identificada antes da fase de crescimento, é possível usar um colete para orientar o crescimento e tentar evitar a deformidade. A incidência de sucesso desse uso é de 65%”, detalha o médico Carlos Romeiro. De acordo com ele, um dos fatores complicadores da escoliose é que ela costuma aparecer na fase em que também estão sendo desenvolvidos o corpo, a libido e a autoestima do adolescente. “Pacientes com escoliose tendem a não querer sair de casa, evitar convívio social e determinadas roupas. Isso pode gerar questões psicológicas associadas”, alerta.

Para identificar a escoliose, o indicado é fazer o “teste de Adams”. É um procedimento simples, de dobrar a coluna para frente, que pode ser feito em casa. Se ao baixar o tronco para frente for observada diferença na altura de um dos lados da coluna, o recomendado é procurar ajuda médica. Outros detalhes a serem observados são a diferença na altura dos ombros, a escápula proeminente, a descentralização da cabeça em relação à pelve e a proeminência em um lado do quadril. “Se não for tratada, a curvatura da coluna pode aumentar e interferir no funcionamento do pulmão e do coração”, lembra o médico. 

Foi o que começou a acontecer com Genyffer Queiroz. Depois de receber o diagnóstico, aos 13 anos, e de frequentar vários serviços de saúde em busca de tratamento, ela ficou numa lista de espera durante sete anos por uma cirurgia. Essa lista atualmente tem cerca de 300 crianças e adolescentes esperando. A vez de Genyffer nunca chegou e só quando ela já estava adulta, trabalhando paga pagar um plano de saúde, fez o procedimento. “Um dia no banho, senti uma tontura grande e lembrei que um médico tinha me dito que isso iria acontecer. Depois, andava poucos metros e cansava como se tivesse caminhado grandes distâncias. Aí comecei a procurar a cirurgia. Muita gente pensa que escoliose é só uma questão estética, mas não é. É sério”, diz ela, que fez a cirurgia em 2016 e hoje não tem mais as dificuldades na respiração.

No caso da estudante Pâmela Santana, 16, o que pesava era o preconceito. Ao andar na rua com o colete de correção, ela e a família eram surpreendidas com olhares curiosos e intimidadores. “Comecei a sentir dores na perna quando tinha sete, oito anos. Depois começamos a perceber a coluna mudando. Fiz natação, balé, pilates, mas não melhorava. Passei dois anos usando o colete e foi um período muito difícil.” Antes dos 14 anos, Pâmela chegou aos 45 graus de inclinação na coluna. Ela fez duas cirurgias, a última em 2018, e corrigiu a curvatura.  

Diário de Pernambuco



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