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08/07/2019 17:00:00

Fundo Canvas/Credit Suisse: Perda milionária em operação imobiliária no Rio

No total, a Operação Lava Jato identificou 38 contas no Credit Suisse


Fundo Canvas/Credit Suisse: Perda milionária em operação imobiliária no Rio

Os investidores do Fundo Canvas/Credit Suisse, não devem estar muito felizes: com a desistência do fundo no projeto da renomada arquiteta Zaha Hadid que seria construído no último terreno da Av. Atlântica, o Fundo, segundo avaliação de analistas do mercado, perdeu somente nesta operação, cerca de R$ 50 milhões. Isso porque, o terreno avaliado em R$ 40 milhões há 5 anos, foi colocado à venda por R$ 36 milhões e não recebeu nenhuma oferta de construtoras do Rio. Segundo especialistas, o terreno não vale, hoje, mais do que R$ 10 milhões.

O Fundo Canvas/Credit Suisse , em 2013, financiou R$ 22 milhões para a empresa dona do projeto. Em ação movida na justiça pela Geromar, idealizadora do empreendimento, o fundo perdeu a ação e teve de indenizar a empresa em R$ 6 milhões. Fora esse valor, some-se o ITBI para transferência do ativo para seu nome e às despesas de honorários advocatícios que calcula-se em cerca de R$ 6 milhões, além das perdas financeiras durante os 5 anos que durou o litigio na justiça, calculadas em aproximadamente mais R$ 12 milhões, totalizando perda total para os investidores, somente nessas rubricas, no valor de 24 milhões

Mas o prejuízo para os investidores não param aí: o Fundo Canvas, hoje a dona do ativo, colocou à venda o terreno, por exigência da CVM e, por duas vezes, não houve licitante no leilão.

A explicação para o fracasso do leilão, está no fato que a legislação atual não permite que seja construído mais do que 4 andares no terreno da Atlântica, o que afugentou as empresas construtoras em virtude do preço mínimo pedido pelo Fundo Canvas/Credit Suisse: R$ 36 milhões.

Segundo uma grandes empresa do mercado imobiliário, "o Fundo perdeu a chance de recuperar o capital investido quando a empresa Geromar conseguiu, durante as Olimpíadas, licença de obra para construir 12 andares. Neste momento, o terreno valia R$ 50 milhões. Agora, sem o projeto e sendo permitido somente a construção de 4 andares, o terreno vale, hoje, em torno de R$ 10 milhões e sem oferta".

Assim, o prejuízo final dos investidores do Fundo Canvas com o terreno da Atlântica alcança cerca de R$ 40 milhões. O Jornal do Brasil ligou para Antonio Quintella e Rafael Fritsh, diretores do Fundo que não atenderam à reportagem.

O FUNDO CANVAS

Criado por André Jarkuski, dono do JGP, o banqueiro que foi sócio de Paulo Guedes no Banco Pactual, vendeu sua participação no Canvas, por descordar das “práticas operacionais” dos sócios Rafael Fritsz e Antonio Quintella . Rafael ficou conhecido no mercado financeiro por ter causado prejuízo à um ex presidente do BNDES, em desastroso investimento. Depois disso, Rafael foi socorrido por Jarkuski que lhe deu uma nova oportunidade profissional.

Mas as operações do Fundo Canvas, que foi criado para investir no mercado imobiliário, sob comando de Rafael Fritsz ,também foram mal sucedidas em investimentos em Santos e em Santa Catarina, causando perdas que fizeram Jarkuski desistir e sair da operação. Até mesmo relatório com informações falsas sobre recuperação de crédito foram enviadas pelo Canvas para a CVM, causando constrangimento para os acionistas.

Antonio Quintella, ex Presidente do Credit Suisse, convida para entrar de sócio no Canvas Capital S.A (“uma empresa de investimentos alternativos com participação do Credit Suisse Group AG, conforme é anunciado no site da empresa “) , o banco suiço, condenado por fraudes nos Estados Unidos, e acusado na Europa e em seu próprio país , por lavagem de dinheiro. No Brasil, o banco suíço foi um grande receptador de dinheiro roubado por executivos e fornecedores da Petrobras, além de cartolas da Fifa.

Profundo conhecedor das operações do banco no Brasil, Quintella e CREDIT SUISSE estabelecem uma nova plataforma de negócios e entram em um nicho ainda pouco explorado no Brasil : o mercado de compras de “créditos podres” de bancos, denominado no mercado de “distressed assets”. O fundo é voltado principalmente para investidores internacionais em Nova York, está comprando crédito corporativo e precatórios com risco-Brasil, segundo Rafael Fritsch, diretor de investimentos para fundos distressed do Canvas. 

SÓCIO DO FUNDO CANVAS, CREDIT SUISSE ESTÁ ENVOLVIDO COM A LAVA JATO E EM FRAUDES NOS ESTADOS UNIDOS.

Sócio de Antonio Quintella , ex Presidente do Credit Suisse no Brasil e Rafael Fritsh no Canvas, o banco suíço Credit Suisse, além da maior multa já aplicada por fraude a um banco nos Estados Unidos, recebeu, também, das autoridades suíças severa punição legal por fraudes e operações criminosas.

A Supervisão do Mercado Financeiro Suíço (Finma) concluiu em relatório público que o banco foi conivente com brasileiros que tinham contas cuja origem do dinheiro depositado era fruto de corrupção envolvendo a Petrobras e até mesmo os cartolas da Fifa, fazendo do banco um dos maiores centros de lavagem de dinheiro do mundo.  

No total, a Operação Lava Jato identificou 38 contas no Credit Suisse. Em 2015, o consultor Julio Camargo, um dos delatores da Operação Lava Jato, entregou à Justiça Federal os extratos bancários de suas contas na Suíça, por onde passaram US$ 10 milhões destinados ao ex-diretor de serviços Renato Duque e ao seu braço direito, o ex-gerente de engenharia Pedro Barusco no esquema de corrupção e propina na Petrobrás. Uma das contas usadas estava no Credit Suisse.

O lobista Jorge Luz, um dos operadores de propinas do PMDB, foi um dos envolvidos que também usou o banco. Ele entregou ao juiz federal Sérgio Moro os nomes de supostos beneficiários de parte dos repasses que fez por meio do uso de offshores no exterior.

O operador do MDB Mário Miranda também confessou crimes e deixou à disposição da Justiça US$ 7,2 milhões em valores repatriados – montante oriundo, segundo ele próprio disse, de práticas ilícitas em contratos da Petrobrás. Mais de US$ 5 milhões estavam no Credit Suisse.

No caso do Credit Suisse, a Finma encomendou uma investigação que fez um levantamento do comportamento do banco entre 2006 e 2016. Um processo, portanto, foi aberto em 2017, diante das semelhanças que as autoridades encontraram entre a Petrobrás, e dirigentes da Fifa, dentre eles Ricardo Texeira e José Maria Marin, preso por fraude nos Estados Unidos . A conclusão foi de que o banco “infringiu suas obrigações de supervisionar o combate à lavagem de dinheiro em todos os três casos”.

FILHO DE SERGIO MACHADO FOI DIRETOR DO CREDIT SUISSE

Sergio Firmeza Machado, filho do ex Presidente da Transpetro e delator na lava-jato, foi o segundo executivo do banco de investimentos Credit Suisse no Brasil. Para não ser preso, Sergio Filho , tal como o pai, teve de fazer acordo de delação premiada com a justiça brasileira. Serginho, como é conhecido no mercado, era o responsável pela área de operações estruturadas do banco. 

Agressivo e tido como “garoto prodígio”, Serginho, era o principal banqueiro da instituição no Brasil, abaixo apenas do atual presidente banco suíço, José Olympio Pereira , filho do fundador da Editora José Olympio.

NOVAS INVESTIGAÇÕES CONTRA O BANCO NO MUNDO

As acusações de crime de lavagem de dinheiro contra o banco Credit Suisse não se restringem às multas e condenação nos Estados Unidos. O banco virou foco de novas investigações por envolvimento em lavagem de dinheiro e evasão fiscal na Holanda e em vários países europeus. Promotores holandeses acusam o banco de lavagem de dinheiro e evasão fiscal e foi desencadeada ações sobre dezenas de milhares de contas suspeitas em cinco países.

As buscas coordenadas começaram esse ano na Holanda, Grã-Bretanha, Alemanha, França e Austrália, conforme declaração do escritório holandês para a acusação por crimes financeiros (Fiod). O Credit Suisse , declarou que as autoridades locais visitaram seus escritórios em Amsterdã, Londres e Paris "sobre questões fiscais de clientes" e que estava cooperando.

DIRETOR PRESO

Para atuar neste mercado, Quintella, Fritz e Credit Suisse tomaram emprestados em junho de 2018, USD 450 milhões da PJT- PARK HILL GROUP, empresa financeira americana com sede em Nova Iorque que em 2016 foi processada pela Fundação de caridade do bilionário Louis Bacon. Motivo : fraude.

O diretor da PJT -Park Hill , Andrew Caspersen foi acusado de fazer uma “pirâmide” dentro da empresa, lesando dezenas de clientes. O total desviado somam mais de USD 38 milhões. Processado pela justiça americana, Caspersen foi condenado a 4 anos de prisão. A pena pedida pela promotoria americana foi de 30 anos, mas como ele se confessou culpado, pegou somente 4 anos, devendo sair da prisão somente em 2020.

Os investidores do Fundo Canvas, certamente, não sabiam desse lado tenebroso de Quintella/ Friths/Credit Suisse. E, por isso, amargam o fato dos recursos aplicados terem “virado pó”. A CVM possui investigação contra o Fundo. O Jornal do Brasil está acompanhado o caso.



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