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Atualidade
07/07/2019 20:00:00

Congresso indígena reúne 2 mil pessoas na UnB

Participaram do 3º Cipial representantes de oito países da América Latina e 30 etnias


Congresso indígena reúne 2 mil pessoas na UnB

Sob o tema central "Trajetórias, narrativas e   epistemologias plurais, desafios comuns", o 3º Congresso Internacional de Povos Indígenas da América Latina (Cipial), realizado no Brasil pela primeira vez, foi encerrado nesta sexta-feira, na Universidade de Brasília (UnB). Foram três dias de conferências, simpósios, palestras e atividades culturais. O evento tomou conta de 10 espaços do câmpus, rebatizados com nomes de origens indígenas. O Memorial Darcy Ribeiro, a Reitoria e a Biblioteca Central (BCE), por exemplo, transformaram-se no Espaço Mapuche, enquanto o Instituto Central de Ciências Norte (ICC Norte) virou o Espaço Tupinambá. O Centro de Convivência Multicultural dos Povos Indígenas (Maloca), o Centro de Convivência Negra (CCN), a Associação dos Servidores da Fundação UnB (ASFUB) e a Faculdade de Direito (FD) formaram o Espaço Funi-Ô.

De acordo com a organização, o Cipial é um congresso autônomo, de livre iniciativa de investigadores de diversos países, que conta com duas instâncias organizadoras: o Comitê Científico Internacional e a Comissão Organizadora Local, a qual varia a cada edição. A primeira delas foi realizada em 2013, em Oaxaca, no México. A segunda, em 2016, na cidade de Santa Rosa, na Argentina. Neste ano, participaram  2 mil pessoas, de oito países e 30 etnias.

Trajetórias

A programação foi distribuída sob diferentes formatos, como conferências, simpósios, sessões de pôsteres, mostras fotográficas e de audiovisual, feira de sementes, palestras, grupos de trabalho, fóruns, oficinas, minicursos, relatos de experiências, lançamentos de livros e apresentações musicais. Ao todo, o Congresso foi organizado conforme 12 eixos temáticos: história e memória; línguas indígenas; artes, literaturas e comunicação indígena; política, cidadania e direitos indígenas; terras e territorialidades indígenas; educação para a diversidade; sociedade, ambiente e sustentabilidade; alimentação indígena; saúde e medicina indígena; gênero e etnicidade; grandes projetos, economia, produção e alternativas ao desenvolvimento; problemas sociais indígenas em contextos urbanos.
 
Personalidades atuantes nas causas indígenas no Brasil e na América Latina estiveram presentes e contribuíram para o direcionamento das atividades. A deputada federal Joênia Wapichana, primeira mulher indígena a advogar no Brasil, esteve na mesa de abertura do evento, na quarta-feira. A líder indígena, ex-candidata à vice-presidência e coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Sônia Guajajara, ministrou conferência na noite de quinta-feira.

Protagonismo

A organização do 3º Cipial baseou-se, sobretudo, na compreensão de que não se trata mais de falar sobre os indígenas, como se a eles coubesse apenas o lugar de personagem. Eles devem ser tratados como autores que são, seja de suas próprias narrativas, seja percepções externas.
 
Assim, considerando o que os indígenas têm a dizer, como coletivos e indivíduos, as atividades do Congresso foram protagonizadas por intelectuais e ativistas indígenas, com base no diálogo, na partilha de experiências e no reconhecimento mútuo.
 
O aspecto da diversidade, inclusive, norteou a divisão de temas e formas do 3º Cipial. A organização do evento pontua o favorecimento do encontro e do diálogo, tanto entre disciplinas no campo da ciência e pesquisadores indígenas e não indígenas de diferentes países, povos e territórios, como entre outros profissionais e diferentes linguagens, como a literatura, as artes plásticas e o audiovisual.
 
Trocas
 
Uma das últimas atividades do 3º Cipial, a Feira de Sementes sintetizou tudo que o evento buscou abordar. Em ato simbólico, participantes do Congresso, entre indígenas e não indígenas, reuniram-se no centro da Maloca, estenderam sobre panos as sementes trazidas e trocaram entre si amostras das mais diversas regiões.
 
Liziane Neves, estudante de geografia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), participou pela primeira vez do Cipial. Ela faz parte do coletivo Colher Urbano, que desenvolve uma horta de experimentação de práticas agroecológicas e incentivo à economia solidária no câmpus Nova Iguaçu da UFRRJ. 
 
Correio Brazilense


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