Parte de uma das paredes do talude (estrutura de sustentação) da Mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais (MG), se desprendeu na madrugada desta sexta-feira, 31. De acordo com a Vale, mineradora responsável pela estrutura, a cava de onde é retirado o minério e a barragem Sul Superior, com os rejeitos da atividade, não foram afetadas.
“As primeiras avaliações indicam que o material está deslizando de forma gradual, o que até o momento corrobora as estimativas de que o desprendimento do talude deverá ocorrer sem maiores consequências”, informou a mineradora, em nota. A Vale disse ainda que a barragem segue com monitoramento 24 horas por dia com uso de radar e estação robótica capazes de “detectar movimentações milimétricas”.
Um estudo de impacto de um eventual rompimento da barragem aponta para a possibilidade de morte de moradores e “inundação generalizada de áreas rurais e urbanas” em três municípios, além de possíveis interrupções de estradas e problemas com abastecimento de água e de luz.
Além de Barão de Cocais, os municípios a ser afetados pela lama são Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo. Nas três cidades, a população que teria de ser retirada de casa para não ser atingida pela lama ultrapassa 10.000 pessoas: são cerca de 6.000 em Barão de Cocais, 2.400 em São Gonçalo do Rio Abaixo e 1.700 em Santa Bárbara. As três cidades já passaram por simulações de evacuação.A velocidade do deslocamento do talude vem aumentando desde abril, quando a estrutura passou a se movimentar cerca de 5 centímetros por dia, ritmo que só se acelera desde então, segundo dados divulgados periodicamente pela Agência Nacional de Mineração (ANM). Na última terça-feira 28, nos pontos mais críticos, a velocidade registrada subiu para 24,8 cm/dia. Em sua porção inferior, o talude passou a se movimentar 20,1 cm/dia.
Revista Veja