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Internacional
27/05/2019 16:00:00

Eleições para Parlamento Europeu: quem são os ganhadores e perdedores e o que isso representa


Eleições para Parlamento Europeu: quem são os ganhadores e perdedores e o que isso representa
Ilustração

Enquanto isso, os partidos liberais e verdes ganharam espaço, assim como os grupos de extrema direita e eurocéticos, que triunfaram na Itália e na França - embora, de uma maneira geral, a extrema direita tenha ficado muito aquém da vitória expressiva prevista por alguns analistas.

A participação dos eleitores em todo o continente foi de quase 51% - a mais alta nos últimos 20 anos.

As eleições para o Parlamento Europeu, que começaram na quinta-feira e terminaram no domingo, foram acompanhadas de perto não só nos 28 países que participaram do pleito, mas também fora deles.

A expectativa era que o processo eleitoral poderia medir a verdadeira força dos partidos de extrema direita, populistas ou nacionalistas na União Europeia, após vários anos de ascensão em países como a Itália, onde fazem parte do governo, e na França.

Enquanto a contagem de votos continua, confira os resultados preliminares do pleito:

Golpe para os tradicionais

O Partido Popular Europeu (EPP) e a Aliança Progressista de Socialistas e Democratas (S&D), pró-europeus de centro-direita e de centro-esquerda, respectivamente, sempre ocuparam mais de 50% das cadeiras no Parlamento.

Mas, de acordo com os resultados preliminares, perderam a maioria absoluta, de modo que não podem mais formar uma "grande coalizão" sem o apoio de outros grupos.

A mudança é pequena, mas histórica e pode refletir na crescente importância dos partidos menores.

Emmanuel MacronDireito de imagemEPA
Image captionEm Marcha, o partido de Emmanuel Macron, ficou em segundo lugar na França nas eleições para o Parlamento Europeu.

Outro partido grande e antigo no Parlamento, a Aliança de Democratas e Liberais pela Europa (Alde), de centro, teve mais sorte e foi um dos vencedores da disputa, aumentando sua representação em cerca de 40 cadeiras.

O Alde foi beneficiado pela decisão do presidente francês, Emmanuel Macron, de reunir os parlamentares eleitos de seu partido a esse grupo.

"Pela primeira vez em 40 anos, os dois partidos clássicos - socialistas e conservadores - já não terão maioria", afirmou Guy Verhofstadt, líder do Alde.

"Está claro que esta noite é um momento histórico, porque haverá um novo equilíbrio de poder no Parlamento Europeu."

O Alde também é um bloco pró-europeu, o que faz com que essa tendência continue sendo maioria, ao somar os membros desses três grandes grupos.

Onda verde

Um dos grandes vencedores da eleição parece ser o Partido Verde Europeu, que aumentou seu número de cadeiras em cerca de 3%, segundo os resultados preliminares.

Este grupo esperava capitalizar com a proliferação de protestos por medidas contra a mudança climática.

Na Alemanha, eles se tornaram a segunda principal força e também obtiveram bons resultados na Finlândia, França e Portugal.

De acordo com analistas, o EPP provavelmente formaria uma "grande coalizão" com o S&D, com o apoio destes dois últimos partidos: o Alde e o Partido Verde.

Eurocéticos

Os partidos eurocéticos e de extrema direita, como o Agrupamento Nacional, de Marine Le Pen (França), Alternativa para a Alemanha (AfD) e a Liga Italiana, de Matteo Salvini, estão divididos em três grupos no Parlamento Europeu.

Marine Le PenDireito de imagemREUTERS
Image captionO Agrupamento Nacional, de Marine Le Pen, estava à frente do partido do presidente da França, Emmanuel Macron

São eles: os Conservadores e Reformistas Europeus (ECR), a Europa da Liberdade e da Democracia Direta (EFDD) e a Europa das Nações e da Liberdade (ENF), sendo estes dois últimos de extrema direita.

As projeções apontam que os blocos de extrema direita conquistaram mais de 10% de representantes.

Na França, o Agrupamento Nacional, de Marine Le Pen, derrotou o Em Marcha, partido de centro e pró-europeu do presidente do país, Emmanuel Macron, embora por uma margem de 1%, segundo resultados preliminares.

Le Pen mudou sua posição sobre a permanência da França na União Europeia: agora diz que quer que o país permaneça no bloco.

A Liga Italiana também assumiu a liderança, com 30% dos votos, em seu país, enquanto o Movimento 5 Estrelas, com quem forma um governo de coalizão, acabou em terceiro.

O líder da Liga, Matteo Salvini, quer criar um bloco nacionalista no parlamento chamado Aliança Europeia dos Povos e das Nações.

Esse grupo poderia se tornar o segundo maior bloco do Parlamento se conseguir reunir outros aliados.

O crescimento dos partidos nacionalistas oferece uma participação maior aos eurocéticos que querem limitar os poderes da União Europeia.

Víktor OrbánDireito de imagemAFP
Image captionO partido de extrema-direita Fidesz, de Viktor Orbán, foi um dos vencedores destas eleições

A Alternativa para a Alemanha (AfD) se saiu pior do que se esperava e permaneceu atrás de duas legendas tradicionais de seu país, a União Democrata Cristã (CDU) e o Partido Social Democrata (SPD).

Mas o número de votos que recebeu aumentou de 7,1% nas eleições parlamentares de 2014 para 11% nestas eleições.

Na Hungria, o partido Fidesz, de Viktor Orbán, conquistou 52% dos votos - o que corresponde a 13 das 21 cadeiras do país.

Apesar de o partido ser identificado como de extrema direita e anti-imigração, é filiado ao tradicional EPP (centro-direita) no Parlamento Europeu.

Em março, no entanto, o EPP suspendeu o Fidesz por sua retórica antieuropeia.

E agora o grupo deverá decidir se quer lutar para permanecer como centro-direita ou se juntar à emergente aliança nacionalista contra imigração.

A segunda opção daria ao grupo de Matteo Salvini uma vantagem considerável. Mas Orbán ainda não deixou claro o que vai fazer.

Ao tomar conhecimento do resultado das eleições, o presidente húngaro declarou:

"Somos pequenos, mas queremos mudar a Europa", descrevendo as eleições como "o início de uma nova era contra a migração".

Matteo SalviniDireito de imagemAFP
Image captionMatteo Salvini procura se posicionar como o líder dos blocos nacionalistas da Europa

No Reino Unido, o Partido do Brexit, lançado seis semanas antes da eleição, lidera a apuração dos votos, à frente dos tradicionais partidos Conservador e Trabalhista.

O líder do grupo, Nigel Farage, afirmou que os dois principais partidos "poderiam aprender uma grande lição" com os resultados.

Os Liberais Democratas, de orientação pró-europeia, ficaram em segundo lugar no Reino Unido.

O que aconteceu em outros países?

Na Áustria, o Partido Popular (ÖVP), de centro-direita, que está no poder, obteve um percentual recorde de 34,9% dos votos, apesar do colapso de sua coalizão com o Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ), de extrema direita, por conta de um escândalo de corrupção.

O ex-líder do FPÖ, Heinz-Christian Strache, apareceu em um vídeo supostamente oferecendo contratos públicos para a sobrinha de um oligarca russo em troca de apoio a seu partido. Apesar disso, o FPÖ ficou em terceiro lugar com 17,5% dos votos.

Nigel Farage, líder do Partido do BrexitDireito de imagemAFP
Image captionO Partido do Brexit, liderado por Nigel Farage, lidera no Reino Unido, de acordo com resultados preliminares

Na Espanha, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) ganhou 32,8% dos votos, enquanto o Partido Popular (PP), de centro-direita, ficou em segundo lugar.

O Vox, de extrema direita, que conquistou mais de 10% dos votos nas eleições gerais espanholas em abril, obteve apenas 6,2% agora.

Na Holanda, o Partido pela Liberdade, anti-islâmico e eurocético, de Geert Wilders, sofreu uma queda acentuada, contabilizando 16% dos votos, em coligação com o Fórum para a Democracia (FvD).

Na Bélgica, o partido Vlaams Belang, de extrema direita, conquistou apenas 4,3% dos votos.

Na Grécia, o primeiro-ministro, Alexis Tsipras, anunciou que convocará eleições antecipadas no país depois que seu partido, Syriza, obteve apenas 20% dos votos, sendo derrotado pelo partido conservador de oposição Nova Democracia, que obteve 33,5%.

A cada cinco anos

De cinco em cinco anos, os países da União Europeia vão às urnas para eleger os membros do Parlamento Europeu.

É atribuído um número determinado de cadeiras para cada país, de acordo com o tamanho de sua população.

Neste momento, há 751 parlamentares no total.

Embora muitos sejam membros de um partido nacional em seu próprio país, uma vez no Parlamento Europeu, aderem a um dos oito grupos políticos formados por parlamentares europeus de toda a União Europeia que partilham da mesma filiação política.

Pedro SánchezDireito de imagemEPA
Image captionO PSOE, liderado por Pedro Sánchez, saiu vitorioso nas eleições parlamentares

Os membros do Parlamento Europeu representam os interesses de diferentes países e diferentes regiões da União Europeia.

O órgão é responsável, juntamente ao conselho de dirigentes dos estados-membros, por fazer leis e aprovar orçamentos.

Também desempenha um papel nas relações da União Europeia com outros países, incluindo aqueles que desejam aderir ao bloco.

BBC Brasil



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