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Crise na Venezuela
20/04/2019 17:00:00

Maduro pede ao presidente do Senado brasileiro apoio para restabelecer relações

Maduro pede ao presidente do Senado brasileiro apoio para restabelecer relações


Maduro pede ao presidente do Senado brasileiro apoio para restabelecer relações
Nicolás Maduro da Venezuela

O presidente da VenezuelaNicolás Maduro, enviou uma carta ao presidente do Senado Federal e do Congresso Nacional, Davi Alcolumbre (DEM-AP), em que pede o apoio do parlamentar brasileiro para restabelecer “uma relação bilateral amistosa e respeitosa” entre os dois países e reabrir a fronteira venezuelana com o Estado de Roraima, segundo cópia da missiva obtida pela Reuters.

A correspondência foi entregue a Alcolumbre nesta quarta-feira (17) pelo senador por Roraima Telmário Motta (Pros), que se reuniu na segunda-feira com Maduro em Caracas. Telmário é presidente da subcomissão temporária da Venezuela, na Comissão de Relações Exteriores do Senado.

O fechamento da fronteira por Maduro vigora desde o dia 23 de fevereiro e impediu a entrada de ajuda humanitária organizada pelos Estados Unidos e apoiada pelo governo de Jair Bolsonaro. Esse bloqueio tem causado perdas diárias milionárias ao comércio na cidade fronteiriça de Pacaraima, onde os venezuelanos vinham se abastecer de alimentos e produtos de consumo.

Na carta a Davi Alcolumbre, com tradução juramentada, Nicolás Maduro inicia dizendo que a Venezuela é ameaçada “permanentemente pelo governo dos Estados Unidos com uma intervenção militar, ao mesmo tempo em que impõe à nossa economia um severo, arbitrário e injusto bloqueio, com o objetivo de forçar uma mudança de governo pela força”.

Maduro diz que o presidente Jair Bolsonaro “lamentavelmente” tem rompido com a tradição de relações de harmonia, fraternidade e respeito mútuo ao adotar “uma política inamistosa com a Venezuela e seu governo constitucional, violando sistematicamente o sagrado princípio de não interferência em assuntos internos dos Estados”.

Senado como porta-voz

Maduro pede que o Senado brasileiro seja porta-voz dos interesses de seu governo para “restabelecer uma relação bilateral amistosa e respeitosa entre nossas nações”.

Maduro considerou “muito positivo” o envio de uma subcomissão do Senado para acompanhar a situação da Venezuela e suas relações com o Brasil, citando o encontro de Telmário com ele e outros integrantes do governo.

Segundo o líder venezuelano, após a conversa com Telmário, ele decidiu atuar pela “reabertura dos postos fronteiriços, sob regras claras a serem acordadas entre ambas partes, com um espírito construtivo, de cooperação, de boa vizinhança e de complementação econômica”.

“Por tal motivo, peço apoio de vossa excelência para estabelecer uma mesa de trabalho binacional, com participação do Senado do Brasil, para concretar as regras de convivência e respeito que nos permitam proceder a reabrir a fronteira, como gesto compartilhado de boa vontade”, diz.

Maduro lembra na carta as vantagens de uma normalização.

“Tem-me expressado o senador Temário Mota que é de especial interesse para o Estado de Roraima o sano restabelecimento de nosso intercâmbio comercial, econômico, humano e cultural”, diz.

“De igual maneira, ordenei fazer todos os esforços para superar as adversidades que ocasionou o ataque criminal a nosso sistema elétrico nacional, para restituir, no menor prazo possível, nossa cooperação em matéria de energia elétrica com o Estado de Roraima, como sempre tem sido meu desejo. Conte o senhor e o Brasil todo com meu dedicado compromisso nestas decisões”, completa.

Ao final da carta, Maduro reitera ao presidente do Senado e a todas as instituições do Estado brasileiro “nosso desejo de retornar o caminho das relações bilaterais de cooperação, complementação e respeito mútuo, em benefício de nossos povos”.

Para ele, “nenhuma diferença ideológica ou política pode se colocar por em cima da paz e da unidade dos povos de nossa América Latina e Caribenha”.

“Tenho a certeza de que lograremos neutralizar as ambições de guerra e as ânsias de confrontação, para juntos retomar o caminho da harmonia e o desenvolvimento compartilhado de nossos povos irmãos”, conclui.

O encontro de Telmário com Maduro foi alvo de críticas de apoiadores de Bolsonaro. A deputada Carla Zambelli (PSL-SP) divulgou uma carta de repúdio ao considerar “inaceitável” que um senador brasileiro venha a público prestar apoio ao “regime criminoso e totalitário” de Maduro.

“Maduro, com sua política comunista, alcançou seu objetivo: todos os venezuelanos são igualmente miseráveis, desnutridos e desamparados”, criticou ela. “Por fim, reafirmamos nosso apoio à decisão do governo brasileiro em reconhecer Juan Guaidó como o presidente legítimo da Venezuela.”

https://www.huffpostbrasil.com



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