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Educação
10/04/2019 11:00:00

Apenas 1 em cada 5 crianças frequenta a escola em países pobres, diz Unicef

No Brasil, a região Norte é a mais atingida pela falta de acesso a creches e pré-escolas.


Apenas 1 em cada 5 crianças frequenta a escola em países pobres, diz Unicef

De acordo com dados do Unicef, mais de 175 milhões de crianças não estão matriculadas na educação infantil ao redor do mundo. Isso significa que apenas 1 em cada 5 crianças frequenta a escola em países pobres ou em desenvolvimento.

Os dados são do primeiro relatório global realizado pela instituição, apresentado nesta segunda-feira (8).

O documento A World Ready to Learn: Prioritizing quality early childhood education (Um mundo pronto para aprender: Priorizando a educação infantil de qualidade), ainda mostra que o Brasil não conseguiu alcançar a meta de universalizar o acesso à pré-escola proposta pelo Plano Nacional da Educação (PNE) . 

De acordo com Ítalo Dutra, chefe da área de Educação do Unicef Brasil, o relatório deixa claro a necessidade de investimento na educação na primeira infância. 

“Esse investimento é o que vai garantir o desenvolvimento e a aprendizagem ao longo da vida da criança e do adulto. O nosso objetivo é fazer um esforço em conjunto com o poder público para compreender por que crianças de zero a 5 anos não estão frequentando escolas e creches”, explicou o especialista ao HuffPost Brasil.

No País, apenas 32,7% das crianças de até 3 anos frequentavam a creche em 2017. Entre os principais motivos apontados pelos responsáveis para a não frequência à pré-escola estão a dificuldade de acesso, a falta de vaga ou a inexistência de escola na localidade da moradia. 

Mas um grande percentual - 53% ou cerca de 1,4 milhão de pais ou responsáveis - não queria que a criança frequentasse a instituição.

“Se os próprios pais não querem as crianças na escola, isso é um indicativo de não compreensão acerca do que a oferta da educação infantil pode fazer por seus filhos. Ou até a crença na pouca qualidade da educação que tem sido oferecida”, explica Dutra.

Entre as crianças de 4 e 5 anos, 91,7% estavam na pré-escola em 2017, totalizando quase 4,9 milhões.

Embora esse percentual venha crescendo, o aumento não foi suficiente para que o Brasil alcançasse a universalização da pré-escola em nenhuma das regiões do País. 

“A gente tem cada vez mais famílias chefiadas por mulheres no Brasil e a gente tem um esforço grande a ser feito no sentido de ampliar essas matrículas e a qualidade do que será oferecido, porque a criança fora da creche não atinge só o desenvolvimento da criança, mas toda uma organização familiar. É preciso entender como estão sendo desenhadas as redes de apoio paralelas e como o poder público pode trabalhar para melhorá-las”, diz Dutra.

 

Reconhecer o problema é o primeiro passo

Para combater a exclusão escolar no País, o Unicef trabalha com o projeto de Busca Ativa Escolar, uma plataforma para apoiar os governos na identificação, no registro, controle e acompanhamento de crianças e adolescentes que estão fora da escola ou em risco de evasão.

Por meio dela, os municípios e os Estados poderão obter dados concretos para planejar, desenvolver e implementar políticas públicas que contribuam para a inclusão escolar.

“Não é só fazer campanhas de matrículas. É preciso ir atrás das famílias que não têm conhecimento nem de como elas acessam os serviços”, afirma Dutra.

Neste sentido, o especialista em educação teme que a falta de direcionamento no Ministério da Educação - cujo ministro, Ricardo Vélez, foi demitido nesta segunda-feira (8) - acabe por alienar as propostas da primeira infância.

“O plano de governo de Jair Bolsonaro citou dados da Unicef que reconhece o problema da exclusão escolar. No entanto, ainda não foram apresentadas ações claras para lidar com as consequências disso, desde a falta de vagas até o transporte adequado. Também é preciso uma proposta para a implementação da base comum curricular que seja eficiente”, explica. 

Para o Unicef, os governos deveriam investir pelo menos 10% de seus orçamentos nacionais de educação para ampliar a educação infantil e investir em professores, principalmente em regiões de vulnerabilidade social. No Brasil, a região Norte é a mais atingida pela falta de acesso a creches e pré-escolas. 



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