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Política
02/04/2019 23:59:00

Especialistas pedem psicólogos nas escolas para garantir segurança

Desde 2002 foram oito ataques em escolas brasileiras, nos quais alunos ou ex-alunos armados atiraram contra estudantes e funcionários.


Especialistas pedem psicólogos nas escolas para garantir segurança

Deputados e especialistas pediram presença de psicólogos, e não de armas, nas escolas, para garantir a segurança de alunos e professores, em audiência pública na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados nesta quinta-feira (28).

“Eu troco uma arma por um orientador educacional. Eu troco uma bala por um apoio de um psicólogo”, afirmou o deputado Professor Israel Batista (PV-DF), autor do pedido de audiência. Preocupado com o recente atentado a estudantes e professores em uma Escola Estadual Professor Raul Brasil no município de Suzano (SP), o parlamentar solicitou o debate para conter o que chama de “epidemia de violência nas escolas”.

A deputada Tabata Amaral (PDT-SP) acredita que o professor não pode ter arma, porque não pode ser responsável pela segurança, como defenderam alguns parlamentares após o massacre de Suzano. Para ela, o professor precisa de apoio de psicólogos. “Não é luxo, faz sentido até financeiro você ter na escola o profissional que dá apoio, que acompanha, isso é urgente e é para agora”, opinou.

Armas de fogo
Representante do Instituto Sou da Paz, Felippe Angeli manifestou preocupação com o controle de armas de fogo e munições no País. Ele citou levantamento feito pela entidade que mostra que os ataques às escolas no Brasil ainda são raros em comparação com outros países em que o acesso a armas de fogo é facilitado.

 

 
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Segundo o levantamento, desde 2002, foram oito ataques em escolas brasileiras, nos quais alunos ou ex-alunos armados atiraram contra estudantes e funcionários. Em metade desses ataques, os atiradores utilizaram que estavam armazenadas em suas casas.

 

Nos Estados Unidos, no mesmo período, houve 160 ataques em escola. Conforme o especialista, um dos motivos para isso é o acesso facilitado a armas de fogo naquele País. “Nesse sentido, nos preocupam muito as medidas adotadas pelo atual governo no sentido de flexibilizar e aumentar o acesso a armas de fogo”, ressaltou.

Conforme Angeli, a maior parte das armas utilizadas em crimes têm origem legal, sendo desviadas de policiais ou de seguranças privados; em outros casos, vêm de cidadãos que compram legalmente a arma e têm sua arma perdida ou roubada.

Mais atenção 
O representante do Movimento Todos pela Educação, João Marcelo Borges, também se manifestou contrariamente às armas de fogo nas escolas e pediu apoio psicológico nas escolas. Para ele, o tema segurança nas escolas ainda é muito negligenciado nos debates educacionais, já que pesquisas apontam que a segurança na escola é uma grande preocupação dos pais e dos próprios alunos de escolas públicas desde a década de 90. 
Borges também citou pesquisa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico em 2013, que apontou que, entre 34 países, o Brasil era aquele que registrava o maior número de agressão aos professores.

Para Borges, valorizar os professores é uma das formas de diminuir a violência nas escolas. Segundo ele, é o professor quem identifica, dentro da sala de aula, o aluno que está com problema, que está destoando dos demais. Ele também ressaltou a necessidade da profissionalização da gestão escolar. Ele observou que em 74% dos municípios brasileiros os gestores são indicados politicamente, sem nenhum critério técnico ou de experiência.

Papel dos pais
Já a professora Juliana Barbieri, autora de dissertação de mestrado sobre bulllying, se a sociedade não se unir às instituições de ensino, outros massacres acontecerão. “A questão toda é chamar o pai, a mãe, e não deixar nas mãos dos professores o papel que é de todos nós”, disse.

O deputado Igor Timo (Pode-MG), por sua vez, defendeu a presença de profissionais de segurança nas escolas. Ele criticou a iniciativa do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, de retirar vigias das portas das escolas estaduais, sob o argumento de que a vigilância custa caro ao estado.

Reportagem – Lara Haje
Edição – Roberto Seabra

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