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Mundo
29/03/2019 23:00:00

Moçambique: ONU estima que 7 mil partos possam ter complicações fatais


Moçambique: ONU estima que 7 mil partos possam ter complicações fatais

As Nações Unidas estimaram que, por conta do furacão Idai em Moçambique, 7 mil dos 45 mil partos previstos nos próximos meses possam registrar complicações.

"Estimamos que mais de 75 mil mulheres grávidas foram afetadas pelo ciclone, com mais de 45 mil partos previstos nos próximos seis meses, 7 mil dos quais poderão registrar complicações potencialmente fatais", alertou Andrea Wojnar, representante em Moçambique do Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA, na sigla em inglês).

O alerta surge depois de a responsável do UNFPA ter feito uma visita a várias infraestruturas e comunidades no distrito de Dondo, na província de Sofala.

"Vi jovens meninas em trabalho de parto em enfermarias com buracos enormes no teto, enfermeiras das maternidades e as suas famílias vivendo em tendas no meio da lama próximo de clínicas que ficaram destruídas", descreveu.

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"Com pelo menos 35 estruturas de saúde completa ou parcialmente destruídas e com os profissionais de saúde eles próprios desalojados ou atingidos, estamos trabalhando sem parar com o Governo e com os outros parceiros para restaurar os cuidados neonatais e maternos básicos", acrescentou.

A representante do UNFPA em Moçambique sublinhou a urgência na resposta às grávidas, mas também à generalidade das mulheres e meninas que enfrentam riscos agravados de doenças sexualmente transmissíveis, violação e violência de gênero.

Por isso, o UNFPA estimou em mais de 9 milhões de dólares os fundos necessários para fornecer serviços de saúde reprodutiva, prevenção e tratamento de doenças sexualmente transmissíveis, contraceptivos e 'kits' para recolha de provas em caso de violação.

"Estamos preocupados e é uma corrida contra o tempo. O risco de exploração e violência sexual aumenta quando as mulheres e meninas são deslocadas das suas comunidades e quando o habitual sistema de apoio e proteção colapsa", adiantou Andrea Wojnar.

"Muitas não têm lugares seguros para dormir ou para ir à latrina. Quando falta comida e não conseguem satisfazer necessidades básicas, as mulheres e meninas podem facilmente ser alvo de predadores e oportunistas", alertou.

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Como resposta ao aumento do risco de violência, o UNFPA está criando espaços seguros onde mulheres e meninas possam procurar informação, apoio psicológico e ser encaminhadas para serviços médicos ou jurídicos.

"Estamos também distribuindo 'kits de dignidade' que contêm absorventes, roupa interior, tecidos, sabão, escova e pasta de dentes e um apito de segurança. São artigos muito básicos, mas que promovem a dignidade das mulheres através da higiene e segurança", disse.

Na quarta-feira, a organização moçambicana Fórum Mulher tinha já alertado para a especial vulnerabilidade das mulheres em situações de catástrofe, apelando para respostas especificas para este grupo da população.

A passagem do ciclone Idai em Moçambique, no Zimbabué e no Maláui fez pelo menos 786 mortos e afetou 2,9 milhões de pessoas, segundo dados das agências das Nações Unidas.

Moçambique foi o país mais afetado, registrando até ao momento 468 mortos e 1.522 feridos, segundo as autoridades moçambicanas, que dão ainda conta de mais de 135 mil pessoas a viverem atualmente em centros de acolhimento, sobretudo na região da Beira. Com informações da Lusa. 



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