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Economia
14/03/2019 16:00:00

Escolas e alimentos aceleram a inflação; índice chega a 3,89% em 12 meses

IPCA sobe para 0,43% em fevereiro devido à alta de preços nos supermercados e a reajustes de mensalidades escolares. Consumidores reclamam, mas, para analistas, não há risco de descontrole


Escolas e alimentos aceleram a inflação; índice chega a 3,89% em 12 meses

Os gastos com alimentos e atividades escolares encareceram o custo de vida dos brasileiros em fevereiro. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou para 0,43%, em comparação à taxa de 0,32% registrada em janeiro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Consumidores reclamam da carestia, mas analistas afirmam que a inflação está em nível controlado e sem risco de provocar alta de juros.

No acumulado de 12 meses, o IPCA está em 3,89%, abaixo do centro da meta de 4,25% estipulada para 2019 pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para especialistas, a taxa se mantém baixa porque a atividade econômica se recupera ainda de forma lenta, com desemprego elevado e consumo reprimido.



Mesmo assim, alguns produtos e serviços encareceram. As despesas com educação, por exemplo, saltaram 3,53% em fevereiro. Em janeiro, a variação havia sido de 0,12%, segundo o IBGE. A alta reflete a volta às aulas e o reajuste das mensalidades dos cursos regulares, que subiram, em média, 4,58% no mês passado. No grupo de saúde, os planos aumentaram 0,79%.

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Os preços nos supermercados subiram menos do que em janeiro, mas foram fundamentais para o IPCA mais alto em fevereiro. De acordo com o IBGE, a alta dos alimentos foi de 0,78%, contra 0,90% no primeiro mês do ano. A aposentada Niramar Rosa Silva, 60 anos, foi uma das pessoas que sentiram o aumento dos preços no bolso. “As compras que faço subiram muito de preço. Estou pesquisando mais, procurando em mercados diferentes, porque as coisas estão muito caras”, disse.

Consumidores afirmam que o encarecimento da alimentação prejudica as contas domésticas porque limita outros gastos. Para a diarista Jussara Santos, 50 anos, e para a filha Jéssica Cristina Santos, 26 anos, o aperto incomoda. “Estamos rezando para que o preço abaixe, porque a gente está se privando muito e está tudo muito caro, é um absurdo”, desabafou Jéssica. Segundo elas, o impacto maior veio da alta do feijão e das hortaliças, principalmente.

 

Divisor de águas

Segundo o economista-chefe do ModalMais, Álvaro Bandeira, apesar da aceleração da inflação em fevereiro, não houve mudanças de expectativas. “Foi algo pontual, e não esperamos avanço a partir de agora. A inflação vai continuar baixa e abaixo da meta”, destacou. “A única possibilidade de que suba é se houver uma zebra na reforma da Previdência”, completou.

Os analistas defendem que a aprovação da reforma é um divisor de águas para a economia brasileira, podendo controlar as contas públicas, atrair investimentos e acelerar o crescimento. “A inflação veio mais alta em fevereiro, mas não muda o panorama, que é bastante benigno e favorável em 2019. A alta ocorreu por fatores pontuais, por causa de alimentos, principalmente, e reajustes das mensalidades escolares”, ressaltou Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos. “Por outro lado, houve um arrefecimento dos preços de serviços, trazendo uma certa preocupação, já que o setor está associado à demanda interna, que é fraca e coerente com o mercado de trabalho”, completou.

Analistas afirmam que, por conta do nível baixo do IPCA, a taxa básica de juros, a Selic, tem condições de ser mantida em 6,5% ao ano, o nível mais baixo da história. “Se atividade econômica continuar fraca, sem pressões inflacionárias, é possível que o BC faça novos cortes na Selic. Mas a reforma é um fator dominante e precisa ser aprovada”, afirmou o economista Thiago Figueiredo, gestor da GGR Investimentos. Parte dos analistas acredita que, se a proposta passar no Congresso, os juros podem cair para 5,5% ao ano.

Correio Braziliense



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