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Especial
05/03/2019 15:00:00

Deputado vai denunciar Conselho de Psicologia de Alagoas à Polícia Federal


Deputado vai denunciar Conselho de Psicologia de Alagoas à Polícia Federal

O deputado Cabo Bebeto (PSL) declarou na tarde desta quarta-feira (27) que irá denunciar o Conselho Regional de Psicologia de Alagoas à Polícia Federal (PF) devido aos panfletos distribuídos durante as prévias carnavalescas da capital.

O debate iniciou com Dudu Ronalsa (PSDB) que pediu uma reunião com o Conselho. “Não sei a linguagem e o objetivo desse panfleto que estava incentivando e instruindo as pessoas como usar as drogas”. Ele completou informando que a Assembleia não pode ficar omissa sobre esse assunto.

O material assinado pela Comissão de Direitos Humanos do CRP-AL lista algumas drogas ilícitas consumidas em grande quantidade durante eventos como o Carnaval e, abaixo de cada uma, traz orientações como: “Dê preferência para bongs e vaporizadores”, no caso da maconha e “não utilize notas de dinheiro para inalar”, no caso da cocaína.

Flávia Cavalcante (PRTB) assim como os demais, pediu que a Casa de Tavares Bastos convocasse o conselho para os devidos esclarecimentos. Já Francisco Tenório (PMN) disse que o Conselho fez “apologia ao crime”.

“Pedir a Polícia Civil para abrir um inquérito policial com base nesse panfleto para apurar a responsabilidade e o Ministério Público para as infrações penais”, colocou.

No final dos discursos, Cabo Bebeto informou que irá na manhã desta quinta-feira (28) na Polícia Federal para fazer a denúncia. 

O Conselho de Psicologia emitiu uma nota após a polêmica gerada nas redes sociais. 

A Comissão de Direitos Humanos do Conselho Regional de Psicologia de Alagoas (CRP-15) realizou no último dia 22 de fevereiro, uma ação educativa sobre a Política de Redução de Danos (RD) no Jaraguá Folia.

A RD se configura como um conjunto de princípios e ações para abordagem aos problemas relacionados ao uso abusivo ou não de álcool e outras drogas. É uma estratégia usada nacional e internacionalmente por instituições formuladoras de políticas sobre drogas e está vigente nas práticas de cuidados no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) reconhecidas pelo o Ministério da Saúde via Portaria n° 1.028 de 1 de julho de 2005, e fazem parte do rol de práticas dos Centros de Atenção Psicossocial de Álcool e outras Drogas (CAPS AD). A RD é respaldada também pela Secretaria Nacional de Política sobre Drogas (SENAD) e se expressa em um movimento de não criminalização do usuário(a).

Essa política visa a prevenção/redução de danos sociais e à saúde decorrentes do uso e/ou abuso de álcool e outras drogas e de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s), suas ações estão presentes no Brasil desde meados dos anos 80. A proposta é atuar de modo a desviar-se de práticas discriminatórias que levam a um processo de estigma e isolamento de pessoas que fazem uso dessas substâncias, propondo assim, uma via de cuidado em saúde a partir do respeito à autonomia dos sujeitos.

Assim, o uso consciente é compreendido como uma forma de prevenção, não tendo a abstinência como a única via de tratamento. Nesse sentido, a abstinência poderá fazer parte do processo de cuidado, mas sempre respeitando a decisão dos sujeitos em toda prática interventiva.

Não cabe na atuação de profissionais da psicologia e das áreas da saúde e assistência social de modo geral, propor uma prática de atuação a partir do que considera moralmente certo/errado. Assim, é importante ressaltar ainda que com base na proposta da RD os(as) profissionais estão comprometidos(as) com uma forma de tratamento in loco, sem retirar os sujeitos do convívio familiar e comunitário indispensável para os cuidados em saúde integral, além de efetivar o debate social sobre a questão, ao invés de simplesmente trancafiar e afastar essas discussões da sociedade, como se fossem invisíveis.

Entendemos que o tema “drogas” ainda é tabu na sociedade sendo abordado sempre de forma dramática e catastrófica, por isso, o preconceito e o estigma associados ao usuário de drogas e também às ações de redução de danos. No entanto, na literatura produzida por profissionais e pesquisadores(as), a RD é apresentada como uma medida de prevenção adequada e eficaz na redução de danos sociais e a saúde de usuários(as), podendo em muitos casos ter a abstinência como resultado final, sem que isso tenha sido uma exigência verticalizada. Associarem “redução de danos” a apologia ao uso de drogas é um sintoma da desinformação. E um sinal verde de que temos muito a avançar na desconstrução desse estigma. Não há possibilidade de tratamento sério sem que tabus sejam quebrados e haja uma ampla discussão sobre um assunto que atinge direta ou indiretamente a todos(as).

Sabemos que no carnaval o uso de substâncias psicoativas lícitas e ilícitas aumenta, e o tabu que gira em torno do consumo dessas substâncias acaba gerando formas de uso que potencializa os prejuízos acarretados. Deste modo, o (Res)PIRE: reduzir para aproveitar, através de uma intervenção psicoeducativa buscou levar informações à população com foco na adoção de práticas que diminuíssem os danos para aqueles(as) que usam drogas e para os grupos sociais com que convivem.

Estudantes e profissionais participaram desse momento importante para a Psicologia alagoana, mostrando que o cuidado ao outro pode acontecer em todos os espaços. É preciso construir redes e práticas de cuidados em saúde que possibilitem a dignidade da pessoa humana.

É preciso falar sobre redução de danos, do cuidado de si, e cuidado do outro. Isso significa saúde mental.



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