m conversa com parentes, o psiquiatra Tadeu Brandão Cavalcante manifestou a vontade de doar órgãos, tecidos e o próprio corpo para estudos na Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal).
Com a sua morte, essa semana, o desejo dele foi atendido. A atitude de solidariedade, amor à profissão e ao próximo - mesmo na dura batalha contra o câncer - deu uma contribuição imprescindível de conhecimento aos futuros médicos.
Tadeu tinha 42 anos e enfrentou o câncer hepático e intestinal.
"A Uncisal informa que recebeu, na última quarta-feira (7), o corpo do psiquiatra Tadeu Brandão, após o médico manifestar à sua família o desejo de doação. A instituição se solidariza aos parentes e amigos de Tadeu Brandão neste momento de luto e ressalta que, após concluir os procedimentos legais e de conservação, o corpo deverá ser utilizado para estudos científicos", diz nota da Uncisal, encaminhada à imprensa.
O professor universitário, médico e presidente da Sociedade Brasileira de Anatomia, Célio Fernando de Souza Rodrigues, lembra da importante contribuição de quem doa, de forma espontânea, citando o caso do psiquiatra Tadeu.
"Nós temos na Uncisal um programa de doação voluntária de corpos. O dele não foi para doação de órgãos para transplantes porque ele teve câncer. Esse é um ato que ajuda muito a sociedade. Cada profissional médico que passa por um corpo, aprende ali como é a anatomia, para que possa realizar depois seus procedimentos no futuro. Não é só o pessoal da Medicina que estuda o corpo, todos os estudantes da área de saúde e essa necessidade é imensa para saber como é uma veia, uma artéria, um fígado", afirma.
De acordo com Célio Fernando, também professor na Uncisal, o ato ajuda muito a sociedade. "É um ato de amor com o próximo. Isso vai ser repassado através das mãos dos estudantes que vão se formar. Só quem recebe doação de corpos espontânea é a Uncisal em Alagoas porque temos o Serviço de Verificação de Óbito (SVO). É importante lembrar que mesmo que a pessoa manifeste esse interesse, se a família não quiser doar, não acontece. Por questões éticas a gente não vai obrigar a família", explica o professor e médico, Célio Fernando.