As 35 minas de exploração de sal-gema da Braskem localizadas nas regiões que abrangem os bairros do Pinheiro, Mutange, Bebedouro e a Lagoa Mundaú estão sob investigação da Agência Nacional de Mineração (ANM), do Serviço Brasileiro de Geologia (SGB) e da Comissão Nacional de Defesa Civil.
Além das minas, os poços do lençol freático de Maceió, explorados pela Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) que atendem 5% da população de Maceió também estão sob análise técnica dos órgãos federais ligados ao Ministério das Minas e Energia.
Em Julho de 2018, a Braskem suspendeu as atividades de cinco minas na região do bairro do Pinheiro até que o laudo conclusivo das causas dos tremores e rachaduras seja revelado, o que deve acontecer até março.
A extração do minério de sal-gema foi apontada como uma das hipóteses para o tremor ocorrido na região, em março de 2018, e posteriormente o aparecimento de rachaduras em imóveis e vias públicas.
Os relatórios de atividades apresentados pelas empresas não convenceram alguns pesquisadores. É o caso do mestre em Geotecnia e professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) Abel Galino.
Em entrevista ao EXTRA, o especialista revelou que um estudo coordenado por ele revelou uma falha geológica localizada próximo à Lagoa Mundaú. Os poços desativados pela Braskem estão nessas falhas.
“Já que se levantou a hipótese de que a extração de sal-gema pode ser uma das causas para essa movimentação de terra na região, por que o governo federal, ou qualquer esfera competente não está cruzando os dados apresentados pela Braskem com outra empresa que possa fazer uma análise dos poços e das atividades realizadas neles?”, questionou Galindol.
O estudo realizado pelo especialista revelou também uma movimentação de aproximadamente 0,3 milímetros por dia na região onde houveram os tremores e posteriormente as rachaduras. Para ser considerado grave, esse movimento deve ser a partir de 12 milímetros.
Suspensão das atividades
O Ministério Público do Estado de Alagoas (MPE/AL) vai sugerir a suspensão das atividades da Braskem em 31 poços até que seja concluído o laudo que aponta as causas do surgimento de rachaduras no bairro.
A afirmação foi feita pelo procurador-geral de Justiça do MPE, Alfredo Gaspar de Mendonça, que participou, na tarde de sábado, 19, de uma grande assembleia com moradores do Pinheiro.
A reunião foi realizada na Praça Arnon de Mello, ponto central da comunidade, e reuniu dezenas de moradores do bairro, além de políticos e residentes de comunidades vizinhas.
Extra Alagoas