Veterano de esquerda, López Obrador lançou em 27 de dezembro uma operação de repressão e ordenou o fechamento temporário de dutos para interromper os desvios ilegais de bilhões de dólares da petroleira estatal Petróleos Mexicanos (Pemex), afundada em dívidas.
“Estamos longe de terminar o combate... contra o roubo de combustível, que vai se tornar mais forte, vamos continuar até que tenhamos erradicado essa prática”, disse López Obrador, que prometeu intensificar a presença de forças de segurança em áreas sensíveis.
Vídeos publicados em redes sociais mostraram pessoas enchendo galões junto ao duto durante o dia e na presença de forças armadas, levando a questionamentos sobre o motivo das autoridades não terem agido.
O governo diz que os soldados chegaram ao local depois de a Pemex ter detectado a perfuração ilegal, mas não tiveram tempo de assumir o controle da área.
A Pemex, por um comunicado, afirmou que funcionários especializados, em coordenação com autoridades de todos os níveis, cuidavam do incêndio. O titular da Secretaria de Segurança e Proteção do Cidadão (SSPC), Alfonso Durazo, foi até o local.
No estado mexicano de Queretaro, explodiu outro duto da Pemex no município de San Juan del Río, na tarde de sexta (18), mas não havia informações de mortos ou feridos.
Explosão de oleoduto deixa dezenas de mortos no México — Foto: Alexandre Mauro/G1
Roubo de combustíveis
O acidente ocorreu em um momento em que vários estados mexicanos sofrem com problemas de escassez de combustível, devido a uma onda persistente de roubo de combustíveis, um delito frequente que provocou um prejuízo de cerca de US $ 3 bilhões ao Estado mexicano em 2017.
As autoridades registraram, naquele ano, mais de 10.000 perfurações para roubo de gasolina nos oleodutos da Pemex. Algumas gangues e famílias de renda modesta roubam petróleo para revenda no mercado paralelo, especialmente no estado de Puebla (centro), onde o fenômeno é conhecido como "Huachicol".
Nas últimas duas semanas, o governo fechou vários oleodutos para impedir esses roubos. Mas essa estratégia provocou escassez de combustível em uma dezena de estados do país, incluindo a capital, onde os motoristas passaram a fazer longas filas nos postos de gasolina.
O banco mexicano Citibanamex estimou os custos dessa escassez para a economia mexicana em cerca de US$ 2 bilhões, "se as condições voltarem ao normal nos próximos dias".
Em torno desta prática ilegal desenvolveu-se uma cultura local com canções populares e figuras religiosas carregando uma lata e uma mangueira de plástico para aspirar o combustível. Em algumas áreas, os postos de gasolina distribuem o produto roubado.
O presidente mexicano pediu aos mexicanos que sejam pacientes com essa situação caótica. Com esse novo incêndio em Tlahuelilpan, várias pessoas culparam a escassez de gasolina pela tragédia.
Segundo as autoridades, os criminosos contam com a cumplicidade de funcionários da Pemex. Lopez Obrador disse na semana passada que o ex-chefe de segurança da empresa estava atualmente sob investigação por roubo de combustível.