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Maceió
11/12/2018 13:00:00

203 anos de Maceió: arquiteta e prefeito falam sobre a cidade e apontam seus principais desafios


203 anos de Maceió: arquiteta e prefeito falam sobre a cidade e apontam seus principais desafios
Orla em Maceió

Maceió completou 203 anos na última quarta-feira (5) e a população não tem muito que comemorar, em virtude de diversos problemas enfrentados. Desde a década de 60, o desenvolvimento urbano ocorre de modo desenfreado e a cidade apresenta desafios como a falta de mobilidade urbana, conjuntos habitacionais isolados e setores muito saturados ou construídos sem planejamento. 
 
Para falar sobre o crescimento da cidade, o Cada Minuto conversou com a arquiteta e urbanista, presidente do Instituto de Arquitetura do Brasil - Departamento Alagoas (IAB-AL), Isadora Padilha, e com o atual prefeito Rui Palmeira, que apontaram os principais problemas da capital e o avanço que a região já alcançou em algumas áreas específicas.

De acordo com Rui, que afirmou estar ciente de todas as dificuldades de Maceió, a cidade tem potencial para crescimento e já teve avanços em determinados aspectos.

Para a arquiteta, é necessário reconhecer que os problemas principais vêm desde o surgimento dos primeiros bairros. “O crescimento sempre se deu num ambiente frágil e acabou sendo predatório, em grande parte, ao meio ambiente. Também se deu empurrando a população mais pobre para áreas que ficaram mais desassistidas, como a orla lagunar e as grotas, e de forma espalhada. Tudo isso acabou dificultando a mobilidade da cidade”, explicou. 

Problemas como a falta de uma boa estrutura de transporte público e baixo índice de arborização também foram citados por Isadora. “A estrutura não acompanhou a ocupação, então temos uma urbanização incompleta, com uma cidade com taxa de saneamento baixíssima e incompatível com Maceió, como filha das águas. Falta uma boa estrutura de transporte publico de massa, que atinja todos os locais da capital, e nossa estrutura para transporte cicloviário e para pedestres é quase inexistente", apontou.

“O índice de arborização é baixíssimo, inclusive abaixo do que recomenda a Organização Mundial de Saúde (OMS), e, embora se construa mais conjuntos, cada vez mais longe, Maceió não possui Plano de Habitação de Interesse Social e o Plano Diretor está com a revisão atrasada há anos”, disse ela.

Ainda segundo a arquiteta, o crescimento de conjuntos habitacionais, em bairros distantes como Benedito Bentes, Cidade Universitária e Tabuleiro dos Martins, aumenta as periferias, espalha a cidade e piora a mobilidade urbana porque aumenta os deslocamentos das pessoas, além de ocupar e desmatar áreas ambientais frágeis.

Sobre o ponto, Rui criticou o programa "Minha Casa, Minha Vida" e defendeu a ocupação das áreas vazias da própria cidade, com o Centro e Jaraguá. 

"Na nossa opinião, o programa deveria mudar esse aspecto de locação e, ao invés de construir em áreas remotas, começar a ocupar regiões vazias na própria cidade, como Prado, Jaraguá e Poço. Acho que o próximo governo federal deveria intervir e colocar as pessoas nos vazios imensos do próprio Centro da cidade"

"Nossa gestão tem estimulado a arborização, mas sabemos que ainda não é o suficiente. Temos projetos sociais para plantio, construção de novos parques e revitalizar os espaços que já existem. Maceió é carente de áreas verdes e temos pensado nesse ponto desde o início da gestão. Um avanço foi a construção do Parque do Horto, localizado na parte alta e sempre cheio" disse Rui.

Sobre o transporte público, o prefeito relatou uma grande limitação devido a própria cidade e seu espaço disponível.

 "Sabemos que em algumas áreas as pessoas só tem acesso aos ônibus, por isso nossa limitação. O VLT não alcança e nem tem como alcançar todos os bairros, por exemplo. Então o que podemos fazer é pressionar as empresas de ônibus para atender cada vez mais pessoas. Esse também é um dos motivos pelo qual defendemos a ocupação das áreas centrais da cidade, para facilitar o deslocamento das pessoas" defendeu Rui.

A arquiteta Isadora também falou que é necessário concluir o e implementar os Planos e atuar com mais transparência. “É preciso envolver os diversos setores da sociedade, empoderando as comunidades, inclusive na estruturação dos lugares, de forma inclusiva às minorias. Também e preciso investir mais numa cidade mais compacta, potencializando e qualificando a estrutura já existente. E também desburocratizar a gestão”, afirmou.

Ela também contou que há uma dívida com a história e patrimônio. “Não temos uma gestão pública comprometida e eficiente quanto à preservação do patrimônio cultural, inclusive da arquitetura construída. Basta olhar os vários processos de degradação em que a prefeitura está como ré e a situação de abandono e deterioração dos sítios e unidades históricas”. 

Sobre o aspecto, Rui falou sobre um novo trabalho de turismo que visa a valorização do Jaraguá e da região lagunar. Ele também apontou os prédios, monumentos e museus da cidade e ressaltou o trabalho da Secretaria de Turismo para explorar essas áreas. Ele também apontou a criação de novos parques na parte alta da capital.

Para Isadora, é preciso que haja investimento na recuperação de lugares simbólicos na cidade e também a garantia de uma transformação socioespacial. “A lagoa, que ajudou a dar nome ao estado, tem um potencial gigantesco de transformação e desenvolvimento, se recuperada, em termos ambientais e de infraestrutura. Da mesma forma, o eixo do riacho Reginaldo-Salgadinho (antigo riacho Massayo, que deu nome a cidade), que pode auxiliar na mobilidade e dar origem a um espaço ambientalmente recuperado que sirva para a fruição de moradores e turistas”, finalizou ela.

Cada Minuto



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