20/04/2024 05:32:30

Economia
25/11/2018 08:04:00

Paulo Guedes define empresas por onde começará as privatizações


Paulo Guedes define empresas por onde começará as privatizações
Ilustração

A equipe econômica do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), vai reduzir as estatais federais, que hoje somam 138. O futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, quer privatizar o maior número possível de empresas, principalmente as deficitárias, que exigem aportes do Tesouro Nacional. Atualmente, 18 companhias dependem de repasses e consomem R$ 15 bilhões por ano. Para especialistas, a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), Valec e Empresa de Planejamento e Logística (EPL) estão no topo da lista para serem vendidas ou extintas. Mas as privatizações devem ir muito além e incluir Serpro, Dataprev e Telebras.

Na equipe de transição, alguns defendem que o processo deveria começar com a Eletrobras, pois a venda já está prevista no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (Ploa) de 2019. A expectativa é de uma receita de R$ 12,2 bilhões para a União. A desestatização das distribuidoras da companhia mais deficitária, a Amazônia Energia, tem leilão programado para o próximo dia 27.
 
A composição da nova equipe econômica, que agrada ao mercado por ser considerada bastante liberal, mostra que os cortes serão inevitáveis nas estatais. Os futuros presidentes do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, Rubem Novaes e Pedro Guimarães, respectivamente, são considerados por analistas favoráveis às privatizações e devem atuar para a redução de estruturas. O novo presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, também deve reduzir o número de subsidiárias da companhia, dando continuidade ao processo de desinvestimentos e foco na atividade principal da estatal: a exploração e a produção de petróleo.
 
“A greve dos caminhoneiros mostrou como é danoso para a economia e a sociedade brasileiras o monopólio no refino do petróleo. A venda das refinarias é uma medida que precisará ser considerada pelo novo governo, e, certamente, atrairá muitos investidores estrangeiros”, apostou a economista Elena Landau, responsável pelo programa de desestatização do governo Fernando Henrique Cardoso (FHC) e referência nessa área.
 
Secretaria
Durante a campanha eleitoral, Guedes estimou que o governo arrecadaria R$ 1 trilhão com a venda de todas as estatais, mas o número é considerado inflado por especialistas. O futuro ministro, contudo, não tem mais usado esse dado e adiantou que pretende criar uma Secretaria de Privatizações, ligada à pasta.
 
O economista Wilson Poit é cotado para assumir a secretaria. Atualmente, ele chefia a secretaria de desestatização da Prefeitura de São Paulo e declara que “privatização é um caminho sem volta”. Já a atual Secretaria Especial do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), que cuida de concessões e Parcerias Público-Privadas (PPPs), continuará vinculada à Secretaria-Geral da Presidência da República, que será comandada pelo advogado Gustavo Bebianno. Essa separação, na avaliação de Elena Landau, é muito importante e vai dar mais credibilidade ao novo governo. “A lógica da concessão é diferente da privatização. Não podem ficar juntos”, explicou.
 
De acordo com Elena, nem todas as estatais poderão ser vendidas em ritmo acelerado. Os maiores grupos, Petrobras, Banco do Brasil, Eletrobras e Caixa, têm um impedimento legal, o que demandará prazo mais longo para a venda de qualquer subsidiária. “A lei exige um estudo para a privatização para começar a pensar no assunto e o projeto e o modelo precisam do aval do Congresso”, explicou.
 
Para ela, as empresas que têm monopólio constitucional, como a produção de urânio (caso da Nuclep e da INB), ou que cumprem função pública, mas são dependentes do Tesouro, como a Embrapa e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), não devem ser privatizadas. Os Correios, com operação deficitária, possuem o monopólio das cartas e um passivo trabalhista que afugentam investidores.
 
A Infraero deveria ter sido privatizada durante a concessão dos aeroportos mais rentáveis, pois, agora, já não é tão atraente e está cada vez mais dependente da União. “Nas hipóteses mais otimistas, a receita com as privatizações pode variar entre R$ 250 bilhões e R$ 500 bilhões”, estimou. “O mais importante da privatização ou a extinção é que a União não terá mais o custo do prejuízo”, completou.
 
Retomada
O economista-chefe do banco Votorantim, Roberto Padovani, acredita que o novo governo deverá retomar o programa de privatização, de forma gradual, mas contínua. “O foco deve ser fazer concessões em infraestrutura. Há alguns ativos interessantes, como os da Petrobras, e há espaço para privatizar estatais regionais, mas isso não significará um ganho muito grande em receita”, afirmou. Para ele, o “número mágico” de R$ 1 trilhão fazia parte da campanha eleitoral, mas o fato de não ser concretizado não é importante. “O ritmo é menos importante no momento”, avaliou.
 
Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos, considerou que a Eletrobras precisa ser vendida o mais rápido possível, porque perdeu a capacidade de investir e depende do Tesouro. “Além disso, a estatal ainda responde por 30% a 35% da oferta de energia do país e precisa de investimentos pesados para ser mais eficiente”, alertou.
 
Especialistas lembram que a Telebras, extinta durante o governo FHC e ressuscitada por Dilma, dificilmente será atraente se não for remodelada. Dados do Ministério do Planejamento apontam que o número de funcionários nas estatais federais voltou a crescer no segundo trimestre de 2018. Apesar dos programas de demissão voluntária (PDVs) em curso, subiu de 504,9 mil para 505,1 mil.


Enquete
Na Eleição de outubro, você votaria nos candidatos da situação ou da oposição?
Total de votos: 33
Notícias Agora
Google News